Ilustração: Recorte do baldaquino de mármore, em cuja parte superior posta-se a imagem da padroeira em meio a um mosaico, próprio da arte bizantina.
Conforme dissemos (aqui), a Coletânea ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY tem por objetivo disponibilizar em novos formatos os temas mais relevantes divulgados aqui no site GUIMAGUINHAS, costumeiramente classificados em Séries dispostas ao lado direito desta página eletrônica.
Assim, estamos lançando hoje, no formado e-book, o primeiro volume da série, denominado AS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI E A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA SAÚDE.
Mais informações sobre o conteúdo seguem abaixo.
A capa é a seguinte:
As Águas Virtuosas de Lambari e a devoção a Nossa Senhora da Saúde
(Vó Cema) abria então a janela, apontava o São Jorge coruscando na lua e falava das lutas dele contra o dragão. Ou me mostrava o céu formigando de estrelas, dizendo não conte estrelas, que dá verruga. Ou me exibia um velho quadro com o Arcanjo Gabriel lancetando o dragão e me contava a história, “que está na Bíblia”, ela dizia.
........................................
Sempre que podia e quando as coisas melhoraram, lá ia a vó Cema pra Aparecida do Norte, porque essa santa mais São Benedito eram os de devoção.
........................................
[Minha mãe] me fez frequentar catecismo, confessar, fazer primeira comunhão, levar flores para o Sagrado Coração e ajudar na enfeitação das ruas, por ocasião das procissões de Corpus Christi e, na Semana Santa, acompanhar a Procissão do Encontro e a do Senhor Morto. Na malhação do Judas, não fica perto do foguetório, cuidava de recomendar. No Natal, colhe lodo no jardim e me ajuda a montar o presépio em cima do etager, ela dizia. E, toda tarde, era só tocar a Ave-Maria no alto-falante da igreja de Nossa Senhora da Saúde e lá vinha: “faça-a-prece-pra-padroeira, meu filho, seis-horas”. (Só quem viveu no interior sabe, com dorida saudade, o encanto de uma Ave-Maria tocada numa igrejinha...)
(Do livro Menino-Serelepe – Memórias da infância deste autor)
Este livreto é um resumo da história da descoberta das Águas Santas, depois Águas Virtuosas, do outro lado da Serra da Campanha, donde surgiu o povoado de Águas Virtuosas da Campanha, depois paróquia de Águas Virtuosas de Lambari e atualmente a cidade de Lambari, na região Sul de Minas Gerais, e de sua padroeira Nossa Senhora da Saúde.
Sua finalidade é divulgar a história de nossa cidade, criada em torno dos mananciais das Águas Virtuosas, cujas propriedades medicamentosas e curativas estão cultural e religiosamente associadas à devoção a Nossa Senhora da Saúde – a Senhora das Águas.
Foi elaborado em razão da memória afetiva do autor, cujo ramo familiar materno possui antigos vínculos com a Igreja Católica, e composto com base nos livros de historiadores e memoralistas de Águas Virtuosas de Lambari, na bibliografia suplementar citada ao final e em informações disponibilizadas nos sites:
Lambari, MG, 15 de Agosto, 2017, Dia de N. S. Saúde
167 anos da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde
300 Anos da Aparição de Nossa Senhora (1717-2017)
O conteúdo do e-book, com 73 páginas, foi distribuído em 20 itens, deste modo:
Como baixar gratuitamente o e-book
O e-book AS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI E A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DA SAÚDE não tem objetivos comerciais, sendo livre sua circulação, sob as condições abaixo.
A seguir, vão informações sobre a finalidade do e-book, sua distribuição e impressão e o modo de baixar o arquivo PDF.
Confira:
Instruções para baixar o e-book
Para baixar o e-book, clique
e depois salve o arquivo em seu dispositivo (computador, notebook, IPad, etc.)
Baldaquino: 1 Espécie de dossel com cortinas, sustentado por colunas, usado para adornar andores, leitos e tronos. 2 LITURG Pequeno dossel do mesmo formato, colocado sobre o sacrário, para exposição solene do Santíssimo Sacramento.
Diocese: Circunscrição territorial sujeita à administração eclesiástica de bispo ou arcebispo
Ermida: Capela ou pequena igreja isolada do povoado. 2 POR EXT Pequena igreja; capela.
Fitomorfo: cuja estrutura é semelhante à das plantas. F. gr. Phyton (planta)+morphe (forma).
Freguesia: Povoação, sob o aspecto eclesiástico.
Forania: (ou Vigararia, Vicariato e Arciprestado) é uma entidade eclesiástica da Igreja, significando o agrupamento de paróquias, com finalidade administrativas, eclesiásticas e pastorais.
Matriz: Igreja (católica) principal de uma localidade, que tem jurisdição ou superioridade hierárquica relativamente a outras igrejas ou capelas.
Núncio: embaixador do Papa.
Outeiro: palavra ao sabor dos Séculos XVII e XVIII para significar pequena elevação em um terreno; morro; colina.
Padroado: Direito de conceder benefícios eclesiásticos. Conjunto de bulas por meio das quais a Santa Sé delegava aos monarcas católicos a administração e organização da Igreja Católica em seus domínios conquistados e por conquistar. Em contrapartida, o rei padroeiro, que arrecadava os dízimos eclesiásticos, deveria construir e prover as igrejas, com todo o necessário para o culto, nomear os párocos por concursos e propor nomes de bispos, sendo estes depois formalmente confirmados pelo Papa. [Wikipedia]
Paróquia: Divisão territorial de uma diocese sobre a qual tem jurisdição ordinária um sacerdote, o pároco.
Pároco: Sacerdote encarregado de uma paróquia; vigário.
Pároco colado: Pároco é o padre que responde por uma paróquia. Dizia-se encomendado quando era provisório, e colado quando, definitivo.
Povoação: Os habitantes de um determinado lugar ou região.
Povoado: Lugarejo ou pequeno lugar habitado; arraial
Sagração: 1. Caráter sagrado ou respeito religioso que se atribui a alguma coisa. 2. Ato pelo qual se consagra, em cerimônia, um rei, um bispo, um templo.
Tríduo: Celebração ou festa religiosa que se prolonga por três dias consecutivos.
Vila: Povoação de maior importância e graduação que a aldeia e menor que a cidade.
Evolução administrativa de Águas Virtuosas de Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=47810
A Matriz de Nossa Senhora da Saúde (Lambari, MG) – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38756
A construção da nova Matriz de N. Senhora da Saúde – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38765
A sagração do Templo de Nossa Senhora da Saúde – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38773
A Basílica de Aparecida do Norte e a Igreja de Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=39880
Pároco Antônio Lemos Barbosa – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38316
Padre Antônio Lemos Barbosa - Resumo biográfico – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=50466
As "águas santas" e o culto a Nossa Senhora da Saúde – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=50544
A gruta de Nossa Senhora da Saúde – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=51009
As versões de A Lenda das Águas Virtuosas – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=50766
Um filme épico com locações em Lambari – Disponível em: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=47728
Ilustração: Recorte da bandeira do município de Lambari, MG, idealizada pelo professor Raphael Pinotti, com a inscrição Hic sanitas — Aqui há cura
A bandeira e o brasão do município de Lambari, MG, uma iniciativa do Rotary Club de Lambari, foram idealizados pelo professor Raphael Victório Pinotti, e instituídos pela Lei Municipal nº 505, de 13 de março de 1975.
O Dr. Raphael Victório Pinotti foi rotariano, professor de Língua Inglesa e vice-diretor da Escola Estadual Maria Rita Lisboa Pereira Santoro, e era versado em Heráldica — a ciência dos brasões, que regula o uso e a combinação de cores e figuras.
Uma vez instituídos, bandeira e brasão não podem ser alterados, a não ser por outra lei, em que se obedeçam as convenções heráldicas.
O escudo e a bandeira originais
O escudo, a bandeira e a divisa originais são assim descritos:
Uso do brasão e da bandeira fora das normas
Infelizmente, aqui e ali figuram ou o brasão ou a bandeira fora das normas institucionais.
Confiram:
Os professores Raphael Pinotti e Marília Pinotti (Fone: Facebook/Marilia Pinetti)
Agradecemos à professora Marília Corrêa Neto Pinotti as informações e imagens utilizadas neste post.
Fundado em 1926, o clube foi reorganizado em 1o. maio de 1927, quando a diretoria anterior (Nicolau A. Navarro, presidente, e Renê Alves Ferreira, 1o. Secretário) foi substituída pelos diretores mencionados no item abaixo (A diretoria do Águas Virtuosas em 1927).
A história da fundação do Águas Virtuosas está aqui.
Abaixo vai um panorama das principais diretorias da história do clube.
Recorte do Estatuto do Águas Virtuosas de 1927, que trata da eleição da Diretoria
A diretoria do Águas Virtuosas em 1927
A diretoria do Águas Virtuosas, eleita em 1927, era composta dos seguintes membros:
Dr. João Lisboa, presidente do A.V.F.C.
José de Oliveira Leite (Juca Leite) - 1o. secretário do A.V.F.C. e dono da elegante ortografia da ata acima
Em 1942, foram eleitos os seguintes diretores:
Recorte comunicado interno do AVFC - 1942
Em 26 de julho de 1948, o AVFC comunica à Liga de Futebol Caxambuense a nova diretoria do Águas Virtuosas, que era a seguinte:
Em 1953, o Águas Virtuosas fez um excelente campeonato pela Liga de São Lourenço, vencendo o 2o. turno e classificando-se para a final, com o Esporte Clube São Lourenço (veja aqui).
Compunham a diretoria, então, Manoel Correia Alberto e Francisco de Castro Neto.
(1) Chico de Castro e Manoel Correia - (2) Reprodução: O ÁGUAS VIRTUOSAS, de 20, set, 1953
Em 1960, com essa mesma diretoria, o Águas Virtuosas conquistou o campeonato Sul Mineiro Amador da Liga de Varginha, história que já registramos aqui.
Em 1967, uma nova diretoria seria eleita, tendo em vista a profissionalização do clube, que resolvera disputar a divisão de acesso à 1a. Divisão do Futebol Mineiro.
Uma assembleia geral extraordinária foi marcada para o dia 18 de junho de 1967, tendo em pauta os seguintes temas:
Recorte ata do dia 18 de junho de 1967, com a pauta da assembleia extraordinária
Mas por falta de número legal de sócios proprietários na 1a. chamada a reunião foi encerrada, sem exame da pauta. Na segunda chamada, realizada horas depois, foi eleita, por aclamação, a seguinte diretoria:
Varley e Betinho. Ao centro, o prefeito Jairo Ferreira. Ao fundo: Damião
Além da diretoria eleita, estiveram presentes, ou foram representados por procuradores, os seguintes sócios proprietários:
Ata de 3 de dezembro de 1967: em discussão a filiação à Federação Mineira de Futebol — Em 1968, o AVFC iria disputar a divisão de acesso à 1a. Divisão do Futebol Mineiro
Em 1968 e 1969, o Águas Virtuosas disputou o torneio de acesso à primeira divisão. Em 1969, em Três Corações, jogando pelo empate, perdeu a vaga numa final histórica contra o Atlético Clube daquela cidade. Placar de 1 X 0, gol contra do extraordinário zagueiro Pulga, em um lance de infelicidade: uma bola cruzada, um cabeceio dentro da área e a bola bateu-lhe na nuca e entrou.
Em 1970, endividado e desmotivado, o Águas Virtuosas terminou com o futebol profissional e também com o amador. Nessa época surgiu o time do Vasquinho, que disputou o Campeonato Amador Sul Mineiro, promovido pela Liga de Varginha.
Em 1975, deu-se o ressurgimento do Águas Virtuosas para disputa do campeonato amador da Liga de Caxambu, e para isso, em 20 de março de 1975, uma nova diretoria foi eleita:
No dia 13 de janeiro de 1976, Jurandyr Pereira Mayer deixou a presidência do clube, assumindo o vice-presidente David Fonseca Reis.
Tendo Alemão como técnico, o Águas Virtuosas alcançou o 3o. lugar em 1975 e o vice-campeonato em 1977, da Liga de Caxambu.
A 20 de fevereiro de 1980, foi eleita a seguinte diretoria:
Trechos da ata feita por Hélio Ferreira Martins:
Participaram dessa reunião, as seguintes pessoas:
No dia 28 de abril de 1991, para o biênio 1991-92, foram eleitos os seguintes:
Recorte ata diretoria do Águas Virtuosas para o biênio 1992-93
Para o biênio 1992-93, foram eleitos os seguintes:
Em 1991, o Águas Virtuosas sagrou-se tetracampeão da Liga de São Lourenço, conforme já anotamos aqui.
Esta série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F.C. foi elaborada com base em livros, atas, correspondências e outros documentos existentes nos arquivos do clube.
Posts já publicados
Continuidade da Série
A série SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F. C. prosseguirá com outros títulos.
Em preparo: Sócios
Ilustração: Foto extraída do site do Supremo Tribunal Federal (STF)
Edmundo Lins, renomado jurista brasileiro e Ministro do Supremo Tribunal Federal (1917-1937), tem seu nome ligado a Águas Virtuosas de Lambari especialmente por sua participação na Questão Minas X Werneck, da qual já falamos aqui.
Edmundo Lins foi frequentador de nossa estância, que o homenageou dando seu nome à praça fronteira ao Cassino da cidade.
Abaixo um pouco dessa história.
Fonte: Ruas de Lambari, J. Nicolau Mileo, 1970
Em 1935, publicou Estudos jurídicos, trabalho que lhe valeu a medalha Teixeira de Freitas do Instituto da Ordem dos Advogados do Brasil. Além dessa obra, escreveu Miscelânea, publicada por seus filhos em 1938, e Reminiscências literárias, publicada em 1941, reunindo artigos que escrevera para o Jornal do Comércio.
Na página do Supremo Tribunal Federal há um resumo biográfico de Edmundo Lins (aqui)
Edmundo Lins e a Questão Minas X Werneck
Por ter votado contra o Estado na Questão Minas X Werneck, Edmundo Lins ganhou a inimizade de Teodomiro Santiago, cunhado de Wenceslau Braz, então Presidente da República. Em razão disso, foi preterido em três oportunidades no preenchimento de vaga para Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Confira:
Edmundo Lins como Ministro do STF
Em 1915 foi convidado pelo governo de Minas Gerais para arbitrar a questão Minas Gerais X Werneck, relativa às águas de Lambari. Concluindo que o estado não tinha razão, Edmundo Lins proferiu contra ele sua sentença. Devido a essa decisão, seu nome foi deixado de lado, embora sempre indicado, no preenchimento de três vagas sucessivas no Supremo Tribunal Federal durante o governo do mineiro Venceslau Brás (1914-1918). Em 1916, foi eleito diretor da Faculdade de Direito de Minas Gerais, onde era catedrático. Durante os anos em que lecionou na faculdade, publicou diversos trabalhos na Revista da Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais e na Revista Forense. Ao se abrir uma quarta vaga no STF, em 1917, diversas entidades representativas de advogados de Minas Gerais mobilizaram-se em favor de sua nomeação e, afinal, em agosto de 1917, Edmundo Lins foi nomeado ministro do STF, tomando posse no mês seguinte. (Fonte: CPDOC - Fundação Getúlio Vargas).
Interessante destacar a referência abaixo, feita por Heitor de Souza —advogado do Estado, no Juízo Arbitral, do que se tornaria a Questão Minas x Werneck— referindo-se ao profundo conhecimento dos Direitos Civil e Romano de Edmundo Lins:
Fonte: SOUZA, Heitor de. Arrendamento da estância hydro-mineral de Lambary. Belo Horizonte : Imprensa Oficial, 1915, p. 257
O centenário de nascimento de Edmundo Lins
Homenagem em Lambari, MG
Reprodução: Correio da Manhã, 7/fev/1964
Homenagem do jurista Arnold Wald
Reprodução: Correio da Manhã, 29/dez/1963
Fonte: Ruas de Lambari, J. Nicolau Mileo, 1970
Fonte: GoogleMaps
Edmundo Lins passou ao seu filho Ivan Lins, médico, jornalista, professor, pensador, ensaísta e conferencista, o amor pela estância de Águas Virtuosas.
Frequentador assíduo de Lambari e amigo de nosso povo, sobre Ivan Linse falaremos em post futuro. (Veja aqui meu encontro com o Dr. Ivan Lins.)
Ivan Lins escreveu este livro em homenagem a seu pai:
Livraria São José, Rio de Janeiro, 2a. edição, 1967
O acadêmico Ivan Lins (Fonte: site da ABL)
Ilustração: O Colégio Santa Terezinha, então chamado Ginásio de Lambari
Dentro da série AGUINHAS JÁ TEVE (aqui), já postamos a história de uma das mais tradicionais casas comerciais de Lambari: O Bar do Juca, inaugurado nos anos 1930 e mantido, por décadas, pela família Nascimento, na região central de nossa cidade. (aqui).
Pois bem, hoje vamos falar do Colégio (ou Instituto) Santa Terezinha, ou Coleginho, como ficou popularmente conhecido.
Vamos lá.
Há poucos registros e fotos do Instituto Santa Terezinha; assim, vamos utilizar o material que conseguimos encontrar.
No livro Menino-Serelepe* eu fiz este pequeno resumo sobre o Coleginho:
O Santa Terezinha, chamado de Coleginho, (...) foi famoso e tradicional no passado, aqui pelas bandas do Sul de Minas. Funcionou como internato durante muitos anos pra moças e rapazes. Mas na minha época [anos 1960] isso já havia acabado e ele já não era nem sombra do que fora. Quando deixou de operar, suas instalações tornaram à Prefeitura de Aguinhas, que lá funcionou por uns tempos até um terrível incêndio destruir completamente a antiga edificação e grande parte do acervo da administração municipal.
Não sabemos quando ele foi inaugurado, mas nos anos 1930, ali já funcionava um Ginásio, dirigido pelo Pe. Sebastião Atella, que foi pároco em Lambari no período de 1930 a 1935.
Reprodução: Revista O Cruzeiro - 17, out, 1931 (Fonte:bn.digital)
Pe. Sebastião Atella, pároco de Águas Virtuosas de Lambary (1930-1950), à frente da antiga Igreja Matriz, comandando uma procissão de N. S. da Saúde
Por essa épóca, o Pe. Atella dirigia o Instituto de Ensino, a Escola Normal e a Escola Technica de Artes e Ofícios de Lambari (Foto: reprodução. Fonte: Revista Vida Doméstica, ago/1934 - bn.digital)
Nos anos 1950, início dos anos 1960, o colégio esteve sob a direção da professora Maria José Bibiano, irmã do conhecido Padre Toíco (Antônio Bibiano de Siqueira). Por essa época, havia alunos internos e externos. Muitos desses últimos costumavam chegar de trem, e desciam na Parada Melo, pertinho das dependências do colégio.
O uniforme dos meninos era composto de bermuda (ou calça) e camisa cáqui; o das meninas, saias azuis e meias e camisas brancas.
Veja esta foto:
Alunas internas do Colégio Santa Terezinha a caminho da escola (Fonte: Revista Fon Fon n. 2432, de 1954 - bn.digital)
À história do Coleginho está sempre associada a figura de Dona Guilhermina Carvalho, severa e inesquecível auxiliar de disciplina. Confira este post aqui
Dona Guilhermina , organizando os alunos do Coleginho, num desfile de Sete de Setembro.
O Coleginho ficava na Rua Comendador José Breves, na entrada da Volta do Ó, vindo do Hotel Imperial. Na parte de baixo, entre o edifício do colégio e o Parque Novo, havia um campinho de futebol, do qual usufruiram alunos, peladeiros e jogadores de futebol amador.
Eu mesmo joguei muita bola por lá. No livro Menino-Serelepe, eu conto minha passagem pelo Coleginho, em 1965, na curso de Admissão ao ginásio (5a. série). Sobre esse campo, eu escrevi:
O meu grande lance desse ano de Coleginho [1965] foi, como quase sempre, a bola. E como lá havia um enorme campo, era uma correria na hora do recreio e outra depois da aula. Certa feita, por ocasião das festas juninas, a direção da escola estava organizando uma quadrilha e eu me apresentei para o ensaio, peguento de suor, com a roupa grudada ao corpo e marcada de terra e de grama, já que o jogo de bola do recreio havia sido muito disputado, com são-joão comendo pra todo lado e todomundo pegando tatu.
Vocabulário: São-joão (= bola que é chutada para o alto em jogo de pelada. ) — Todomundo (=todos) — Pegar tatu (Cair e sujar-se).
Anos 1940. Time de futebol. Internos do Instituto Santa Terezinha. Reprodução: Internet/Facebook
Ao fundo, a edificação do Instituto Santa Terezinha. Abaixo, o time do Águas Virtuosas que, nos anos 1950, disputou no campo do Coleginho um campeonato interno.
Na foto, entre outros: Hélio Fernandes, Chico Panu, Gidão, Nenê Nascimento, Quinzinho, Crisóstomo, Maurício de Souza e Vavá Bacha.
Nos anos 1980, as dependências do antigo Instituto Santa Terezinha tornaram ao Governo Municipal e para lá foram as instalações da Prefeitura de Lambari. Em 1987, o edifício foi completamente destruído por um incêndio.
Confira: aqui
Cena do incêncio na Prefeitura de Lambari, em 1987
Histórias do livro Menino-Serelepe
Quem, no Coleginho, não levou puxão de orelhas da dona Guilhermina ou rezou com a dona Edith?
Do poema: Da famosa aventura de ter sido criança em Aguinhas, extraído do livro Menino-Serelepe
(*) No livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem escrevi duas crônicas sobre minha passagem, em 1965, pelo Coleginho:
Autor: Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.