JORNAL O CRACK e a RÁDIO SÃO LOURENÇO - LDSL/1951-53
Ilustração: Título/capa do jornal O CRACK, de São Lourenço, MG, circulou no início dos anos 1950
No início dos anos 1950, a Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL) organizou memoráveis campeonatos regionais, dos quais participaram equipes de São Lourenço, Caxambu, Lambari, Soledade, Silvestre Ferraz (atual Carmo de Minas), Itamonte, Passa Quatro, Virgínia, Baependi.
Por essa época, o jornal O Crack e a Rádio São Lourenço faziam completa cobertura dos eventos.
Com base em edições do jornal O Crack que possuímos (anos 1951/53), vamos resgatar um pouco dessa história.
Vamos lá.
Dirigido por Synezio Fagundes, sendo secretário Luiz F. Rocha Fragoso, e com José di Lorenzo e José Bacha Filho como diretores e redatores, o semanário O Crack era, por aqueles inícios dos anos 1950, "a única folha esportiva do Sul de Minas".
Reprodução. Jornal O Crack, 29, ago, 1951
Os mesmos José di Lorenzo e José Bacha Filho apresentavam pela Rádio São Lourenço, às segundas e sextas-feiras, às 19 horas, o programa Rádio Esporte U-3.
Os campeões da LDSL de 1951 a 1953
Com base nas informações que obtivemos, no início dos anos 1950, conquistaram os campeonatos da Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL) os seguintes:
Campeonato da Liga Desportiva Caxambuense - 1949
Esporte Clube São Lourenço - Campeão da Liga Caxambuense de 1949.
Confira o vídeo abaixo. Fonte: Youtube
Na foto, entre outros: Perrela, Lauro, Jair, Rui, Casca, Pinellinho, Quezar, Eneas, Pinelle e Araújo.
Veja no Youtube filme sobre essa conquista do Esporte - aqui
O Ubiratan de Silvestre Ferraz (Carmo de Minas, a partir de 1953) sagrou-se campeão da LDSL de 1951, ficando em segundo lugar o time do Esporte Clube São Lourenço.
Abaixo, instantes fotográficos dos times:
Ubiratan. Silvestre Ferraz. Campeão de 1951.
Na foto: Julino, Bacelar, João do Brás, Didi, Renato, José Fernando, Jota. Agachados: Pinelinho, Luís Carmelino, Pinelão, Jairo e Passo Quatro.
Reprodução. http://folhanova.com.br/
Esporte. São Lourenço. Vice-campeão de 1951.
Na foto: Jahi, Velho, Lita, Rui, João, Paulino. Agachados: Afonso, Hélio, Henrique, Enéas e Araújo
O Campeonato da LDSL de 1953 foi decidido numa melhor de três partidas entre o Águas Virtuosas Futebol Clube e o Esporte Clube São Lourenço.
Sobre essa disputa, vencida pelo Esporte, veja-se os posts seguintes, publicados aqui no GUIMAGUINHAS em 2017:
O Esporte Clube São Lourenço no GUIMAGUINHAS
O Esporte Clube São Lourenço e o Águas Virtuosas Futebol Clube são tradicionais rivais do futebol Sul Mineiro, com uma longa história de jogos, vitórias, derrotas e conquistas de campeonatos.
Nos anos 1970, o autor deste site GUIMAGUINHAS, como atleta do G.R. ABI e do Águas Virtuosas, jogou muitas vezes contra o Esporte de São Lourenço. E assim também nos anos 1980, no time de Veteranos.
1975: Gol do Águas, contra o Esporte de São Lourenço. Pela ordem: Jorginho, Gabriel (de costas) e Guima, comemorando.
[Sobre Jorginho (Coca-cola), já falecido, veja este post: aqui]
Nos links abaixo, há diversos posts do site GUIMAGUINHAS que ajudam a resgatar pedaços dessa história.
Confira.
Camisa do Esporte Clube São Lourenço (Casa Barros)
Camisa do Águas Virtuosas, com as estrelas das conquistas de campeonatos da LDSL
Reprodução de uma revista sobre a Copa de 1958, mostrando a Taça Jules Rimet
Ilustração: Recorte foto time do Águas Virtuosas dos anos 1950 (Pinellinho, Val, Alair, Nenê e Quinzinho)
Desde os anos 1930, o Águas Virtuosas Futebol Clube se destacou como um dos grandes times de futebol amador do Sul de Minas, como já contamos aqui no GUIMAGUINHAS.
Retrospectivamente, podemos visualizar os grandes times do Águas Virtuosas por gerações, deste modo:
E certamente os maiores times da história do Águas Virtuosas — e os atletas mais destacados —se formaram nos anos 1940/50.
Veja um pouco dessa história, a seguir.
Os grandes craques dos anos 1940/1950
Muitos são os craques desse período, e entre eles podemos citar:
Veja algumas histórias sobre os seguintes craques dessa geração:
Os grandes times do Águas Virtuosas dos anos 1940/1950
Águas Virtuosas dos anos 1950. Na foto, entre outros, em pé: Dr. Ferreira, Cunha, Rely, Crisóstomo, Gidão, João André, Lilico, Vaca e Manoel Correia . Agachados: Professor Raimundo, Quinzinho, Nenê Nascimento, Laerte, Hélio Fernandes, Pinellinho e Chico de Castro.
Em pé, entre outros: Crisóstomo, Hélio, Vavá, Zé do Diabo, Gidão. Agachados: Pinellinho, Val, Nenê e Quinzinho
Em pé, entre outros: Hélio Fernandes, Crisóstomo, João André. Agachados: João Rely, Pinelinho.
Propaganda dos jogos dos anos 1940/1950
Bombásticos e pomposos, os cartazes de propaganda anunciavam os jogos e os destaques das partidas.
Jogo Águas Virtuosas X E. C. Itanhandu - 18/set/1955
O cartaz destacava a "esquadra rubra" como uma das expressões máximas do futebol sul-mineiro e citava os craques Crisóstomo, Laerte, Alemão, Vaca, Zé do Diabo, Rely, entre outros. |
Jogo Águas Virtuosas X T.A.C. de Três Pontas - Anos 1950
Diz a propaganda: Salientam-se no "onze Lambariense", Vaca, arrojado e seguro guardião; Alemão e Joãozinho (João André, o Zé do Diabo) exímios defensorses que, juntamente com o notável centro médio Crisóstomo formam uma perfeita linha de médios. Na ofensiva, deve-se destacar os nomes de Hélio Fernandes, infiltrador, ponta de lança de grandes méritos e os irmãos Pinelli, estes, já defenderam as cores do UBIRATAN e SELECIONADO MINEIRO DE AMADORES. |
A mais poderosa e respeitada equipe do Sul de Minas
Jogo Águas Virtuosas X C. E. Passense - 18 de julho de 1954
[O Águas Virtuosas conta] em seu plantel grandes craques que constituem a mais poderosa e respeitada equipe de futebol do Sul de Minas, que conta em seu cartel nada menos de 25 jogos invictos (...) |
Ilustração: O trem chegando. Painel na Parada Mello, em Lambari, MG. Trabalho do artista José Mateus de Oliveira
E o cenário das brincadeiras e das artes se expandiu. Pra resumir e pra contar só o diferente, se brincava de trolinho de cabo de vassoura que a gente fabricava pra descer, a jato, o morro da Paradinha Melo. Os trolinhos eram dois cabos de vassouras postos em paralelo, com a parte de baixo untada de sebo de vaca, travados pelo assento e pelo apoio de pé, feitos de madeira.
(Do livro MENINO-SERELEPE)
Não há quem nascido e criado em Águas Virtuosas de Lambari nas cinco primeiras décadas dos anos 1900 que não tenha uma história para contar sobre a Paradinha Mello...
De fato, inaugurada em 1894 e ampliada em 1908, o Apeadeiro Mello (nome primitivo) passou à memória de nossa cidade como Parada Mello, ou carinhosamente como Paradinha Mello, deixando atrás de si um rastro de histórias...
Reprodução: O Paiz, 27, ago, 1908 (bn.digital.gov.br)
Neste post vamos recordar algumas delas e também o andamento das obras de restauração por que vem passando aquele memorável pedacinho de Águas Virtuosas de Lambari.
Vamos lá.
A Paradinha Mello aqui no site Guimaguinhas
Sobre a Paradinha Mello, veja estes posts:
Um texto romanceado sobre a chegada de um turista na Parada Mello, para se hospedar no Hotel Imperial
Assim se chamava inicialmente a nossa Paradinha Mello
Post sobre a reforma da Parada Mello
Série de posts sobre o trem de Águas Virtuosas de Lambary
Depois escalávamos o barranco que dava pros lados da casa do Copide, cruzávamos a cerca-viva de cana-da-índia, saltávamos no leito da linha do trem, percorríamos um trecho até a Parada Mello e por ela reentrávamos no Hotel Imperial, que ali havia um acesso para os passageiros que chegavam de trem. Mas por esse tempo, já trem não havia mais.
(Do livro MENINO-SERELEPE)
O texto acima refere-se a uma das "muitas aventuras do Menino-Serelepe" na Parada Mello, e como eu muitas crianças passaram por ali a busca de diversão...
E adultos também contam histórias, como esta:
"Nem precisei fechar os olhos para ver as janelas, levantadas por causa das fagulhas, com as letras RMV, naquele branco fosco, embutidas no vidro. Até senti o gosto — mais açucarado, impossível — do Guaraná Radar, fabricado em Passa-Quatro, logo ali depois de Cruzeiro. De 1939 até 1963, passamos as férias em Lambari. Os primeiros 14 anos descendo na Parada estação de Lambari mesmo. O vagão dormia lá, a gente chegava com tempo para se acomodar, a bagagem. Aí chegava a Maria Fumaça puxando os vagões de São Melo, junto do Hotel Imperial. Na volta o embarque era pela Gonçalo do Sapucaí e Cambuquira. Tinha aquele vai-vem, o engate do nosso vagão e a descida até Cruzeiro" (João Luiz de Albuquerque, 06/2006).
Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil - Parada Melo - aqui
A mais antiga foto da Paradinha Mello
É de 1914, a foto abaixo, que retrata turistas descendo na Paradinha Mello, para se hospedarem no Hotel Mello, que pode ser visto ao fundo, à esquerda.
Reprodução: Revista Fon Fon n. 17, de 1914 (bn.digital.gov.br)
Fotos das obras de revitalização
Estão em fase de acabamento os belos e memoráveis painéis do artista José Mateus de Oliveira.
E suas pinturas também contam histórias: viajantes que chegam, o maleiro que recolhe as bagagens, o homem que lê jornal, o trem cheio de crianças...
O artista diante de sua obra: José Mateus de Oliveira posa para o autor deste post
Dona Tal mata saudades do trem de Aguinhas
Muitas histórias pra contar sobre o trem de Águas Virtuosas e de suas estações (a principal e a Parada Mello), tem também Teresa Salles Krauss, conhecida por Dona Tal.
De fato, Dona Tal é a remanescente mais velha do casal Joaquim Salles e Emília Bispo Salles, ele o último agente da estação de trem de Lambari.
Joaquim Salles e netas (Celeste Emília e Maria Dorotéia), nos anos 1960.
Desde o nascimento, Teresa sempre viveu numa estação ou num vagão de trem, tendo acompanhado os pais por Ribeirão Vermelho (perto de Lavras), São Gonçalo do Sapucaí e Freitas (município de Soledade de Minas). Nessa última, as condições eram precárias e a família residia num velho vagão estacionado no pátio da estação, próximo do Rio Verde.
Em Lambari, morava na casa ao lado da estação e ali também passou seus primeiros anos de casada.
Aos fundos e à esquerda da foto, ficava a residência de Joaquim Salles, agente da estação
Sentada, Dona Emília e Celeste, a primeira neta e filha mais velha de Dona Tal
Uma das diversões dos filhos do agente da estação, Dona Tal, inclusive, era apanhar o trem na estação principal e descer, 300 m depois, na Paradinha Mello... ou vice-versa....
Abaixo, Dona Tal, hoje já passada dos 80 anos, matando saudades de românticos tempos antigos...
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.
Ilustração: Recorte capa Projeto SIGA-CIRCUITO DAS ÁGUAS. Codemge/MG
As primeiras nascentes de águas minerais do Sul de Minas foram descobertas em 1780/90, aos pés da Serra da Campanha (atual Serra das Águas) — e ficaram conhecidas, inicialmente, por:
Essas fontes deram origem à cidade de Águas Virtuosas de Lambary, município criado em 1901, cujo nome foi alterado para Lambari, no ano de 1930.
A expressão águas virtuosas foi associada também às águas de Caxambu e Cambuquira, descobertas posteriormente às de Lambari.
As Águas Virtuosas de Baependy (depois Caxambu) foram descobertas em 1814, e as Águas Virtuosas de Cambuquira, nos anos 1860.
Em dezembro de 2018, vieram à luz os resultados da pesquisa denominada Projeto Circuito das Águas de Minas Gerais, promovida pelo Governo Mineiro, por intermédio da CODEMG/Fundep/UFMG, que trouxe novos e interessantes dados sobre a origem das nossas águas e os fatores que as influenciam.
Confiram o resumo a seguir.
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Projeto Circuito das Águas (Sul de Minas Gerais)
O Projeto Circuito das Águas, realizado pela Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), atualizou e aprofundou os conhecimentos técnico-científicos sobre as áreas de fontes hidrominerais na Bacia do Rio Verde, que abrange a estâncias hidrominerais de Caxambu, Cambuquira (Marimbeiro), Conceição do Rio Verde (Contendas) e Lambari.
Os estudos, feitos por intermédio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep/UFMG), trouxeram nova visão da origem e dos fatores que influenciam as águas minerais da região.
A pesquisa, coordenada por Antônio Carlos Pedrosa Soares, da UFMG, durou 11 meses e custou 2 milhões de reais ao Governo do Estado.
Em dezembro de 2018, Pedrosa Soares, da UFMG, que apresentou os resultados da pesquisa, informou:
Foi, na verdade, uma verdadeira revolução no entendimento da origem e da circulação das águas minerais do Circuito das Águas.
Trata-se de um projeto que estuda as águas minerais dessa região com métodos robustos e detalhamento de campo. Ou seja, uma verdadeira quebra de paradigma, no entendimento da Codemge, pois, com os resultados e conclusões do projeto, a Empresa agora pode colocar a público um grande acervo de informações transformadoras do modelo hidrogeológico que vinha sendo adotado para a região.
Prof. Pedro Soares apresentando os resultados da pesquisa. Reprodução/Fonte: Fundep/UFMG
Fonte: http://www.fundep.ufmg.br/projeto-circuito-das-aguas/
Os principais pontos das novas descobertas
A pesquisa traz importantes descobertas e conclusões sobre o maior patrimônio da região do Circuito das Águas — as nossas Águas Virtuosas.
Vejamos os pontos principais:
Fonte: http://www.fundep.ufmg.br/projeto-circuito-das-aguas/
Os produtos do Projeto Circuito das Águas de Minas Gerais (CODEMGE – FUNDEP) são o Sistema de Informações Geoambientais do Circuito das Águas, sob a denominação geral de
O livro acima faz parte do sistema supracitado
O livro SIGA - CIRCUITO DAS ÁGUAS está disponível AQUI
A plataforma informatizada SIGA – CIRCUITO DAS ÁGUAS tem como objetivo a ampla e ágil divulgação da informação, bem como o seu uso em computadores e outros dispositivos eletrônicos, facilitando a sua utilização para fins científicos, educacionais e de controle, assim como para elaborar materiais informativos de divulgação pública.
Fonte: http://www.fundep.ufmg.br/projeto-circuito-das-aguas/
Estudo descobre que fontes do Circuito das Águas são resultado de acúmulo de mais de 30 mil anos
Pesquisadores concluíram que águas minerais são resultado de acúmulo das chuvas.
Reprodução. Fonte: G1 - EPTV - Sul de Minas
Confira este vídeo aqui
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Ilustração: Lance de gol do time do Águas Virtuosas. Caxambu - 1948. Os atacantes que aparecem na foto são Hélio Fernandes e Val.
Abaixo vão fotos do time do Águas Virtuosas dos anos 1940 e 1950.
Há também uma foto de lance de jogo do Águas Virtuosas em Caxambu, em 1948, em que aparecem os atacantes Hélio Fernandes e Val.
Em próximos números, vamos publicar fotos de times e lances de jogos do campeonato da Liga de Caxambu do ano de 1948. Aguardem.
Todas essas fotos foram cedidas pela família de José Sgarbi Astério, a quem agradecemos.
Entre outros: em pé: Val, Rely e Nenen Nascimento. Agachados: Maurício Souza, Quinzinho, João Fernandes, Betinho Santoro
Entre outros: em pé: João Fernandes, Crisóstomo, Val, Maurício Souza, Nenen Nascimento e Betinho Santoro
Lance de ataque - Time do Águas - 1948
Jogo pela Liga de Caxambu - 1948 - no Campo do CRAC. De frente do lance: Hélio Nascimento e Val, atcantes do Águas Virtuosas
Entre outros, em pé: Crisóstomo, Hélio Fernandes, João Modesto, Gidão, Vavá Bacha e Cunha. Agachados: Maurício Souza, Beto do Amâncio, Quinzinho, Nenen Nascimento e Pinelinho.
No início dos anos 1950, começava a se desenhar o time do Águas Virtuosas, que viria a ser vice-campeão em 1953, conforme já contamos aqui.
Agradecemos aos familiares de José Sgarbi Astério e Betinho Santoro pela cessão das fotos