- Apresentação
- História
- Henriqueta Lisboa, uma aluna ilustre
- João Bráulio na WEB
- Fotos
- Índice da Série Memórias do Grupo João Bráulio
- Referências
Apresentação
O João Bráulio — como é conhecido o Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, de Lambari (MG) —, é a mais antiga escola do município e formadora de gerações e gerações de lambarienses. Quando foi criada, a instituição tomou o nome de Grupo Escolar da Vila de Águas Virtuosas e atualmente é denominada Escola Municipal Dr. João Bráulio Júnior.
O seu nome é uma homenagem a João Bráulio Júnior, o seu criador. Este importante político mineiro, nascido em Campanha, contribuiu muito para o desenvolvimento da antiga Águas Virtuosas.
Neste post vamos contar e ilustrar um pouquinho da rica história do João Bráulio.
Vamos lá.
História
Já mais que centenário, o João Bráulio foi criado em 1907 e instalado em 1908, e inicialmente funcionou na Rua Wenceslau Braz, em antigo prédio construído e doado pelo município. O atual prédio, situado na Rua Francisco de Castro Filho, foi inaugurado em 1931. Um resumo de sua história pode ser visto (aqui).
Antiga vista do João Bráulio
Henriqueta Lisboa, uma aluna ilustre
Escola por onde passaram professores, advogados, médicos, engenheiros, economistas, e também escritores importantes, como Alaíde Lisboa, José Carlos Lisboa, Ana Elisa Gregori, nela estudou também a educadora e poeta Henriqueta Lisboa — uma das mais ilustres filhas de Lambari.
É de Henriqueta o texto Evocação, uma lírica lembrança de seus tempos de João Bráulio:
Texto pintado na parede lateral do Supermercados GF Palace, em Lambari, MG
EVOCAÇÃO
Prende-se ao Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, uma das mais caras recordações de minha infância. As cortinas do tempo não me impedem de contemplar, entre nostálgica e feliz, a imagem daquela escola a que milagrosamente presidia verdadeiro conceito ético de educação.
Revejo os largos pátios de recreio de cujas grades se enamorava o parque novo, naquele tempo com balanço entre flores. Ali entre quatro paredes — não teria sido nalguma gruta maravilhosa? — decifrei os segredos do alfabeto, brinquei com os brancos algarismos no quadro-netro. Ali aprendi para sempre o significado da palavra "dever". A escola era, de fato, o prolongamento da família.
Era o lar que abrangia, em grande abraço, a pequenina sociedade lambariense, com crianças de todas as classes, sem preconceito.
HENRIQUETA LISBOA
Antigo João Bráulio. Ginástica. Início anos 1900
Antigo João Bráulio. Auditório. 1929
Apresentação João Bráulio, já no prédio novo. Anos 1930/40
João Bráulio, professores. Anos 1940/50
João Bráulio, professores e alunos. Anos 1950
Apresentação João Bráulio. Anos 1950
Índice da Série Memórias do João Bráulio
Sobre o João Bráulio, veja também estes textos:
Museu Américo Werneck, Site do João Bráulio: http://escolajoaobraulio.com/index.html; Site/fotos do João Bráulio: http://escolajbjr.wordpress.com/
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e
trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na
língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do
Sul de Minas Gerais.
(Do livro inédito : Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães)
Pelo que respeita à linguagem, tanto culta, como familiar ou popular,
é lá [em Minas Gerais] que me parece estar a feição primitiva.
(Gladstone C. de Melo, linguista e professor, de Campanha, MG,no livro A língua do Brasil)
Daninhar: Fazer travessuras (menino); Daninhação = diabruras, travessuras.
Dar as cartas: Estar por cima; comandar, mandar, dominar.
Dar o pira: Fugir, dar o fora, desaparecer rapidamente.
Dar pepé: Fazer com as mãos apoio para que alguém ponha os pés com o intuito de ganhar altura e saltar um muro, subir num móvel, etc.
De chifre cheio: Bêbado, encachaçado.
De mamando a caducando: De criança a homem velho.
De marca maior: Fora do comum; que excede os limites vulgares.
De entuviada: Depressa; desordenadamente.
De fasto: Andar de fasto: Andar para trás.
De sina: Estar de sina = estar com má sorte, azarado.
De supetão: Repentinamente, imprevistamente.
De veia: De humor característico, seja brincalhão, seja intratável, etc.
Deitar-se com as galinhas: Deitar-se logo ao anoitecer ou não muito depois.
Denário: Dinheiro [Italiano].
Desacoçoado: Descoroçoado: Diz-se de, ou indivíduo sem coragem, sem ânimo; desanimado, desalentado.
Desamainar: Amainar, abrandar, acalmar.
Desandar: Refere-se aos intestinos, quando ocorre a diarréia: intestino desandado.
Descochado: Desacochado = Perder a compostura altiva ou presunçosa. Ficar desorientado, envergonhado, desmoralizado.
Desdar: Desatar (nó, laçada, etc.).
Desensarada: Que se restabelece de doença grave.
Desgranida: Desgraçada, levada do diabo.
Deslambido: Sem graça, sem jeito; desenxabido, insulso, delambido.
Deslinguar-se: Falar muito.
Desmazelo: Falta de zêlo; descuido.
Desqueixolado: De queixo caído.
Despinguelar: Descer morro abaixo. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]
Despotismo: Exagero; abundância; grande quantidade.
Destampice: Coisa absurda, despropósito
Dever os cabelos da cabeça: Estar muito endividado.
Dia de saco: Dia de sábado. [Costume do interior: Dia de sair da venda com o saco de compras da semana.]
Discretear: Discorrer com discrição ou discernimento, calmamente.
Difruço: Corruptela de defluxo = coriza, mal estar da gripe.
Disgramado: Corruptela de desgramado = desgraçado [com eufemismo]: danado, levado do diabo, travesso.
Dispor: Desfazer-se (de alguma coisa). Vender.
Divertido: Alegre, bem-humorado, engraçado.
Divisar: Avistar, distinguir.
Dizedela: Dito ou sentença popular.
Do tempo do onça: Muito antigo, de antigamente.
Dor-de-fincada: Dor aguda e intensa.
Dormente: Travessa de madeira em que se assentam e fixam os trilhos das estradas de ferro.
Dormideira: Sensitiva, cujas folhas se murcham após uma batida.
Duma enfiada só: De uma vez.
Duma figa: Manifestação de pouco apreço ou de irritação.
(*) Fontes de consultas principais: Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda - Aurélio Eletrônico, Século XXI - Dicionário de Vocábulos Brasileiros, Beaurepaire-Roban - O Dialeto Caipira, Amadeu Amaral -Dicionário Sertanejo, Cornélio Pires - Dicionário da Terra e da Gente de Minas, Waldemar de Almeida Barbosa - Novo Dicionário da Gíria Brasileira, Manuel Viotti.
(**) Este Vocabulário de Aguinhas faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Veja nos números anteriores desta série:
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36347
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37267
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=37892
Ilustração: Doodle (versão modificada do logotipo do Google, que celebra datas e personalidades) criado para homenagear os 54 anos de Ayrton Senna.
Quem quiser superar Ayrton Senna terá de inventar uma maneira completamente nova de correr.
NIKI LAUDA
Neste ano de 2014, duas datas significativas tornam Ayrton Senna mais presente entre os seus milhões de fãs brasileiros:
Por essa razão, neste post vamos rememorar como uma das mais importantes biografias do piloto começou a surgir na cidade de Lambari (MG), pelas mãos do lambariense Ernesto Rodrigues.
Ayrton — o herói revelado. (aqui)
Em 2024, foi lançada nova edição com 60 novos depoimentos (aqui)
Ernesto Rodrigues é filho de José Benedito Rodrigues e Edite Carneiro Rodrigues. Sobre as atividades literárias de seu pai e de seu irmão já escrevemos dois textos para o GUIMAGÜINHAS (aqui) e (aqui).
Uma família especialista em Fórmula 1 e Ayrton Senna
No prefácio do livro acima, de 2004, Ernesto Rodrigues escreve:
Edite, minha mãe, fazia um esforço contagiante para me acompanhar diante da tevê naquelas manhãs de domingo, quando os grandes prêmios coincidiam com meus fins de semana de descanso na cidade em que nasci, Lambari, no Sul de Minas. Mas era dona Leda, mãe de André Gesualdi, um grande amigo de infância, quem entendia de Fórmula 1 e de Ayrton Senna. Ela, o filho e o marido Ismael, um médico que não largava de cigarros Hollywood, política, esporte e jornais, eram especialistas apaixonados.
Sobre Ismael Gesualdi veja esta crônica (aqui). André Gesualdi, que herdou da mãe o hábito de colecionar, foi meu companheiro de futebol no mirim do Águas Virtuosas, sendo então conhecido por Andrezinho (aqui); atualmente, é grande colaborador do GUIMAGÜINHAS (aqui).
Como a biografia de Senna começou a ser escrita
Prossegue Rodrigues, no prefácio do livro Ayrton — o herói revelado:
Este livro começou a ser escrito quando atravessei a rua que separa a casa do meu pai da dos Gesualdi, e descobri que, além da paixão por Ayrton, dona Leda tinha guardado, ao longo de mais de 20 anos, na garagem em que eu e André jogávamos futebol de botão quando meninos, uma gigantesca preciosidade: dezenas de caixotes de papelão, com milhares de recortes de jornais e revistas cuidadosamente identificados. Tudo sobre Fórmula 1 e, em especial, Ayrton Senna. Era um tesouro. E o impulso definitivo para que eu, jornalista e apaixonado por automobilismo, mergulhasse de vez no antigo projeto de escrever o livro que nunca li sobre a vida de Senna.
O documentário "Ayrton Senna do Brasil"
O documentário Ayrton Senna do Brasil, realizado a propósito dos 20 anos da morte de Senna, produzido e dirigido por Ernesto Rodrigues, traça a trajetória profissional e pessoal do grande ídolo da Fórmula 1 e mostra depoimentos de diversas personalidades sobre ele: pilotos e ex-pilotos, artistas, atletas, amigos (aqui).
Esse documentário está sendo exibido pelo programa Esporte Espetacular, em quatro episódios. O primeiro episódio, exibido no último domingo (6 de abril), mostra flashes da cidade de Lambari e entrevistas com Leda Gesualdi, André Gesualdi e Geraldinho Brito Mayer, todos esses de Lambari e fãs de Senna — e grandes cultivadores de sua memória (aqui).
O lambariense Crisóstomo Fernandes foi um dos maiores jogadores de futebol de nossa terra, tendo atuado no Águas Virtuosas, no Vasquinho e na S.O.L. dos anos 1950/60.
Mas há um faceta pouco conhecida de Crisóstomo, qual seja a sua inclinação para a música.
De fato, nos anos 1960, ainda menino, me lembro de uma festa de agosto (dia da cidade) em que Altemar Dutra esteve em Lambari e fez um número em parceria com Crisóstomo. Nesse dia, estavam também presentes o Trio Soberanos e João Ribeiro (João Vital), esse companheiro de Crisóstomo em muitos eventos musicais e em serenatas que ficaram famosas na cidade.
Crisóstomo e João Ribeiro (João Vital), apresentando-se em Três Corações. Ao fundo, no violão, Vítor Cunha (*)
Eu sabia também da existência de um disco gravado por Crisóstomo, mas só recentemente consegui localizá-lo. Trata-se do compacto duplo que segue abaixo. E, entre os acompanhantes de Crisóstomo — "o homem da noite em Lambari"—, estão também o violão e o talento de João (Martins) Ribeiro. Eis o disco:
(*) Já falecido, o Auditor-Fiscal da Previdência, radialista, músico e grande botafoguense Vítor Cunha foi um tricordiano muito estimado pelos seus conterrôneos. Na praça principal da cidade, há hoje uma estátua em sua homenagem, justo tributo que que lhe foi prestado pela comunidade de Três Corações.
Fontes: João Ribeiro; Museu Américo Werneck; brasilmetropole.com.br
Centenas de fatos que pessoalmente observei em bons círculos de manifestações psíquicas me autorizam a proclamar com absoluta segurança a verdade contida nas lições de Kardec.
AMÉRICO WERNECK
No livro Um punhado de verdades, publicado em 1923 (1), fica-se sabendo que Américo Werneck começou a estudar a codificação de Allan Kardec em 1905, e que foi estudioso e experimentador dos fenômenos psíquicos.
No Museu Américo Werneck, em Lambari, há um volume desse livro, uma doação do advogado José Sgarbi Astério àquela instituição.
Esse o tema deste post, que encerra a série AS OBRAS LITERÁRIAS DE AMÉRICO WERNECK.
Vamos lá.
A obra espírita de Américo Werneck, intitulada O Espiritismo perante a Sciencia, foi escrita em 4 volumes:
Lista das obras espíritas de Américo Werneck. No ano de 1923, as duas últimas encontravam-se no prelo.
Vê-se, assim, que Werneck não era positivista, pois Um punhado de verdades encerra uma bela confissão de fé na doutrina codificada por Kardec e uma extraordinária defesa dos postulados espiritistas.[*] Nesse livro, Werneck anotou: Ao espiritismo, que... dizem ser obra do diabo, devo as maiores consolações da vida. (2)
[*] PORTUGAL, Henrique Furtado. Velho livro de Américo Werneck. O Triângulo, Uberlândia, MG, 19 nov. 1974.
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No artigo acima o autor comenta o livro Um punhado de verdades, que lhe fora emprestado por José Sgarbi Astério.
Passei a vida pugnando pelos direitos individuais; e neste posto entregarei minha alma a Deus.
AMÉRICO WERNECK
Themístocles Linhares, em sua História Crítica do Romance Brasileiro (1728-1981)[3], informa em nota de rodapé que
Américo Werneck (...) escreveu vários livros e um dos últimos, publicado em 1924, foi Um punhado de verdades, obra de combate em que o autor procurava defender a doutrina espírita, de que se fez cultor e paladino. O livro abordava vários problemas, como o caso do japonês, em que o autor verberava o preconceito de raças, mostrando quão desumano e pouco sensato era pretender relegar ao isolamento a forte raça nipônica.
Nessa sua primeira obra sobre o Espiritismo — na verdade uma coletânea de artigos reunidos num livro de 194 páginas —, Werneck expõe argumentos de defesa da doutrina sob os seguintes aspectos principais: — o doutrinário, no qual faz sua profissão de fé espírita, baseada em leituras, observações e provas experimentais; o jurídico, em que analisa os aspectos constitucionais e legais da livre consciência e da prática espírita da mediunidade e do receituário e curas espirituais; e o político-social, em que disserta sobre vários assuntos ligados à liberdade de consciência e à prática religiosa, e assim também sobre temas sociais como vacinação obrigatória, imigração, raça, civilização brasileira.
Quanto às pesquisas científicas e livros clássicos sobre o Espiritismo, Werneck mostra-se, então, atualizado com as obras de Crookes, Lombroso, Richet, Conan Doyle, Flammarion, Victor Hugo. Sobre os aspectos experimentais, ele diz:
Quando me resolvi a terçar armas em favor do espiritismo, mostrando a injustiça dos que o combatem, a minha primeira ideia foi apresentar uma série de estudos originais, orientados em rumo diverso do seguido até então. A dificuldade estava em descobrir um médium honesto, desinteressado e de faculdades excepcionais para essa espécie de fenômenos.
Desanimado de encontrá-lo, resolvi calcar os meus estudos sobre os trabalhos de alguns experimentadores notáveis, submetendo à crítica seus erros e inconsequências.
Já tinha escrito dois volumes quando inesperadamente encontrei em meu caminho o médium que procurava [José de Araújo], e com ele encetei uma série de experiências coroadas de êxito.
De outro lado, com respeito aos aspectos doutrinários do Espiritismo, mostra-se estudioso das obras de Kardec e defensor intransigente da Codificação Espírita. Com efeito, no Capítulo I.b - O ESPIRITISMO NÃO É UM RELIGIÃO, Werneck faz uma histórica defesa doutrinária da Doutrina Espírita em face das ideias de J. B. Roustaing; e em I.c - BREVE RESPOSTA AOS DETRATORES DO ESPIRITISMO, resume o capítulo do mesmo título que consta de Obras Póstumas, de Kardec.
Por fim, no Capítulo 12 - CONCLUSÃO, um septuagenário brasileiro de tantas lutas e valorosos ideais — republicano, abolicionista, nacionalista, espírito liberal —, o outrora cético das religiões e filosofias, nos deixa uma página primorosa de fé em Deus e no futuro do do Brasil:
Ao despedir-me de uma vida fatigada que já não tem encantos, que já não tem auroras, que se estiola ao gélido sopro do inverno, eu me volto para Deus.
Que Ele se amerceie dos que ficam. Que Ele proteja a obra da civilização que aqui lhe aprouver criar e tão corrompida vai sendo.
Que à sombra de nossa bandeira se acolham todas as religiões, todas as seitas, todos os credos, todas as ciências. Eis a compreensão alevantada e justa que constitui o traço característico de nossa raça. É isso que é o Brasil.
Que todos se congreguem em torno de um único ideal de liberdade e amor.
......................
Antônio Eliézer Leal de Souza, escritor de destaque no parnasianismo do início do século XX, jornalista e crítico literário, foi diretor de A Careta e secretário de A Noite, do Diário de Notícias e de A Nota, todos do Rio de Janeiro.
Capa de A Noite, de 7 de janeiro de 1924
Nos anos 1920, ele realizou inúmeras pesquisas sobre os fenômenos espíritas e práticas mediúnicas ocorridos nos centros espíritas e terreiros. Essas pesquisas resultaram em dois inquéritos históricos. O primeiro — uma série de reportagens no jornal A Noite (RJ), no início de 1924 — formou, posteriormente, o livro No mundo dos espíritos (4), publicado em 1925. O segundo, realizado no jornal Diário de Notícias (RJ), a partir de novembro de 1932, deu origem ao livro Espiritismo, Magia e as Sete Linhas de Umbanda, publicado em 1933. (5)
Capa do livro O mundo dos espíritos, de Leal de Souza, 1a. edição de 1925.
O Diário de Notícias (RJ), edição de 16 de novembro de 1932, estampou texto de Leal de Souza, relatando reunião mediúnica de que participara alguns anos antes, na qual ocorreu a materialização do espírito de Judith Lemos Werneck, a primeira esposa de Américo Werneck. Tal reunião foi presidida pelo próprio Werneck, que desde há alguns anos vinha realizando experimentações espíritas.
Eis alguns trechos desse relato de Leal de Souza:
O ilustre médico Dr. Oliveira Botelho, ministro da Fazenda, no último governo constitucional, viu operar-se diante de seus olhos a ressurreição transitória de uma de suas filhas, por ele conduzida ao cemitério, sendo também consagradas pelo êxito pleno, outras das experiências realizadas sob fiscalização rigorosa pelo sábio, engenheiro Dr. Américo Werneck, e algumas das quais assisti.
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(...) ocorreu o fenômeno principal da noite.
Era, disseram-nos, a esposa do Dr. Werneck falecida aos 25 anos, e não deixava de ser emocionante a sua aparição, na plenitude da mocidade, ao lado do esposo septuagenário.
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E, num circulo de luz espiritual, que a tornava plenamente visível, a ressurreta percorreu a ampla extensão do recinto, agitando em ondulações a brancura de suas vestes, e como eu era um dos presentes, que não assistira as suas materializações anteriores, acercou-se de mim.
— Veja. Será a mão de uma morta? E tocou-me na mão.
Era tépida. Louvei as rendas de seu vestuário, e ela, erguendo o braço, em curva graciosa, estendeu-as; a da manga, sobre as minhas mãos:
— Pode ver. São antigas.
Ousei insinuar:
— Como seriam as sandálias, no seu tempo…
— No meu tempo eram chinelas, respondeu, e caminhando até a mesa existente no fundo da sala, voltou com uma pequena bilha e um copo.
Ofereceu e serviu água a todos os assistentes, trocando frases com eles, e depois de cumprimentar-nos, avisando que se retirava, repôs a bilha e o copo na mesa, e começou a esbater-se, desfazendo-se até desaparecer.
Transcrito do jornal Diário de Notícias (RJ), de 16/11/1932, pág. 6, 2a. seção.
Fonte: Diário de Notícias (RJ), de 16/11/1932