Ilustração: Recorte projeto de balneário para Águas Virtuosas de Lambary, que não se realizou.
Como já contamos no número 1 da Série Parque das Águas (aqui), o espaço físico em torno das fontes de Águas Virtuosas evoluiu deste modo:
Em 1834, os poços das duas nascentes de águas minerais não possuíam nenhuma proteção e se localizavam em um largo denominado Largo da Fonte. Com as chuvas, os poços costumavam ser invadidos pelas águas do Ribeirão Lambarizinho (atualmente, Mumbuca). Em 1850, os poços foram protegidos por esteiras, para evitar a queda de pequenos animais. (1) Em 1860, deu-se o desvio do Rio Mumbuca, então vizinho às fontes. (2)
Na segunda metade da década de 1860, o Largo da Fonte foi reformado e melhorado, e as duas nascentes foram reunidas em um único poço, abrigado em prédio ladrilhado, coberto de telhas e protegido por grades de ferro. Então, ajardinou-se o Largo, construiu-se um pequeno chafariz e deu-se início à construção do balneário. Com essas melhorias, o Largo da Fontepassou a ser chamado de Praça dos Poços. (1)
Em 1888, quando Garção Stockler era o concessionário das águas, a Praça dos Poços foi cercada com grades de ferros e o balneário foi reformado e posto em funcionamento. A partir daí passou o complexo passou a ser denominado de Parque das Águas. (1)
E no mesmo texto sobre o Parque das Águas, anotamos também:
Em 25 de janeiro de 1895, a Empresa de Águas Minerais Lambari-Cambuquira assinou contrato para exploração das águas; tal empreendimento durou até princípio de 1904, quando a empresa entrou em liquidação forçada. E, por essa razão, em 18 de maio de 1906, mediante o Decreto n. 1903, o Governo do Estado encampou os bens e direitos da empresa, entre eles - o parque, o balneário (com duchas, banheiras, mobiliário), o cassino (existente dentro do recinto do parque), as fontes recentemente captadas, o galpão de engarrafamento e os terrenos, casas e benfeitorias anexos à fonte do parque. (3) e (4)
Por essas notas, vê-se nos locais grifados que desde a segunda metade dos anos 1860 havia um balneário no entorno das fontes.
Recorde-se que nos projetos de Américo Werneck para Águas Virtuosas de Lambari (1909-1911), conforme anotamos aqui, havia previsão de um balneário a ser construído dentro do Parque das Águas (abaixo, foto 1).
Ao tempo do Hotel Mello havia o Estabelecimento Hydrotherapico, que, incorporado pelo Hotel Imperial, funcionou durante anos (abaixo, foto 2).
E houve também um projeto (abaixo, foto 3), provavelmente dos anos 1930/40, de um grande e moderno balneário, mas o plano não se realizou.
Confira a seguir.
Segundo o dicionário Michaelus, a palavra balneário tem estas significações:
1 Local público onde se pode tomar banho.
2 Estância de águas termais onde se toma banho medicinal.
3 Cidade praiana, muito procurada por turistas
Antigo balneário no Parque das Águas
Ao que se sabe, esta foto data do início dos anos 1900, e mostra o antigo balneário do Parque das Águas. Em 1909/1911, Werneck teria reformado esse prédio, durante as obras de embelezamento de Águas Virtuosas.
Esse balneário foi demolido nas décadas seguintes e nenhum outro foi construído no Parque das Águas.
Postal do balneário do Parque das Águas no início dos anos 1900. Por essa época, o Parque estava em obras, como se pode ver. (7)
Outro postal do balneário do Parque das Águas, de 1920 (7)
Um recorte ampliado do postal acima
Estabelecimento Hydrotherapico do Hotel Mello
Balneário do antigo Hotel Mello, incorporado pelo Hotel Imperial no final dos anos 1930, que se encontra atualmente desativado. (7)
Um projeto que não saiu do papel
Projeto de um grande e moderno balneário que seria construído no Hotel Imperial, nos anos 1930/40, mas que não se realizou. (5) (6)
Ilustração: Verbete Fontanário. Diccionário Prático Illustrado - Jayme de Séguier - 4a. edição, Lelo, Porto, 1935. Recorte
Descobertas em 1780/90 (veja aqui), nossas fontes de águas virtuosas só foram captadas (separadamente por nascentes e reunidas sob um só pavilhão) em 1905/06 — obra do engenheiro Dr. Benjamin Jacob, que já contamos aqui.
Foi somente após essas obras que se construiu o fontanário original, cuja estrutura interna se mantém até hoje.
Pois bem, abaixo vai um pouquinho da história da construção do nosso fontanário e do pavilhão original, realizada no início do Século XX.
Vamos lá.
Um pouco da memória das FONTES DAS ÁGUAS VIRTUOSAS para conhecimento dos mais novos — e para relembrar aos mais velhos a importância e os cuidados de conservação do nosso maior patrimônio. |
Fontanário é substantivo masculino com o sentido de fonte, chafariz.
Vem do latim fontanus, que em italiano deu fontana — como está na famosa Fontana di Trevi — a maior e mais ambiciosa construção de fontes barrocas da Itália, localizada no rione Trevi, em Roma (Wikipedia - aqui)
Fontana di Trevi - Reprodução. Wikipedia
Fontanário (= fontenário, fontal, fontanal), como adjetivo, significa relativo a fonte ou às suas nascentes (Aulete, 2a. edição brasileira).
Há também a grafia fontenário e o substantivo marco fontenário.
Confira:
Diccionário Prático Illustrado - Séguier - 4a. ed., Lelo, Porto, 1935
Resumo histórico do fontanário de Águas Virtuosas de Lambary
Do artigo A POLÍTICA HIDRÁULICA NAS ESTÂNCIAS BALNEÁRIAS DE ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY E BAEPENDY(CAXAMBU) EM FINAIS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX, apresentado no XVII Encontro Regional ANPUH/MG, realizado em Mariana (Julho/2012), pelo historiador lambariense Francislei Lima da Silva, disponível AQUI, colhemos o seguinte resumo:
A região do Sul de Minas tem o seu passado histórico marcado pela edificação das estâncias balneárias de Águas Virtuosas de Lambary e Águas Virtuosas do Caxambu, em finais do século XIX e início do século XX. Duas vilas transformadas em Hidrópolis: centros difusores de hábitos saudáveis e civilizados, que fundaram seus princípios a partir do poder de cura das águas minerais. Sua particularidade esteve no esforço por equipar as vilas com monumentos da água, que ofereceram uma abundancia de recursos hídricos, combinando o conhecimento de hidráulica ao do engenheiro e do arquiteto. A construção de fontes, pavilhões e chafarizes favoreceu o processo de edificação do complexo aquífero. (O grifo não é do original.)
Francislei — cujo artigo acima recomendamos seja lido por inteiro — referindo-se às fontes, pavilhões e chafarizes de Águas Virtuosas de Lambary, diz que
Retomando os exemplos das fontes do Parque de Lambary, perscrutamos as fases de revestimento das fontes com manilhas de cerâmica e tijolos de barro cozido e a canalização das mesmas para desaguar no Ribeirão Mumbuca e estruturação do balneário. Nessas imagens observamos os trabalhadores juntos do engenheiro responsável pela obra, o engenheiro Benjamin Jacob.
............
Concluídas as obras de canalização das fontes, completou-se a empreitada com a edificação do fontanário. (O grifo é nosso.)
Sequência fotográfica da construção do fontanário
Turistas, no Parque das Águas, em 1905.
1905/06 - Captação e separação das nascentes
As águas das fontes n. 1 e 2 já trazidas à superfície por intermédio de manilhas de 8 polegadas.Vê-se no primeiro plano o engenheiro Benjamin Jacob |
|
1909/1911 - Construção do pavilhão
Blueprint do pavilhão das fontes. Reprodução. Poley & Ferreira (1908).
Essa firma foi contratada por Américo Werneck para realizar os projetos de melhoramento e embelezamento da estância de Águas Virtuosas de Lambary (ver: aqui)
O pavilhão - Postal dos anos 1920 - À esquerda, a casa de copos
Cromo - Pavilhão das fontes de Águas Virtuosas de Lambari
O pavilhão de ferro foi retirado nos anos 1960, quando da reforma do Parque das Águas realizada pela Hidrominas (aqui)
Diz o memorialista José Nicolau Miléo que o pavilhão estava "corroído pelo tempo, e imprestável, e veio a ser substituído e o parque totalmente reformado."
Sobre a casa de copos, diz Francislei Lima da Silva:
Ao aquático foi oferecida toda comodidade, estando o pavilhão das fontes construído junto ao Balneário e à casa de copos, interligados ao parque por vários caminhos. Tomando da água, durante as horas recomendadas, o aquático poderia deixar sua caneca no cavalete posto junto das fontes, enquanto descansava nos jardins ou jogava no Cassino das Fontes dentro do prédio do Balneário, até que desse a hora de retornar para a ingestão de mais uma dosagem da água indicada. (Grifei.)
Assim, a casa de copos
funcionava como uma pequena loja de canecas ou copos decorados com uma pintura e/ou gravação do nome da estância, a fim de que o turista pudesse utilizar-se dele durante as vezes do dia em que tivesse de tomar das águas, conforme a indicação do médico da estância. (...) possuía prateleiras e ganchos para acondicionar cada utensílio. (Lima da Silva, cit.)
Na Série Parque das Águas, deste site, falamos sobre a casa de copos (aqui)
A casa de copos - Anos 1940. Reprodução. Facebook/Murilo Pereira Coelho/Acervo de Ludgero Augusto Pereira (Zico)
Ilustração: Projeto do Cassino de Lambari, elaborado por Poley & Ferreira (RJ) - Recorte
Neste post, vamos recordar projetos de obras históricas de Águas Virtuosas de Lambari: Cassino, Igreja Matriz e Hotel Imperial.
E vamos também comparar os projetos e as obras que foram realizadas.
Vamos lá.
Como se sabe, os projetos das obras de reforma e embelezamento da estância de Águas Virtuosas, na gestão do prefeito Américo Werneck (primeira década do Séc. XX), foram feitas pela firma Poley & Ferreira, do Rio de Janeiro.
Confira estes posts:
Entre as obras de Werneck, o Cassino foi a mais célebre.
Veja este projeto, da Poley & Ferreira, muito próximo da obra inaugurada em 1911:
O Cassino de Lambari, em 1911, na inauguração:
O Cassino de Lambari, em 2012
Já contamos a história da construção da Igreja Matriz de N. S. Saúde, de Lambari. AQUI.
E registramos que Benedito Calixto de Jesus Neto, que fez o projeto arquitetônico da nossa matriz, é também o autor do projeto do Santuário de N. S. Aparecida. AQUI
Mostramos também o projeto abaixo, que não foi o projeto vencedor:
Projeto da igreja matriz de Lambari, que não foi aproveitado
Desenho da igreja Matriz N. S. Saúde, Lambari, MG, segundo projeto Calixto Neto
Igreja matriz, postal dos anos 1960 (recortado)
A história do Hotel Imperial, de Lambari, MG, em razão de sua importância histórica para nossa cidade, foi contada no GUIMAGUINHAS.
Confira AQUI.
Recorde também este post sobre o Hotel Mello AQUI.
No primitivo terreno do Hotel Mello é que foi construído o Hotel Imperial.
Esse terreno começa na Rua Afonso de Vilhena Paiva, no antigo Hotel Ideal,
passa defronte a Praça João de Almeida Lisboa
e termina na Parada Mello.
Confira agora o projeto da construção do Hotel Imperial, feito nos anos 1940. No canto esquerdo, veem-se as antigas instalações do Hotel Mello, que parcialmente existem até hoje.
As dependências primitivas do Hotel Mello
Reprodução: Revista Fon Fon, 1950 (bn.digital.gov.br)
Antigo postal do Hotel Imperial, Lambari, MG
No final dos anos 1950, foi projetado mas não construído o Edifício José Ieno, como está nas propagandas abaixo.
Confira:
Projeto Edifício José Ieno. Reprodução. Última Hora, 15, jul, 1959 (bn.digital.gov.br)
Ilustração: Recorte do folheto com o programa da VIIa. CONVENÇÃO DO DISTRITO L-20, promovida pelo Lions Club de Lambari, em 1977
Clube de serviço é uma organização sem fins lucrativos de trabalho voluntário e humanitário, voltado a realização de serviços sociais, culturais, cívicos, morais, associando também esforços em prol da boa vontade e da paz em âmbito mundial.
Em Lambari, na segunda metade dos anos 1900, funcionaram dois desses clubes: o Lions e o Rotary.
Abaixo vão registros de suas atividades entre nós.
Vamos lá.
Quem são os "leões"?
Fonte: Folheto Sou Leão - disponível aqui
Abaixo vão os propósitos do Lions Clube para o Ano Leonístico de 2018/2019:
Fonte: Associação Internacional de Lions Clube - Estatuto e Regulamento - Padrão de Clube - Disponível aqui
O Objetivo do Rotary é estimular e fomentar o Ideal de Servir, como base de todo empreendimento digno.
Rotary é uma organização de líderes de negócios e profissionais, unidos no mundo inteiro, que prestam serviços humanitários, fomentam um elevado padrão de ética em todas as profissões e ajudam a estabelecer a paz e a boa vontade no mundo.
Fonte: Noções básicas do Rotary - disponível aqui
Convenção do Lions em Lambari (1977)
Nos dias 17 a 19 de março de 1977, ocorreu em Lambari a VIIa. CONVENÇÃO DO DISTRITO L-20, promovida pelo Lions Club de Lambari.
Capa do folheto com a programação do evento
Os membros do Lions em Lambari (1977)
Membros da diretoria do Lions de Lambari, biênio 1976-77
Informações turísticas sobre Lambari
O diretor do Distrito L-20 e o diretor-geral da Convenção
Homenagem ao então prefeito municipal de Lambari
Antônio Basílio de Carvalho, o Neguinho, era membro do Lions e proprietário da rede de Supermercados ABC, que patrocinou a impressão do folheto
Reunião do Rotary Clube - Anos 1980
Membros do Rotary Clube de Lambari, após uma reunião de trabalho (anos 1980).
Na foto, da direita para esquerda, de cima para baixo: Clóvis Chagas, [encoberto] e Paulo (fiscal aposentado); Antônio Henrique da Cruz (Tonhão), Seo Mozart e Walter Junqueira; Wílson (SAAE), Ronaldo Castro, [?] e Toninho Dentista; Rominho Viola, Wílson Krauss, Moisés do Correio; Toninho (Melo) e Chico de Castro; Rafael Pinotti e Vitório Coppe (gerente Bemge) e [?] ; [?], Virgilinho Ribeiro, José Astério, Gilberto Passos, Romeu da Cemig e Américo Dias (Jesuânia)
Ilustração: Camisa/escudo do Águas Virtuosas. Estilizados.
Nos anos 1940, o futebol de Lambari era bastante movimentado, e o time do Águas Virtuosas despontava-se em toda a região.
Além do time do Águas, que disputava torneios regionais, diversos times amadores da cidade (Comercial, Verde, S.O.L., Vasquinho, entre outros) jogavam disputadíssimos torneios municipais.
Abaixo, duas fotos ilustram essa época.
Confira.
Time do Águas Virtuosas (camisa branca com faixa vermelha) Em pé: Moacir Biguá e outros. Agachados: Maurício de Souza, Val, Hélio Fernandes e Quinzinho.
Note-se que há 2 atletas com típicos bonés de futebol da época e um grande movimento de pessoas, mulheres inclusive, que assistiam aos jogos.
Time amador, no antigo campo do Águas Virtuosas. Em pé: Toninho, Carlinhos Castilho, Paulinho Castilho, João Fubá e Moacir Biguá, entre outros. Agachados: Clóvis Chagas, Marquinhos Capistrano, Fabiano Krauss, Marcelo Monte, Joaquim Leite e Pedro (Barbeiro). Reprodução. Facebook/memoriasdelambari