Ilustração: Recorte jornal O Sul-Mineiro Esportivo, de Varginha (MG) - Edição 25/07/1941
Em 1941, o Águas Virtuosas Futebol Clube participou de um torneio regional, promovido pela Liga de Futebol de Varginha (LFV), em disputa da Taça Guaraína.
Tratava-se de um torneio renomado, disputado pelas mais importantes cidades da região Sul-mineira, que se dividia em duas zonas: Sapucaí e Rio Verde. Confira:
Infelizmente, não temos registros de todo o torneio, somente de seu início e das primeiras partidas do Águas Virtuosas e do Olímpica de Lavras, que perderam os pontos ganhos em campo por decisão da Liga de Futebol de Varginha.
Mesmo assim, vamos à história, que contaremos em duas etapas.
Guaraína, patrocinadora do evento
Guaraína, produto do laboratório Raul Leite, que patrocinou a Taça Guaraína, em 1941
Regulamento do torneio e diploma de inscrição do Águas Virtuosas
Atletas do Águas Virtuosas inscritos no torneio
Preparativos de um jogo do Águas Virtuosas, em Lambari - Taça Guaraína 1941. A camisa do Águas era branca com listras vermelhas na vertical.
O Águas vence, mas perde os pontos
O Águas venceu sua primeira partida, disputada em Lambari, em 27 de julho de 1941, contra a agremiação da AVEA (Associação Varginhense de Esportes Athleticos), de Varginha, por 3 a 1. Mas a Liga de Futebol de Varginha (LFV) cassou-lhe os pontos, em face da suspeita levantada pela AVEA de que o Águas Virtuosas escalara alguns atletas que "residiriam em Cambuquira e não em Lambari". Argumentava a AVEA que as normas desportivas do torneio exigiam que os atletas residissem na cidade do clube.
Assim, a LFV cassou os dois pontos do Águas Virtuosas, dando-os ao AVEA, não obstante a petição desse clube fosse no sentido da realização de uma nova partida.
Essa história vamos contar na 2a. parte deste post. Aguardem.
(*) Caro(a) visitante,
Nosso objetivo é compartilhar informações, histórias e fotos de nossa cidade, com vista à preservação de sua memória. Assim, se você tiver notícias, informações, fotos das pessoas ou famílias aqui mencionadas, ou quiser fazer alguma correção ou complementação ao texto aqui publicado, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
Dois registros de nossos antigos carnavais:
Veja a seguir:
Carnaval de 1948
O Globo, de 4/02/1948, noticiava que as estâncias do Sul de Minas estavam superlotadas no Carnaval daquele ano
Carnaval de 1962
O Globo, de 17/02/1962
Nenê Nascimento, em evento na Boite Imperial. Atrás: Vadinho Biaso, Marluce Krauss, José Capistrano, Virgilinho Ribeiro e Sílvio Barros
Sambistas, Boite Imperial, anos 1960
Orquestra Casino de Sevilla
A orquestra Casino de Sevilla está em atividade até hoje. Confira este vídeo do Youtube: (aqui)
Referências: Jornal O Globo, edições de 4/02/1948 e 17/02/1962
Abaixo, uma pequena história em fotos de jogadores que atuaram pelo Águas Virtuosas vindos de times juvenis, alguns do próprio Águas e outros de times de Lambari ou da região sul-mineira.
Confira.
Time do Verde, anos 1960: Walmando, Betinho e Celso Raimundi. Os dois primeiros jogaram no time profissional do Águas, dos anos 1960
Peladeiros na antigo campo da GRABI. Da foto, Rubinho e Edson (quarto e quinto, em pé, da direita para a esquerda) e Toninho e Nego (quarto e quinto, agachados, da direita para a esquerda) passaram pelo time do Águas.
Egberto (Véio), da direita para esquerda, segundo agachado, no time juvenil do Flamengo de Varginha, anos 1960. O terceiro em pé, ao lado do goleiro, é Paulo Favaro.
Juvenil do Águas, 1968. Guima, Vaca e Celinho (em pé) e Xepinha, Roberto, Pedro Guela e Rubens Nélson jogaram no time do Águas nos anos 1970.
Time de Olímpio Noronha, anos 1960: ainda jovens, Tatá (último em pé à direita) e Chiquinho e Serginho Barletta (segundo e quarto, agachados, da esquerda para direita) atuaram pelo Águas nos anos 1970.
Time do Ginásio de Lambari, anos 1960. Joel (goleiro) atuou pelo Águas nos anos 1970.
Time do Ginásio de Lambari, anos 1960. Bodinho, Aluísio Becão e Fausto (terceiro, quinto e oitavo, em pé, da esquerda para a direita) e Nego e Edson (segundo e quinto, agachados, da direita para a esquerda).
Mirim do Águas, anos 1960. Celinho e Décio (quarto e quinto, em pé, da direita para esquerda) e Xepinha, Rubens Nélson e Roberto (terceiro, quarto e quinto, agachados, da direita para a esquerda) jogaram no Águas dos anos 1970
Site Prefeitura Municipal de Olímpio Noronha
Ilustração: Pelotão de Saúde do Grupo João Bráulio, em 1942
Neste post, trazemos notícia de um artigo acadêmico elaborado por Lúcio de Franciscis dos Reis Piedade Filho acerca de um interessante fato histórico envolvendo o nosso Grupo João Bráulio: a criação de um Pelotão de Saúde, denominado Oswaldo Cruz, formado no âmbito de um cruzada higienista proposta pelo Governo Vargas, nos anos 1940.
Abaixo vai um pequeno resumo do trabalho, intitulado Asseados e Valorosos: O Pelotão de Saúde Oswaldo Cruz e sua Cruzada Higienista, cujo texto integral pode ser examinado (aqui)
O Pelotão de Saúde Oswaldo Cruz
Fonte: Autor e trabalho citados acima
Terezinha Brigagão, à época em que foi Coordenadora do Pelotão de Saúde
Mafalda Maria Teodoro, ex-aluna e ex-professora do Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, estudou na escola em fins da década de 1950 e recordou-se do Pelotão de Saúde. Segundo ela, para participar da organização era escolhido um grupo de crianças da quarta série. Esses alunos, então, ficavam encarregados de guardar a caixa de remédios do Pelotão, que era branca com uma cruz vermelha. No recipiente havia iodo, mertiolato, água oxigenada, entre outros medicamentos que eram usados caso alguma criança se machucasse. O Pelotão era sempre orientado por uma professora, que recebia instrução para tal fim. Mafalda Maria Teodoro compartilha com muitos outros lambarienses a memória de educadoras que faziam parte do quadro de funcionários da instituição no ano de 1957, como Alzira Pinto, Francisca Chagas, Sílvia Grandinetti, Maria de Lourdes Lisboa, Maria José Gama e Terezinha Machado Brigagão, muitas delas coordenadoras do Pelotão de Saúde.
Entrevista com Mafalda Maria Teodoro, concedida a Lúcio De Franciscis dos Reis Piedade Filho em 2009.
PIEDADE FILHO, Lúcio de Franciscis dos. Asseados e Valorosos: O Pelotão de Saúde Oswaldo Cruz e sua Cruzada Higienista [Artigo]. Temporalidades – Revista Discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG, vol. 1, n.º 2, ago./dez. 2009.
Ilustração: Blueprint do projeto de um viveiro, que seria construído na Parque das Águas, ao tempo de Américo Werneck (aqui)
As nossas estâncias hidrominerais estão apenas nascendo, e o Governo de Minas pode orgulhar-se de sua obra nesses últimos três anos. Não fez um trabalho de séculos, é bem verdade, mas fez o principal: atacou vigorosamente o problema, e, corrigindo os problemas do passado, traçou em suas grandes linhas o plano de melhoramentos, que há de tornar Lambary uma das mais belas estâncias sanitárias do mundo.
AMÉRICO WERNECK. Discurso de inauguração das obras fundadoras de Lambary, 1911 (aqui)
Lambari já teve... Já teve isso, já teve aquilo... Isso não vingou, aquiloutro se acabou...
Entre desalentadas e saudosas, gerações de lambarienses ouviram — e ouvem — frases como essas.
Tudo muda, e a mudança é a única constante do Universo, como sabemos, mas parece que trazemos n'alma a tristeza abissal de termos sido embalados para nos tornarmos "a nova Vichy" e vimos, ao longo das décadas, o sonho se esvaziar mais e mais...
De fato, dos projetos de Werneck para a nova Vichy, ou Carlsbad, ou Aix-les-Bains, passando pela extinção do jogo nos anos 1940 e o esvaziamento progressivo das estações de água mineral, nossa Lambari parece ter perdido seus encantos. Ganhou outros, é verdade, mas certamente menores, e os que perdemos parecem irreparáveis...
Não se esqueça também o impacto do desenvolvimento econômico e social, que traz coisas novas e leva as velhas, como é natural.
Turistas encontraram outras fontes de lazer e de cura, de diversão e de jogos, e as estâncias climáticas, as estações de água, perderam seus encantos, seus atrativos se esfumaram, e elas ficaram meio "fora de moda" e não souberam desenvolver outras vocações turísticas e de lazer (v. o item 3, abaixo).
Poucos hotéis resistiram a mudança tão drástica (v. a Série Hotéis de Aguinhas, aqui). Surgiu, é fato, um tipo diferente de comércio, uma nova indústria dedicada ao ramo de laticínios brotou do know-how e da expertise das Indústrias ABI (v. a Série ABI, aqui), e a área rural se desenvolveu, tornando as atividades agro-pastoris, especialmente o café, grande fonte de rendas do município.
De outra parte, com o crescimento da população e as mudanças urbanísticas, a periferia se distendeu, zonas rurais limítrofes se integraram à zona urbana, novos loteamentos rebentaram por todo o canto, o centro urbano se remodelou, famílias tradicionais se desfizeram de antigas casas com quintal, prédios de apartamento surgiram, as lojas se multiplicaram.
Nesta Série AGUINHAS JÁ TEVE vamos recordar com saudade um pouco dessa história, esperando que ela nos ensine a sonhar novos sonhos e a desenvolver novos projetos, pois se há, como é natural, coisas que não voltam, nossa Terra é dotada de muitos recursos que podem ser (re)aproveitados, (re)manejados, (re)inventados. É preciso apenas vontade política — que não vem somente dos políticos, mas principalmente de uma comunidade esclarecida e atuante —, do empreendedorismo, das parcerias, da criatividade e do trabalho, muito trabalho.
Vamos em frente.
Fábrica de Gelo, que ficava no recinto do Parque das Águas (onde hoje funciona o Centro Comercial do Parque, próximo do Hotel Rezende)
Fábrica de Garrafas, que localizava-se na Volta do Lago, depois da ponte, onde funciona hoje a Escola Estadual João Nunes Ferreira
Guarda-mirim de Lambari, anos 1960/70
Águas dos anos 1930
Águas dos anos 1940
Águas dos anos 1950
Águas dos anos 1960
Águas dos anos 1970
Águas dos anos 1980
Águas dos anos 1990
Um diagnóstico velho, mas ainda preciso em alguns pontos
No livro Planejamento Estratégico, de Mauro Calixta Tavares (1), há breve diagnóstico sobre a situação das estâncias hidrominerais mineiras, feito em 1991. Conquanto um pouco defasado, alguns pontos desse diagnóstico são ainda válidos. Confira:
(1) MAURO CALIXTA TAVARES é sociólogo formado pela UFMG, com especialização em Administração pela Fundação João Pinheiro. Professor dessas duas citadas instituições, e também do Instituto de Educação de Minas Gerais, da UNA e do Instituto Cultural Newton Paiva, todos de Belo Horizonte. Realizou trabalhos para a Secretaria de Estado da Educação, para a Hidrominas, o Bemge e a Caixa Econômica Federal.
É autor do livro Planejamento Estratégico - a opção entre sucesso e fracasso empresarial, São Paulo, Harbra, 1991.