Ilustração: Blueprint do projeto de um viveiro, que seria construído na Parque das Águas, ao tempo de Américo Werneck (aqui)
As nossas estâncias hidrominerais estão apenas nascendo, e o Governo de Minas pode orgulhar-se de sua obra nesses últimos três anos. Não fez um trabalho de séculos, é bem verdade, mas fez o principal: atacou vigorosamente o problema, e, corrigindo os problemas do passado, traçou em suas grandes linhas o plano de melhoramentos, que há de tornar Lambary uma das mais belas estâncias sanitárias do mundo.
AMÉRICO WERNECK. Discurso de inauguração das obras fundadoras de Lambary, 1911 (aqui)
Lambari já teve... Já teve isso, já teve aquilo... Isso não vingou, aquiloutro se acabou...
Entre desalentadas e saudosas, gerações de lambarienses ouviram — e ouvem — frases como essas.
Tudo muda, e a mudança é a única constante do Universo, como sabemos, mas parece que trazemos n'alma a tristeza abissal de termos sido embalados para nos tornarmos "a nova Vichy" e vimos, ao longo das décadas, o sonho se esvaziar mais e mais...
De fato, dos projetos de Werneck para a nova Vichy, ou Carlsbad, ou Aix-les-Bains, passando pela extinção do jogo nos anos 1940 e o esvaziamento progressivo das estações de água mineral, nossa Lambari parece ter perdido seus encantos. Ganhou outros, é verdade, mas certamente menores, e os que perdemos parecem irreparáveis...
Não se esqueça também o impacto do desenvolvimento econômico e social, que traz coisas novas e leva as velhas, como é natural.
Turistas encontraram outras fontes de lazer e de cura, de diversão e de jogos, e as estâncias climáticas, as estações de água, perderam seus encantos, seus atrativos se esfumaram, e elas ficaram meio "fora de moda" e não souberam desenvolver outras vocações turísticas e de lazer (v. o item 3, abaixo).
Poucos hotéis resistiram a mudança tão drástica (v. a Série Hotéis de Aguinhas, aqui). Surgiu, é fato, um tipo diferente de comércio, uma nova indústria dedicada ao ramo de laticínios brotou do know-how e da expertise das Indústrias ABI (v. a Série ABI, aqui), e a área rural se desenvolveu, tornando as atividades agro-pastoris, especialmente o café, grande fonte de rendas do município.
De outra parte, com o crescimento da população e as mudanças urbanísticas, a periferia se distendeu, zonas rurais limítrofes se integraram à zona urbana, novos loteamentos rebentaram por todo o canto, o centro urbano se remodelou, famílias tradicionais se desfizeram de antigas casas com quintal, prédios de apartamento surgiram, as lojas se multiplicaram.
Nesta Série AGUINHAS JÁ TEVE vamos recordar com saudade um pouco dessa história, esperando que ela nos ensine a sonhar novos sonhos e a desenvolver novos projetos, pois se há, como é natural, coisas que não voltam, nossa Terra é dotada de muitos recursos que podem ser (re)aproveitados, (re)manejados, (re)inventados. É preciso apenas vontade política — que não vem somente dos políticos, mas principalmente de uma comunidade esclarecida e atuante —, do empreendedorismo, das parcerias, da criatividade e do trabalho, muito trabalho.
Vamos em frente.
Fábrica de Gelo, que ficava no recinto do Parque das Águas (onde hoje funciona o Centro Comercial do Parque, próximo do Hotel Rezende)
Fábrica de Garrafas, que localizava-se na Volta do Lago, depois da ponte, onde funciona hoje a Escola Estadual João Nunes Ferreira
Guarda-mirim de Lambari, anos 1960/70
Águas dos anos 1930
Águas dos anos 1940
Águas dos anos 1950
Águas dos anos 1960
Águas dos anos 1970
Águas dos anos 1980
Águas dos anos 1990
Um diagnóstico velho, mas ainda preciso em alguns pontos
No livro Planejamento Estratégico, de Mauro Calixta Tavares (1), há breve diagnóstico sobre a situação das estâncias hidrominerais mineiras, feito em 1991. Conquanto um pouco defasado, alguns pontos desse diagnóstico são ainda válidos. Confira:
(1) MAURO CALIXTA TAVARES é sociólogo formado pela UFMG, com especialização em Administração pela Fundação João Pinheiro. Professor dessas duas citadas instituições, e também do Instituto de Educação de Minas Gerais, da UNA e do Instituto Cultural Newton Paiva, todos de Belo Horizonte. Realizou trabalhos para a Secretaria de Estado da Educação, para a Hidrominas, o Bemge e a Caixa Econômica Federal.
É autor do livro Planejamento Estratégico - a opção entre sucesso e fracasso empresarial, São Paulo, Harbra, 1991.
Ilustração: Desenho de LOR, na capa do livro Pescados no rio da memória, do Dr. José Benedito Rodrigues, que retrata o autor no seu passatempo favorito: pescador de peixes e memórias
O seu caminhar pela medicina, além de lhe mostrar o "saber ser médico", propiciou-lhe a amplicação do seu humanismo através do encontro com o outro, fornecendo-lhe os elementos necessários à construção do escritor.
ANTÔNIO A. F. COPPE, em texto na orelha do livro "Pescados no rio da memória"
Aqui no GUIMAGUINHAS, no post Bibliografia sobre Aguinhas e Índice da Série (aqui), listei diversos livros sobre a história de Águas Virtuosas do Lambary e de seus filhos, moradores e personagens. Entre eles, figuram 3 livros do Dr. José Benedito Rodrigues:
Tais livros podem ser encontrados nas bibliotecas públicas de Lambari e no Museu Américo Werneck.
As narrativas
Os livros de José Benedito Rodrigues — memórias e casos de sua longa vida dedicada à medicina — são compostos de boas e afetivas histórias, de casos da medicina da cidade, de episódios literários e sociais de Lambari e Jesuânia, e constituem um registro histórico importante para a memória dessas duas cidades.
Conformadas ao gênio simples e divertido do autor, as narrativas alcançam, de um lado, personagens familiares, colegas de profissão, amigos da sociedade, da política e do meio literário, e, de outro, pessoas simples do povo, clientes pobres que foram atendidos sem pagar consulta, figuras populares de Lambari e Jesuânia.
O retrato do velho médico
Aqui o autor narra casos de medicina extraídos de sua experiência de quase 60 anos de médico do interior, e bem assim de sua trajetória na escola de medicina, dos primeiros anos da prática médica, dos mestres e amigos de profissão e dos familiares e clientes significativos de sua trajetória.
Desenho que ilustra uma das histórias do livro, de autoria de LOR — Luiz Osvaldo Rodrigues — filho do autor
Casa Progresso
Neste outro livro, o autor (re)visita a cidade natal e o estabelecimento comercial do seu pai em Jesuânia — a Casa Progresso. Estão lá o dia do seu nascimento, as raízes da família, os episódios e personagens da infância, os colégios da meninice e da juventude. E também casos da atividade médica, dos colegas de profissão e amigos, e de pessoas simples e personagens pitorescos. E, claro, os causos das pescarias no Mato Grosso.
A Casa Progresso, em Jesuânia, que dá nome ao livro acima.
Pescados no rio da memória
Em seu último livro, ao lado dos casos familiares e profissionais, José Benedito reproduz escritos, poemas e desenhos produzidos por um "cesto de amigos", que lhe foram caros e permaneceram indeléveis na sua memória afetiva.
José Benedito abraça Dr. Antônio Ferreira, um dos seus muitos amigos retrados no livro acima
Veja também:
Sobre o dr. José Benedito Rodrigues, veja também estes posts:
Dedicatórias feitas a mim pelo Dr. José Benedito Rodrigues em 2 de seus livros
Referências: Mencionadas acima.
Ilustração: Quadra Branca Bessone, Lambari, MG (Google Maps)
Introdução
Em 1993, entre os eventos comemorativos do Dia da Cidade, foram realizadas diversas atividades esportivas, como: Futsal, Futebol de Campo, Atletismo, Natação, Vôlei. Ainda no mês de setembro daquele ano, no Futsal, aconteceu também o 1o. Campeonato de Bairros, Taça Marcílio Marques Botti, homenagem ao ex-prefeito de Lambari.
Organizado pela Prefeitura Municipal (José Arnaldo - chefe de esportes; e Wilson Leão - monitor de esportes), o evento se deu na Quadra de Esportes Branca Bessone, com a participação de várias equipes, entre elas: Sertãozinho, Alto da Boa Vista, Vila Brasil Gagarejo, Matadouro, ABB 17, Centro, Campinho, Vila Nova, Vila Brasil Colorado, Corredor, Silvestrini e Alto do Cemitério.
O resultado final foi este:
Fotos
Equipe Alto Boa Vista - Campeã do torneio. Na foto, entre outros: Dadá, Marco Antônio, Patinho, Zé Mauri
Equipe Vila Brasil - Vice-campeã
Equipe do Centro - 3o. lugar
Equipe do Matadouro - Sem nenhuma vitória, foi homenageada pelo espírito desportivo
Referencias
Ilustração: recorte da abertura do programa Globo Esporte (TV Globo), de 6/11/2015
O Campo Grande Atlético Clube (aqui), clube da Zona Oeste do Rio de Janeiro, está ligado ao futebol de nossa terra, tendo em vista a participação de dois lambarienses na história do clube.
Como no dia de hoje - 6 de novembro - O Globo Esporte trouxe uma reportagem especial sobre conquista da Taça de Prata de 1982, pelo Campo Grande, numa final contra o CSA, de Alagoas, vamos recordar um pouco dessas histórias.
O Campo Grande foi o primeiro clube carioca a ganhar o campeonato brasileiro da Série B, na época, intitulado à época de Taça de Prata. (Imagem: reprodução video Globo Esporte/TV Globo)
Os lambarienses no time do Campo Grande
João Luiz Fernandes
Como já publicamos aqui no GUIMAGUINHAS , João Luiz Fernandes
No início dos anos 1950, casou-se um "jovenzinha fluminense" (Dona Othonira) e retornou ao Rio de Janeiro, radicando-se na Zona Oeste (Campo Grande). (aqui) (aqui)
E por muitos anos participaram da vida social de Campo Grande, e, em 1982, João Luiz estava na Diretoria do clube campeão de 1982. Confira a foto:
João Crisóstomo de Souza Fernandes (Joãozinho)
E o nosso Joãozinho do Crisóstomo, ainda muito jovem, também jogou no Campo Grande, e participou (como reserva, tendo entrado em alguns jogos) da campanha vitoriosa de 1982.
Sobre sua carreira já fizemos uma série de posts aqui no site.
Veja os posts (aqui).
E na supracitada reportagem, aparece um vídeo, dos anos 1980, em que Joãozinho está participando de um treino. Veja este recorte do vídeo:
Joãozinho do Crisóstomo (de camisa vermelha), num treino do Campo Grande, anos 1980 (Imagem: reprodução video Globo Esporte/TV Globo)
Campo Grande - Campeão de 1982
Time Campeão de 1982 - João Fernandes está em pé, ao lado do goleiro reserva (camisa azul).
Hoje, dia 28 de outubro, comemora-se o dia de São Judas Tadeu (aqui).
Daí, vamos recordar como se deu a construção da igreja dedicada a ele, existente em Lambari (MG), no bairro Silvestrini.
Conta Paulo Roberto Viola que a criação do Bairro Silvestrini foi ideia de seu pai Paulo Grandinetti Viola, que, no início da década de 1960, convenceu o industrial Pedro Silvestrini a lotear a gleba de terras que possuía ao pé da Serra das Águas, para lá do Bairro do Campinho, a antiga Chácara de Dona Mariquinha do seu Afonso. [1]
E ainda segundo Paulo Roberto, também foi Paulo Viola quem "fez questão de reservar uma área específica para a construção de uma igreja de São Judas Tadeu, durante a década de 1970. Seria a primeira no Sul de Minas." [2]
Inicialmente, a ideia não agradou muito ao pároco José Ramos Leal, mas este, instado pelo Bispo Dom Otho Motta, acabou aceitando a ideia, tornando-se o chefe da comissão encarregada da construção da obra. E o próprio Bispo lançou a pedra fundamental, com homenagens, discursos e foguetório. [3]
Jornal O Globo - 14 e 16 de novembro de 1960
Lançada a pedra fundamental, ampliaram-se as campanhas de arrecadação de fundos.
Jornal O Globo - 17/09/1961
Entre os colaboradores das obras de construção da igreja de S. Judas Tadeu, destaca-se o Monsenhor Castelo Branco (Manuel d'Assunção Castelo Branco - 1893-1966), padre paraibano que se fixou no Rio de Janeiro, onde foi vigário em Inhaúma, Paquetá e Copacabana.
Ele incentivou a devoção a S. Judas Tadeu e o seu nome está ligado a Lambari através dessa devoção, pois estimulou e colaborou na construção da igreja no bairro Silvestrini, onde, aliás, existe uma rua que leva o seu nome.
Fonte: Ruas de Lambari. José Nicolau Mileo, p. 20/21
Um garrafão de 30 l como este foi utilizado para arrecadar donativos
Mas um fato curioso foi o garrafão esmoleiro arranjado com a finalidade de arrecadar donativos. Paulo Roberto conta que seu pai teve a ideia de procurar um seu primo — Pepo Viola —, que ficara paraplégico na juventude, e que todos os dias se distraía numa cadeira de balanço posta à porta da Casa Viola. Mesmo Pepo não sendo religioso, Paulo Viola lhe disse:
"Você vai me ajudar a colher donativos para a igrejinha de São Judas, lá no Bairro Silvestrini. Em seguida colocou um santinho de São Judas no seu bolso, deixando lá um garrafão para guardar os donativos. [4]
Casa Viola, onde, nos anos 1970, Pepo Viola tomava conta do garrafão esmoleiro
Paulo Grandinetti Viola, nascido em Lambari, no dia 27/03/1913.
Homenagem ao idealizador e grande incentivador da construção da Igreja de São Judas Tadeu
Fotos da Igreja de São Judas Tadeu
Fotos tiradas no dia 28 de outubro de 2015, Dia de São Judas Tadeu
Facebook da Igreja de S. Judas Tadeu
O facebook da instituição é este:
https://www.facebook.com/pages/Capela-São-Judas-Tadeu-silvestrini-Lambari-Mg/290872324435566
[1] VIOLA, Paulo Roberto. Lambari, como eu gosto de você! Rio de Janeiro : Navona, 2002, 2a. edição, p. 143 -[2] Idem, p. 148 - [3] Idem, p. 150 - [4] Idem, p. 151.