Ilustração: Montagem. Capa de antigos livros de Basílio de Magalhães
Eu mal havia transposto os 13 anos [1887], quando busquei conciliar os estudos de humanidades com o ganha-pão, e o conhecimento da arte tipográfica abriu-me emprego no primeiro órgão republicano (...)
Basílio de Magalhães. Conferência no IGH de São Paulo, 1914 (SOUZA JÚNIOR, 2015)
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Aos quinze anos [Basílio de Magalhães) já era poeta, professor e jornalista.
Ivan Lins. Basílio de Magalhães. Correio da Manhã, 2/8/1960
De cultura polimórfica, Basílio de Magalhães participou com brilho nas áreas de educação, política, administração pública, historiografia e literatura.
Nas décadas de 1910/20/30, à frente do seu tempo, ele atuou em favor das terras, da cultura e da língua dos indígenas, propugnou pelo direito das mulheres, combateu o preconceito contra a educação e o tratamento das crianças "mentalmente atrasadas" (como então eram designadas as crianças especiais) — temas que, 100 anos depois, ainda estão na agenda dos brasileiros.
Vamos comentar abaixo alguns aspectos de suas obras e vida literária.
Vamos lá.
Exemplo acabado do self made man, tudo quanto foi na vida deveu-o ao seu próprio esforço. Viveu e morreu pobre, subsistindo tão-só do que percebia como professor e autor de tantos livros de mérito, refertos de seguros e variados ensinamentos.
Ivan Lins. Basílio de Magalhães. Correio da Manhã. 2/8/1960
Além de traduzir, rever e anotar trabalhos alheios, notáveis foram os livros que de sua lavra publicou, destacando-se entre muitos outros, os seguintes: [1]
Revisões, anotações, introduções
Aqui podem ser citados:
Fonte: https://www.worldcat.org/
Poliglota, além de vernáculo, em que era mestre consumado, e do latim, grego, espanhol, francês, italiano, inglês e alemão, conhecia ainda noções de árabe, holandês, sueco, húngaro e romeno e conhecia vários dialetos dos nossos índios. [1]
Entre as traduções que realizou, podem ser citadas:
O professor Alfredo Balthazar da Silveira, na palestra de abertura do ano letivo de 1960 do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, evocando a figura de Basílio de Magalhães, que ali fora professor catedrático de História Geral e do Brasil, disse:
Poeta inspirado e tradutor excelente de Joseph Marie de Heredia [José Maria de Herédia, poeta cubano - (1842-1905)] e de Lorenzo de Stecchetti [pseudônimo de Olindo Guerrini], sabia estabelecer as verdadeiras diferenças entre o bardo, enternecido por emoções diversas, que alegram, entristecem, entusiasmam, e o historiógrafo, cuja tarefa nobilitante é a de reconstruir o passado, dentro da mais rigorosa veracidade. [2]
Basilio Magalhães, em 1899, editou Iris, coletânea de poesias, muitas inéditas e outras já publicadas em revistas e jornais. [3]
A Escola [poema de Basílio de Magalhães] |
A Escola é o foco de onde a luz radia, A luz, que aclara os tempos e as nações; Ora é luz que descanta, é cotovia; Ora é centelha de revoluções! Por onde é que o soldado balbucia O nome Pátria, que enche os corações? Onde é que nasce o Amor? Onde a Poesia? Onde a mais santa das aspirações? Na Escola irrompe, em solidário afeto, O altruístico e elevado sentimento, Graças ao fogo de paixão repleto, Das lavas do vulcão do entendimento: — "É que há mais luz nas letras do alfabeto Que nas constelações do firmamento!" |
Fonte: https://osecularsoneto.blogspot.com
No texto O último heroi, registra Paulo de Medeiros e Albuquerque (Jornal do Comércio, RJ, edição 267, 1969) que a série das aventuras de Tarzan, de Edgar Rice Burroughs, ganhou, no Brasil, traduções de nossos melhores escritores: Medeiros e Albuquerque, Azevedo Amaral, Paulo de Freitas, Godofredo Rangel [este natural de Três Corações, MG], Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, e entre esses está Basílio de Magalhães, que traduziu Tarzan, o destemido (Tarzan, The Untamed) e Tarzan e o Império Perdido (Tarzan and the Lost Empire).
Reprodução. Fonte: www.antonioferreira.lel.br
Na página eletrônica do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), no perfil do sócio Basílio de Magalhães, consta o seguinte:
É autor de obra vastíssima nas áreas da literatura, do folclore, da política e da história, principalmente. Nas áreas de particular interesse do IHGB, destacam-se trabalhos de alto merecimento, entre os quais:
Coronelismo, enxada e voto, do mineiro de Carangola Victor Nunes Leal, jurista, professor e Ministro do STF, cuja biblioteca leva o seu nome, constitui um clássico de nossas letras político-sociais.
Escrito em 1949, fruto da tese de doutorado de Nunes Leal (o título original era: O Município e o Regime Representativo no Brasil – Contribuição ao Coronelismo), trata-se de uma análise profunda da realidade sócio-política brasileira do final do Século XIX/início do Século XX, quando a estrutura agrária era a base do poder político local e a dura mão dos coronéis garantia a manutenção da elitista ordem ideológica, econômica e política, regime esse que interessava a prefeitos, governadores e presidentes.
Nesse livro, Victor Leal incluiu longa nota de Basílio de Magalhães, um estudioso do municipalismo, sobre as origens do termo coronelismo. De fato, diz Barbosa Lima Sobrinho, no prefácio que escreveu para a segunda edição:
Coronelismo, enxada e voto, de Victor Nunes Leal, foi publicado em 1949, sem indicação do editor, sob a responsabilidade da Revista Forense, que figurava como impressora. Trazia, como primeira nota, uma contribuição preciosa do notável historiador que era Basílio de Magalhães, o qual, tendo casa em Lambari e militando na política de Minas Gerais, conhecera de perto a influência e o poder dos “coronéis” .
Viagens pelo Amazonas e Rio Negro (Alfred Russel Wallace)
O livro Viagens pelo Amazonas e Rio Negro, do famoso naturalista Alfred Russell Wallace (reconhecido como coautor, juntamente com Darwin, dos princípios que levaram à Teoria da Evolução das Espécies), foi prefaciado, anotado e revisto por Basílio de Magalhães.
Publicado pela primeira vez em Londres em 1853, o relato da viagem de quatro anos (1848-1852) do cientista inglês pela Amazônia constitui um valioso estudo sobre o clima, a geologia, a biologia e os indígenas da região, incluindo aspectos sociais e costumes locais. Essa expedição ao Brasil foi a primeira de uma série de viagens e pesquisas de Wallace (1823-1913) que serviram de base para a formulação, em paralelo com Darwin, dos princípios da seleção natural e do evolucionismo.
O texto integral desse livro, a erudita apresentação de Basílio de Magalhães e suas admiráveis notas podem ser vistos aqui:
http://www.brasiliana.com.br/obras/viagem-pelo-amazonas-e-rio-negro
Lista geral de livros de Basílio de Magalhães
O site https://www.worldcat.org lista diversos livros da autoria de Basílio de Carvalho.
Confira a página n. 1 da lista:
Fonte: https://www.worldcat.org/search?q=au%3AMagalha%CC%83es%2C+Basi%CC%81lio+de%2C&qt=hot_author
Estudo sobre o folclore brasileiro, feito com erudição e farta bibliografia. Análise dos livros sobre o assunto publicados até 1928, data da edição da obra de Basílio de Magalhães. O autor examina manifestações populares segundo conceitos bem sintonizados com a pesquisa europeia realizada à época. Contém ainda oitenta e um contos populares recolhidos por João da Silva Campos.
À venda na livraria do Senado Federal:
https://livraria.senado.leg.br/index.php?_route_=o-folclore-no-brasil-vol-253
Biobibliografia de Basílio de Magalhães
Veja também este texto:
Basílio de Magalhães e os direitos da mulher
Nos anos 1920, quando deputado por Minas Gerais, Basílio fez discursos e conferências sobre os direitos da mulher: voto, participação política, papel social. Quanto ao direito de votar, apresentou o Projeto de Lei 247/1924 para que fosse também estendido às mulheres.
A conquista do voto das mulheres no Brasil, no entanto, veio se dar anos depois, em 1934, com o Código Eleitoral Provisório (Decreto 21.076, de 24/2/1932).
Esses textos de Basílio de Magalhães, hoje clássicos, constam da bibliografia do Dicionário mulheres do Brasil.
Fonte: Dicionário mulheres do Brasil: De 1500 até a atualidade - Biográfico e ilustrado. Maria Aparecida Schumaher. Zahar, RJ, 2000. Reprodução. GoogleBooks
Basílio de Magalhães e os índios brasileiros
Além dos dialetos dos nossos índios que dominava (nheengatu (tupi) abanhaê (guarani), bororó, mundurucu), dos contos indígenas que recolheu, do vocabulário de mundurucu que publicou [1], Basílio de Magalhães foi também professor de tupi e defensor de causas indígenas. Ao lado de Luiz Horta Barbosa e Erasmo Braga defendeu o direito dos silvícolas, tendo redigido o Manifesto pela criação do Serviço de Proteção aos Índios. [3]
Fonte: https://www.worldcat.org/
Disponível em: http://www.etnolinguistica.org/bib:0510
Basílio de Magalhães e conhecimentos médicos e pedagógicos
Basílio de Carvalho foi um dos primeiros autores a escrever sobre a educação e o tratamento das crianças "anormais da inteligência", expressão que então se usava, ressaltando, no entanto, que nos Estados Unidos ela já fora abolida, substituída por atypical children ou excepcional children. Considerou essa última expressão "muito feliz, porquanto o 'atraso mental constitui exceção e não regra'" [5]
Sobre esse tema escreveu:
1) Tratamento e Educação das Crianças Anormaes de Inteligência: contribuição para o estudo desse complexo problema científico e social, cuja solução urgentemente reclamam - a bem da infância de agora e das gerações porvindouras - os mais elevados interesses materiais, intelectuais e morais da Pátria Brasileira, editado primeiramente sob forma de artigos no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, posteriormente ampliado e também editado pela Tipografia do mesmo periódico, Rio de Janeiro, 196 p. (1913); e
2) A Educação da Infância Normal e das Crianças Mentalmente Atrasadas, na América Latina: apreciação sumária dos modernos sistemas pedagógicos europeus e modificações indispensáveis que devam sofrer no ambiente físico-social do novo mundo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 24 p. (1917)
Fonte: http://saojoaodel-rei.blogspot.com/2019/03/biobibliografia-de-basilio-de-magalhaes.html
Biblioteca virtual de Basílio de Magalhães
Abaixo, algumas obras de Basílio de Magalhães disponíveis em bibliotecas virtuais:
http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/239/expansao-geografica-do-brasil-colonial
http://www.brasiliana.com.br/brasiliana/colecao/obras/205/estudos-de-historia-do-brasil
https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/3148/1/45000017035_Output.o.pdf
Ilustração: Cromo. Vista da área central de Águas Virtuosas de Lambari. Reprodução.
Como já vimos aqui no site GUIMAGUINHAS,
Como sabemos, deve-se a Américo Werneck, o primeiro prefeito de Águas Virtuosas de Lambary (1909/1911), a realização das obras de remodelação, melhoramentos e aformoseamento de nossa cidade.
Mas como era a vila de Águas Virtuosas e seu Parque das Águas antes dessas obras?
É o que veremos a seguir.
Vamos lá.
A vila de Águas Virtuosas em 1908
Na edição de 13 de abril de 1908, o jornal O Rebate, de São Paulo, fez uma descrição da Vila de Águas Virtuosas, cujos pontos principais vamos comentar logo a seguir.
Confira o texto do periódico paulista:
Reprodução. Fonte Anuário de Minas Gerais de 1913, págs. 247/48
A reportagem acima foi feita como propaganda de Águas Virtuosas de Lambari, em face das melhorias realizadas no Parque das Águas pela Empresa de Água Minerais Lambari – Cambuquira, que explorava as águas de Lambari, mediante contrato assinado em 28 de janeiro de 1895.
Essas melhorias se deram no recinto do Parque das Fontes, incluindo: Balneário, Cassino, Pavilhão das Fontes, Galpão de engarrafamento e maquinário.
Em 1904, deu-se a liquidação da Empresa de Água Minerais Lambari – Cambuquira e o seu patrimônio foi encampado pelo Governo do Estado em 18 de maio de 1906.
Vejamos os pontos principais da reportagem do jornal O Rebate.
Em frente!
Vista do centro da vila de Águas Virtuosas, ainda com o traçado antigo, que viria a ser reformulado na gestão do prefeito Américo Werneck.
Centro de Águas Virtuosas de Lambary, com a ermida de N. S. da Saúde ao alto
Vista do Parque das Águas, início dos anos 1900. No coreto, à esquerda da foto, seria construída a fonte luminosa (anos 1940)
Vista do Parque das Águas, jardins e coreto, conforme descrito acima:
Vista das fontes, jardins e coreto do Parque das Águas. Ao alto, a ermida
Coreto octogonal no Parque das Águas
"O balneário no Parque das Águas"
O balneário existente no Parque das Águas de Águas Virtuosas, no início dos anos 1900
"O cassino no Parque das Águas"
No início dos anos 1900, funcionava um cassino no recinto do Parque das Águas.
Vista interna do Pavilhão das Fontes. Ao fundo, à esquerda da foto, vê-se o antigo cassino existente no Parque das Águas.
Por essa época, a exploração das águas minerais era feita pela Empresa de Água Minerais Lambari – Cambuquira.
Ao fundo, à esquerda:o galpão de engarrafamento das águas
As máquinas de gaseificação e engarrafamento das águas
DESTAQUES, COMENTÁRIOS E CRÔNICAS - LDSL/1951-53
Ilustração: Recorte crônica Mortos e vivos, assinada por Veteranos, que homenageia antigos atletas de futebol de São Lourenço. (Fonte: Jornal O Crack - 1951)
Em posts anteriores desta série
falamos sobre os campeonatos regionais organizados pela Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL), no início dos anos 1950, cujas partidas foram cobertas pelo jornal O Crack e a Rádio São Lourenço.
Hoje veremos a terceira parte da série: DESTAQUES, COMENTÁRIOS E CRÔNICAS - LDSL/1951-53.
Vamos lá.
Seleção do Campeonato - LDSL 1951
A seleção do campeonato da LDSL/1951, escolhida pelo jornal O Crack, foi a seguinte:
Henrique di Lorenzo, do Esporte SL, ultrapassou Pinelli, de Silvestre Ferraz, nas últimas partidas do campeonato, assegurando o posto de artilheiro da LDSL/1951.
Na disputa entre os quadros de aspirantes, o Esporte SL levou o tricampeonato, e o seu atleta Fidélis foi o artilheiro, com 19 gols.
Na crônica intitulada Mortos e vivos, assinada por Veterano, fala-se de antigos atletas de futebol de São Lourenço, como Aírton, Arthur, Baiano, Nêgo, Romeu. E em Um craque do passado, José di Lorenzo recorda a grande figura de José Machado, o Machadinho, antigo goleiro do Esporte.
Confira:
Reprodução - O Crack - 1951
Esporte Clube São Lourenço - 1942
Esporte Clube São Lourenço - 1942 - Alguns tletas citados na crônica acima estão nesta foto. Reprodução. Fonte: cancellain.com.br
Ilustração: Cromo. A grande enseada do Lago Guanabara. Anos 1910. Reprodução.
O Lago Guanabara já foi objeto de posts aqui no GUIMAGUINHAS:
Hoje vamos ver as primeiras atividades no nosso lago, as embarcações que por lá navegavam e a regulamentação baixada pela prefeitura de Águas Virtuosas.
Vamos lá.
Inauguração antecipada do Lago Guanabara
As obras de Américo Werneck em Águas Virtuosas de Lambary foram oficialmente inauguradas pelo presidente Hermes da Fonseca em 24 de abril de 1911, como sabemos.
Mas o nosso lago ficou pronto um pouco antes, em outubro de 1910.
Confira:
Reprodução. Jornal do Comércio, 23, out, 1910
Assinado por Américo Werneck, logo após a inauguração, o regulamento do "Lago de Águas Virtuosas" estabelecia condições de uso e preços para as embarcações da prefeitura, tais como:
[1] Aquele que comanda uma embarcação pequena, principalmente barcos de regata.
[2] Barqueiro [catraia = bote ou barco pequeno]
Reprodução. Fonte: Armindo Martins, 1971
O conjunto de ilhas primitivas do Lago Guanabara
O nome das embarcações: homenagem às filhas de autoridades. Reprodução. Jornal O Paiz. Edições 24 e 25 de abril de 1911 (bn.digital.gov.br)
A tranquila Ilha dos Amores, anos 1950
Abaixo, um conjunto de antigas fotos guarda memória do lago centenário e suas embarcações.
Confira:
Embarcações na inauguração do Lago Guanabara
Gôndola importada de Veneza, por Américo Werneck, por meio da firma J. Casal & Filho (1911). A embarcação tinha 8 m de comprimento e apetrechos de luxo
Elegantes turistas passeiam no lago. Reprodução. Acervo João Gomes D'Almeida
Reprodução. Acervo João Gomes D'Almeida
Reprodução. Revista Fon Fon n. 27, de 1934
Reprodução. Revista Fon Fon n. 18, de 1953
Turistas e barco nas ilhas do lago
Turistas e o remador na ilha do lago
Um barco na Ilha dos Amores (foto colorizada, anos 1940)
Nos anos 1940, fez sucesso no Lago Guanabara a chata [*] Tamoyo.
Um grande programa de domingo daquela época era embarcar com a família, navegar pela orla do lago e fazer um piquenique na Ilha das Amores, levando sanduíche, pão de queijo, bolos, doces, guaraná, garrafa de café e água mineral...
Passeio à Ilha dos Amores. Chata Tamoyo - Anos 1940
[*] Chata: embarcação fluvial larga de fundo chato e formato quadrangular
Ilustração: Basílio de Magalhães. Iconográfico. da Coletânea Sonetos Brasileiros. Garnier. Reprodução. Fonte: bn.digital.gov.br
"Por circunstâncias difíceis de explicar", como disse o acadêmico Ivan Lins [4], Basílio de Magalhães não pertenceu à Academia Brasileira de Letras (ABL), não obstante tivesse todos os méritos para isso, uma intensa vida política, cultural e literária e uma obra de reconhecido valor.
Abaixo um pequeno trecho dessa história.
Vamos lá.
Basílio de Magalhães e as academias de letras
Basílio de Magalhães foi membro da Academia Paulistana de Letras, ocupando a cadeira 2, cujo patrono era o Visconde de São Leopoldo, da Academia Fluminense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), além de diversos outros institutos históricos estaduais. É também sócio honorário da Academia Mineira de Letras, patrono da cadeira 20 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei e patrono da cadeira 7 da Academia de Letras de São João del-Rei.
Reprodução. Jornal do Comércio, 16, março, 1935 (bn.digital.gov.br)
Concorreu ao menos quatro vezes a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL), sem, contudo lograr êxito. De fato, em 1936, concorreu mas foi vencido por João Neves da Fontoura, que tomou a cadeira 2 que pertencera a Coelho Neto.
Em 1937, na sucessão de Paulo Setúbal, concorreu à cadeira 31, que acabou ocupada por Cassiano Ricardo.
Em 1940, à vaga de Luís Guimarães, foi eleito o poeta Manuel Bandeira, com 21 votos; Basílio teve apenas 1 voto.
E em 1941, inscrevera seu nome à vaga de José de Alcântara Machado, mas injunções políticas fizeram os candidatos desistirem das candidaturas, e, então, como candidato único, Getúlio Vargas foi eleito. [1] [2] [3]
Assim foi que
Basílio de Magalhães, um dos maiores valores culturais do Brasil, (...) por circunstâncias difíceis de explicar, deixou de pertencer a esta casa [a Academia Brasileira de Letras - ABL ],
discursou certa vez Ivan Lins, escritor, membro da Academia, e também ilustre frequentador de nossa terra. [4]
Bilhete ao acadêmico Rodolfo Garcia - 1935
Reprodução. Fonte: bn.digital.gov.ve
Meu caro Garcia,
Afetuoso abraço,
Por absoluta falta de tempo, ainda não pude comunicar pessoalmente a você que já me inscrevi (creio que em primeiro lugar) no pleito da sucessão Coelho Neto. Antes de seguir para Lambary (o que farei a 20 do corrente mês), espero conversar com você sobre a minha nova candidatura, e também caro, peço desde já a você que vá cabalando a favor do meu nome os votos de alguns colegas seus, especialmente os de Ataufo [de Paiva], Gustavo Barroso, Victor Vianna e Fernando de Magalhães. Não se esqueça de recomendar-me também ao Múcio Leão e ao Miguel Osório de Almeida.
Basílio de Magalhães 12-XII-935
Nesse pequeno trecho são mencionados três acadêmicos da ABL, contemporâneos de Basílio de Magalhães —
— curiosamente todos eles frequentadores de Lambari.
[1] Neto, Lira. Getúlio (1930-1945): Do governo provisório à Ditadura do Estado Novo. Cia. das Letras, SP, 2013
[2] Costa, Nélson. Jubileus Acadêmicos [artigos]. Correio da Manhã, edições de 6, ago, 1961 e 20, dez, 1962
[3] Jornal do Comércio, edição de 31, ago, 1940.
[4] Rodrigues, José Benedito. O retrato do velho médico. Belo Horizonte, O Lutador, 1993, págs. 114 e 115
- bn.digital.gov.br - Bilhete de Basílio de Magalhães a Rodolfo Garcia
- bn.digital.gov.br - Jornal do Comércio, 16, março, 1935