Ilustração: Anunciação aos pastores (Heures a l"Usage de Paris). Reprodução
Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho.
E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.
E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo:
Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura.
Evangelho de Lucas 2:8-12
BOM NATAL E FELIZ 2019
Aos visitantes e colaboradores do site GUIMAGUINHAS desejamos votos de um Feliz Natal e um 2019 de Paz e Prosperidade.
Referências
Ilustração: Selo em postal de Águas Virtuosas de Lambary - 9 de maio de 1912
Como dissemos na página do Facebook do site Guimaguinhas (aqui), deve ocorrer nos próximos dias a reinauguração do CASSINO DE LAMBARI, obra de Américo Werneck.
Facebook/historiasdeaguinhas - Reprodução
De fato, dias antes, a notícia já estava nas redes sociais. Veja-se este post do historiador lambariense Francislei Lima da Silva:
Facebook/francislei.limadasilva - Reprodução
Pois bem, hoje vamos compartilhar com os amigos do site GUIMAGUINHAS uma raro cartão postal colorido do Cassino e Leiteria, inaugurados pelo Presidente da República Hermes da Fonseca, em 1911.
Vamos lá.
Posts sobre as obras de Américo Werneck disponíveis no site GUIMAGUINHAS
Abaixo um raro e histórico cartão postal de Águas Virtuosas, mostrando o Casino e Estabulo de Lambary.
E por que então dizia-se leiteria e não estábulo?
Como visto aqui e aqui, a leiteria, inaugurada em 1911 como tal, na realidade tratava-se de um estábulo adaptado, cuja obra não foi concluída e nunca cumpriu sua finalidade: servir leite fresco, ao pé da vaca, para os turistas, crianças e convalescentes.
O cartão postal foi endereçado a Maria Barguetia Marcondes Pestana, residente na Rua Vasco da Gama, n. 11, São Paulo, e em seu verso está escrito:
Lambary, 9-5-12
Que todos estejam bem são os meus desejos.
Fui bem de viagem e tenho passado melhor do estômago.
Espero estar de volta pelo fim deste.
Lembranças a todos.
M. J. Rodrigues Vilhena
Ilustração: Propaganda da IMASA (recorte)
Na Série Aguinhas já teve, publicamos os seguintes posts:
Hoje voltamos ao tema para relembrar a IMASA, fábrica de limpadores de para-brisas inaugurada em Lambari em abril de 1977, e que também já se foi...
Vamos lá.
A IMASA foi fundada em abril de 1977 pelos irmãos Silvio José da Cruz e Antônio Henrique da Cruz, então proprietários das Indústrias ABI S.A., e o evento contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o governador de Minas Gerais Aureliano Chaves de Mendonça.
Reprodução - Jornal do Comércio, 13, abril, 1977
Inauguração pelo governador Aureliano Chaves
O evento de inauguração contou com a presença do governador do Estado Aureliano Chaves e de autoridades e convidados.
O governador Aureliano Chaves examina um para-brisa fabricado pela IMASA
O governador recebe cumprimentos. Ao fundo, de terno branco, Sílvio Cruz
Antônio Henrique mostra ao governador um para-brisa que acabara de ser produzido
À esquerda, de terno branco, o promotor Toninho Ferreira. Ao fundo, vê-se Egídio Ieno, contador da empresa
Destinadas aos Estados Unidos, México, Venezuela e outros países da América Latina, diversas caixas do produto aguardavam o transporte até o Porto de Santos.
Caixas com limpadores de para-brisas para exportação
Cleuza de Souza, funcionária da IMASA
Ilustração: Egberto (Véio), Guima e Jorginho Coca-Cola, no time do Águas Virtuosas de 1975
SUMÁRIO
Dois ex-jogadores que passaram pelo Águas Virtuosas Futebol Clube faleceram recentemente. O lambariense José Carlos da Silva — o Carlinhos — que era tratado por Cabritinho, e Jorge Ferrari Filho, tricordiano, conhecido por Jorginho Coca-Cola.
Homenageando sua memória, e abraçando seus familiares, vamos recordar um pouco de sua passagem pelo nosso clube.
Cabritinho jogou no Vasquinho e no Águas Virtuosas nos anos 1960, e atuava na lateral-direita. Exercia a profissão de sapateiro e tinha oficina num prédio antigo, que foi demolido e deu origem à Caixa Federal (esquina das ruas Garção Stockler e Wadih Bacha).
Cabritinho e familiares (Reprodução. Facebook/Luiz Carlos da Silva (Cal)
Por essa época (anos 1960), eu atuava no Juvenil do Águas e participava dos treinos do time profissional do Águas Virtuosas. Eu, Xepinha, Rubens Nélson, entre outros do time Juvenil, sempre íamos visitá-lo na sapataria conversar sobre futebol, e aproveitávamos para dar um trato em nossas chuteiras: remendos, travas, graxas...
Nos anos 1970, mudou-se para São Paulo, e por lá se aposentou. Passou os últimos tempos em Lambari, e aqui faleceu em 2018.
Vasquinho dos anos 1960: Em pé, entre outros: Guinho, Zoinho, Cabritinho, Gil, Nambu, Tinz, Delém, Jaú e Chanchinha. Agachados:Zé Aírton, Sérgio, Ampirinho, Zezé Gregatti, Betinho e Chá.
Águas (amador), anos 1960: Em pé, Ademir, Nambu, Chanchinha, Chá, Alemão, Motinha e Delém. Agachados: Cabritinho, Sérgio, Valmando, Evaldo, Betinho e Zezé Gregatti
Águas 1960 (base do time que se tornaria profissional em 1967): Em pé, entre outros: Cabritinho, Delém, Motinha, Zezé Gregatti e Folhão. Agachados: Valmando, Miltinho, Damião, Betinho e Evaldo.
Jorginho atuou em Lambari, pelo Águas Virtuosas, nos anos 1970. De estilo alegre e brincalhão, era o mais falante e gozador de todo o grupo.
Jogava como atacante, e, mesmo sendo de estatutura baixa, enfrentava bravamente zagueiros altos e fortes e era excelente cabeceador.
Depois dessa época, nos encontramos em jogos por times de Veteranos de Lambari e Três Corações, onde reencontrávamos outros tricordianos que atuaram em Lambari: Coador, Adílson, Hélio Alves, Ita...
Reprodução. Facebook Valerio Neder
Time do Águas (1975). Em pé: Edson, Tinz, Celinho, Tucci e Gabriel. Agachados: Véio, Guima, Jorginho, Xepinha e Décio.
1975: Gol do Águas, contra o Esporte de São Lourenço (Jorginho, de cabeça). Na foto, pela ordem: Jorginho, Gabriel (de costas) e Guima, comemorando.
Ilustração: Capa do livro Frazes feitas, de João Ribeiro
Vocabulário de Aguinhas
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e
trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na
língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do
Sul de Minas Gerais.
(Do livro inédito : Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães)
Pelo que respeita à linguagem, tanto culta, como familiar ou popular,
é lá [em Minas Gerais] que me parece estar a feição primitiva.
(Gladstone C. de Melo, linguista e professor, de Campanha, MG,no livro A língua do Brasil)
Como já dissemos nesta Série Vocabulário de Aguinhas, no Apêndice ao livro Menino-Serelepe (*) inserimos um pequeno vocabulário, com cerca de quinhentas palavras e expressões utilizadas na elaboração das narrativas das memórias de minha infância.
Os mais antigos hão de se lembrar de expressões como estas, por exemplos:
Confira aqui os significados
Abaixo vai uma pequena seleção de expressões típicas e curiosas que se falavam naqueles anos 1960 nesta região do Sul de Minas.
Vamos lá.
Vocabulário de Aguinhas - Seleção de expressões típicas do Sul de Minas
Num texto que publicamos aqui no GUIMAGUINHAS (Sentinelas da língua, aqui), falamos de João Ribeiro e seu livro Frases feitas, um clássico da fraseologia brasileira.
Reprodução: Internet
A modesta coletânea abaixo é uma pálida imagem dessa grande obra.
Veja agora uma amostra [das letras A a E] de expressões colhidas do nosso Vocabulário de Aguinhas:
A leite de pato: Jogar de brincadeira, sem valer nada.
À riviria: Corruptela de à revelia, com o sentido de grande quantidade, fartura, exagero, descontrole.
Às encobertas: Às escondidas.
Às gatas: A todo custo [à gata].
Água de barrela: Água em que se ferve cinza que é usada para branquear roupa.
Andar de bonde: Andar de braços dados. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]
Um casal e filha passeiam por Águas Virtuosas de Lambari, início dos anos 1900 (Acervo de João Gomes d'Almeida e João Gomes de Almeida Filho)
Andar de latinha: Caminhar sobre latinhas (geralmente de massa de tomate), nas quais se fez um furo e se passou um barbante para encaixar o dedão do pé e controlar os passos.
Reprodução:dicasdemaeparamae.blogspot.com
Bar copo-sujo: Botequim. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]
Beata de fita: Mulher muito rezadeira que usa fita de alguma congregação.
Boi da guia: Animal que, em um carro de bois, faz parte da dupla dianteira.
Câimbra de sangue: Corruptela de câmaras ou cambras. Diarréia forte, com fluxo de gotas de sangue.
Caixa-pregos: Lugar muito distante.
Cafundó do Judas: Lugar distante e de difícil acesso.
Camisa de onze varas: Dificuldade grande em que alguém se mete e da qual é difícil ou impossível sair.
Canto chorado: Da expressão “Trazer num canto chorado”, isto é, debaixo de rigorosa vigilância.
Chá de marmeleiro: Surra de vara de marmelo, que são varas longas e flexíveis, bem jeitosas para se bater.
Chamar na chincha: Chincha é uma faixa de couro ou de qualquer tecido forte, que se usa, sempre bem justa, para segurar a sela. Chamar na chincha = Dar um aperto.
Cheio de nove-horas: Gente presumida, complicada, enjoada.
Cortar talão: Pagar imposto na coletoria, onde o documento era selado. Por extensão: passar escritura.
Couro atanado: Couro curtido com casca de angico, ou outros vegetais que possuem o tanino.
Reprodução: Freeimages
Dar o pira: Fugir, dar o fora, desaparecer rapidamente.
Dar pepé: Fazer com as mãos apoio para que alguém ponha os pés com o intuito de ganhar altura e saltar um muro, subir num móvel, etc.
De chifre cheio: Bêbado, encachaçado.
De mamando a caducando: De criança a homem velho.
De entuviada: Depressa; desordenadamente.
Dever os cabelos da cabeça: Estar muito endividado.
Dia de saco: Dia de sábado. [Costume do interior: Dia de sair da venda com o saco de compras da semana.]
Antigo saco de estopa (Reprodução: Mercado Livre)
Duma figa: Manifestação de pouco apreço ou de irritação.
Escovar a garganta: Pigarrear antes de falar.
Esfola-caras: Barbeiro ruim, que não sabe fazer barbas.
Estar de enguiço: Estar com má sorte, com urucubaca, azarado.
Fontes de consultas principais:
Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, neta de João Gomes d'Almeida e sobrinha de João Gomes de Almeida Filho, pelas informações prestadas e cessão das fotos utilizadas neste post.
Menino-Serelepe (*)
(*) Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem trata-se de uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.