Ilustração: Logo da TV Tupi. Reprodução. Revista Manchete, anos 1960
(...) "minha primeira TV" foi a do Hotel Rezende
(mas)... não podíamos fazer barulho na hora do Repórter Esso...
(e também era eu)... que mantinha sob controle, na ponta da língua, a programação dos desenhos, das séries e dos filmes que a turma não podia perder. Quem chegava cedo, pegava os melhores assentos, é claro, e
ficava lá esperando que a imagem do indiozinho da TV TUPI desse lugar ao início da programação.
Do livro MENINO-SERELEPE *
No post A televisão em Aguinhas (aqui), eu conto os primórdios da TV em nossa cidade, e começo dizendo assim:
Televisão foi coisa demorada e custosa, que só surgiu em Aguinhas em 1960, pelas mãos do Jairo Ferreira (da Casa Ferreira, que vendeu as primeiras TVs em Aguinhas), Benedito Garcia, Vadinho Biaso e Tião Ferreira.
E, a seguir, narro as peripécias dessa implantação e as do Menino-Serelepe para ver televisão no Hotel Rezende, e na "televizinho" das casas de minha avó e de Dona Catarina Bacha.
Pois bem, neste post vamos recordar a TV Tupi, a grande emissora daqueles anos pré-Rede Globo.
Vamos lá!
A Rede Tupi de Televisão (também conhecida como TV Tupi ou apenas Tupi) foi o conjunto de emissoras de televisão, inauguradas em setembro de 1950 em São Paulo, e em janeiro de 1951 no Rio de Janeiro. Depois, foram incorporadas a TV Itacolomi (1960) e a TV Brasília.
A TV Tupi foi a primeira emissora de televisão do Brasil e da América do Sul, e a quarta do mundo; fazia parte do grupo Diários Associados.
Em 18 de julho de 1980, devido aos vários problemas administrativos e financeiros, a concessão foi cassada pelo governo brasileiro. Outras seis emissoras, afiliadas dela, também saíram do ar. (CPDOC/TV Tupi e Wikipedia)
A TV Tupi Canal 6, do Rio de Janeiro, cobria diversas cidades da seguinte região, Lambari, entre elas:
O nome de nossa cidade aparecia nas propagandas da TV Tupi. Reprodução. Fonte: Revista Manchete (bn.digital.gov.br)
No texto TV Tupi, disponível na página eletrônica do CPDOC, informa-se que
Durante a primeira fase da televisão brasileira, as agências de publicidade criavam, redigiam e até produziam boa parte dos programas. O espaço publicitário era loteado entre os clientes, e estes o preenchiam como quisessem, geralmente batizando o programa com o nome do anunciante. Divertimentos Ducal, Gincana Kibon e Sabatinas Maizena eram alguns dos títulos de sucesso da TV Tupi (CPDOC/TV Tupi)
Vinheta da TV Tupi. Reprodução. Frame de filme do Youtube
Entre os grandes programas e novelas de sucesso da TV Tupi estão os seguintes:
Reprodução. Frame de filme do Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Corrida Maluca e Speed Racer e séries como A Feiticeira e Jeanne é um Gênio
Reprodução. Montagem. Desenhos e séries antigos. Fonte: Internet
Reprodução. Frame filme Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Disponível aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Kg6cSCgSZj0
Reprodução. Frame filme Youtube
Bem, agora, um minuto pro comercial:
Reprodução. Frame filme Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Reprodução. Frame filme Youtube
Programa Pinga-Fogo com Chico Xavier
Reprodução. Frame filme Youtube
No dia 28 de julho de 1971, o programa Pinga Fogo da TV Tupi Canal 4, de São Paulo, entrevistou o médium Chico Xavier. Foi a primeira entrevista do médium mineiro a uma rede de televisão.
O programa foi mediado por Almir Guimarães, tendo como entrevistadores os jornalistas: Realli Jr., João de Scatimburgo, Saulo Gomes e Héli Alves e J. Herculano Pires (jornalista, espírita).
A Viagem
Novela de Ivani Ribeiro, baseada na obra do Espírito André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xaviver e consultoria doutrinária de José Herculano Pires.
Reprodução. Frame filme Youtube
Abertura da novela A viagem, de 1975, com Ewerton de Castro, Rolando Boldrin, Yolanda Cardoso, Ana Rosa, Cláudio Correa de Castro, Eva Wilma e Arlete Montenegro.
Reprodução. Frame de filme do Youtube
Nos anos 1960, ouvia-se futebol pelo rádio, pois não havia transmissão ao vivo pela TV. Restava o Canal 100, que, nos cinemas, fazia a festa da geração lambariense de amantes do futebol.
Além disso, aguardávamos, tarde da noite, os programas esportivos da TV Tupi e os tapes dos jogos mais importantes, geralmente de clubes do Rio e de São Paulo.
Esses tapes, em TVs preto e branco, com imagem de má qualidade, geralmente "correndo" (como dizíamos quando a imagem da TV ficava entrecortada), me fizeram amar craques geniais como Pelé, Ademir da Guia e Garrincha, e os extraordinários times do Santos, Palmeiras e Botafogo da época.
Na equipe da Tupi, entre outros: Walter Abraão (narrador), Roberto Petri (narrador), Ely Coimbra (repórter).
1974 - Pelé despede-se do Santos, atuando contra o Corínthians
Reprodução. Frame de filme do Youtube
Para saber mais sobre a TV Tupi
Ilustração: Farol do Lago, que iluminava o Cassino de Lambari e as gôndolas que navegavam à noite pelo Lago Guanabara (Desenho de Fabiana Martins)
Cassino, Lago, Farol, Cascata do Lago e Piscina do Parque Novo — esses e muitos outros lugares de nossa cidade, por sua beleza, história e referência turística — sempre foram objeto de fotografias, postais e pinturas.
Nessa série vamos lembrar alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.
Desenho de William Gorgulho (parede do restaurante do Shopping Águas Virtuosas)
Hoje focaremos o Farol do Lago, que custou 15 contos de réis, de um total de 2.200 contos que foram gastos nas obras de remodelação da cidade (aqui).
Ao tempo de Américo Werneck, ao lado desse holofote, pretendia-se construir um bar, o que não foi concretizado.
Vamos lá!
(1) Farol do Lago e Parque Wenceslau Braz, logo após a inauguração (1911)
(1) Farol do Lago em 1920 [*] (2) Farol do Lago em 2019, dois anos após ter sido reformado e recebido nova lâmpada
Como se sabe, o Farol do Lago Guanabara (Lambari, MG), também chamado Farol da República ou Holofote, faz parte do conjunto de obras de embelezamento da estância, realizadas por Américo Werneck na primeira década dos anos 1900. (aqui)
Farol da República seria uma referência ao republicanismo de Werneck, que, como parlamentar e homem público, sempre foi um defensor desse regime.
Fonte: Anuário de Minas Gerais de 1913
Ao fundo, o Farol da República, visto da balaustrada do Cassino
Sobre o Farol do Lago, veja estes posts:
O holofote: iluminação do Lago e ilhas para passeios noturnos de gôndola. De seu topo, podia-ver também o espelho do lago, o Parque Novo e outros pontos da cidade.
Abaixo, algumas pinturas do nosso Farol:
Aquarela feita por Carlos Augusto Lorenzo Castilho, existente no Cartório de Registro Civil (Lucas Nascimento), em Lambari.
O efeito da lâmpada do teto refletida no vidro do quadro dá a impressão de estar aceso o farol (Veja aqui)
Pintura de William Gorgulho
Pintura - Farol do Lago - Por R. Martins
Farol do Lago. Jonas Lemes. Reprodução (ímã de geladeira)
Pintura de Eurico Aguiar
Farol. Silvana Viola
Pintura feita numa flâmula sobre passeios de Lambari
Confira a Série Pintores e Pinturas de Aguinhas:
[*] - Recorte antigo postal (1920) da Casa Nogueira
- Fotos: Museu Américo Werneck (LamBari, MG)
- Reprodução de pinturas de William Gorgulho, Carlos Augusto Lorenzo Castilho, R. Martins, Jonas Lemes, Eurico Aguiar e Silvana Viola
Ilustração: Meninos brincando, gravura de Cândido Portinari. Reprodução. Internet
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e
trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na
língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do
Sul de Minas Gerais.
(Do livro inédito : Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães)
Pelo que respeita à linguagem, tanto culta, como familiar ou popular,
é lá [em Minas Gerais] que me parece estar a feição primitiva.
(Gladstone C. de Melo, linguista e professor, de Campanha, MG,no livro A língua do Brasil)
A Série Vocabulário de Aguinhas trata-se de uma coleção de palavras e expressões, típicas de Lambari (MG) e região Sul do Estado de Minas Gerais, utilizadas no livro Menino-Serelepe.
Entre essas palavras e expressões, há algumas que são caracteristicamente lambarienses, como já mostramos aqui.
E quem por aqui do Sul de Minas já não ouviu também estas expressões:
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Abaixo vai o número 12 da série VOCABULÁRIO DE AGUINHAS.
Confira.
Jacá: Espécie de cesto feito de taquara ou de bambu. Em sentido figurado: roupa ou sapato grandes.
Mais dali a pouco, com as crianças ficando pra trás e o Verinho com um conga jacá que lhe saía toda hora dos pés, tio Rubens falou: — Larga de ser teimoso, Verinho, e me dá essa muchila pesada, que ocê num pode cuma gata pro rabo e fica teimando, querendo carregá esse peso todo!
Reprodução. Internet (www.propagandashistoricas.com.br)
Jangar: Balançar; Jogar. Rodear. Andar jangando. Ficar com o sapato jangando no pé. O peru ficou jangando em torno.
E assim, logo juntamos em frente ao bar do João da Mariaça pra jogar bolinha de gude, às brinca, porque era tudo amigo. Pois foi só botar bolinha na barca, nem deu tempo de jogar a tacadeira no ponto, que o Babão chegou com sua colondria, corpos jangando, encostou-se ao barranco e começou a azucrinar nossa turma.
Jardineira rasga-roupa: Corresponde aos ônibus velhos, com bancos soltando molas, que costumavam rasgar as roupas dos usuários. [Gíria ocorrente em Aguinhas.]
E o fato triste se deu quando a monstrenga da jardineira rasga-roupa de Jesuânia atropelou a Futrica, uma perdigueira ainda filhote, que o tio João vinha ensinando a caçar, pois que o Biriba já trabalhara bastante e estava na hora de pendurar as chuteiras.
Reprodução. Internet. Ônibus antigo Chevrolet na garagem da Util em BH com Waguinho Guitar (https://www.youtube.com/watch?v=qRZm-tmXxMk)
Judeu: Espécie de virado feito com as sobras do almoço.
À noite, pra janta, na terrina: sopa, caldo, canjas; ou mexidão na panela; ou judeu com queijo na frigideira. Num domingo farto, no almoço, angulê; no lanche da tarde, bolo de laranja. (Xii, mãe, o bolo batumou!)
Juízo verde: Pouca experiência.
E aí, como em terra de mineiro qualquer bobo aparta o gado, uma professorinha substituta, sem sal e sem gordura, vinda recentemente de outro Estado e de juízo verde na lida com crianças, foi posta para concluir o ano letivo.
(**) Este Vocabulário de Aguinhas faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.
Veja os demais números desta Série:
Ilustração: Montagem. Escudo do Águas Virtuosas e bandeira do Cruzeiro, de Pouso Alto, sobrepostos ao logo do SPT (Sistema Pousoaltense de Televisão)
O Campeonato da Liga de São Lourenço de 1987 foi decidido entre o Águas Virtuosas e o Cruzeiro, de Pouso Alto, como sabemos.
Abaixo vai um resumo dessa final e alguns vídeos que ilustram partidas memoráveis entre essas duas equipes.
Confiram.
Dos quatro campeonatos da Liga de São Lourenço que o Águas Virtuosas Futebol Clube conquistou nos anos 1980/90, a decisão do bicampeonato — contra o time do Cruzeiro, de Pouso Alto — foi a mais sensacional, visto que ocorreram 4 partidas para chegar-se ao campeão.
Confira os resultados:
Pois bem, essa campanha está resumida neste post:
Agora, vídeos de partidas entre essas equipes estão disponíveis no YouTube, como se pode conferir abaixo.
No YouTube, canal Histórias de Futebol e outras
Estão estes vídeos:
2 x 0 - Jogo em São Lourenço, em dezembro de 1987
1 x 1 - Jogo em Pouso Alto, em junho de 1987
1 x 1 - Jogo em Lambari em dezembro de 1987
Ilustração: Placa indicativa da CASA GORDA - homenagem aos nossos filhos, noras e netos
Como dissemos em post anterior, eu e Celeste tivemos quatro filhos — todos homens — e uma filha de criação. Eles nos deram muitos netos.
Dois homens (Léo e Rafa) e duas mulheres (Maria Elisa e Isabela). Aqueles estão completando 14 anos (julho), e as meninas estão com 9 e 8 anos (são de julho e agosto).
Mas chegaram outros... Em outubro de 2015, chegou o Paulo Emílio, em junho de 2016, a Rafaela, em outubro de 2019 chegou Cecília e tempos depois, Gustavo, seu irmão.
Pois bem, hoje, em homenagem aos aniversariantes de junho, julho e agosto, vamos contar a história da Casa Gorda e a Coitado do Lobo Mau.
Vamos lá.
Morando em Brasília, Leo e Rafa sempre passam as férias de julho em Lambari, alternando a estadia entre as casas dos avós maternos — Alencar e Beatriz — e paternos — eu e Celeste.
Pois bem, eles deviam ter pouco mais de 3 anos, e estavam na casa dos avós maternos há alguns dias, quando disseram pra sua mãe, Flávia:
— Mããeee, a gente quer ir pra outra casa!
— Outra casa? Que casa, meninos?
— A outra...
— Que outra?...
— Aquela outra...
— A casa da vó Celeste? — Flávia perguntou.
— É... a casa... a casa... a casa gorda! Eles disseram.
No caso, a casa era "gorda", porque era maior do que a da vó Bia (Beatriz).
E assim foi que batizamos a nossa casa, que é mais dos netos do que nossa, de
Celeste, netas e neto, no Alto do Cruzeiro
Rafael e Leonardo, em Brasília
Rafaela e Paulo Emílio, em Brasília
Isabela foi quem escolheu o nome da irmãzinha que iria nascer... E quis que rimasse!
Daí veio a Rafaela — uma menininha esperta e... mandona! E que demorou a falar, mas hoje, três anos completados, fala pelos cotovelos!
Pois bem, vejam o que essa menina aprontou com o pobre do Lobo Mau:
Nesse último dia das mães, fomos almoçar no Restaurante do Gerardo, em Nova Baden. Estavam presentes os pais e avós de Rafaela e Isabela, e logo terminou o almoço saí para dar um passeio com as meninas, e fomos por uma estradinha em direção ao Horto Florestal.
E fui conversando e lhes mostrando as árvores, o ribeirão, a mata, os pássaros, os insetos. Já estávamos distantes do restaurante, quando Rafaela insistiu que entrássemos numa pequena mata que havia a beira da estrada. E eu fiz o que todo avô faz numa hora dessas, e disse:
— Aí não, minha filha! Aí mora o Lobo Mau!
E ela me respondeu na lata:
— Num tem perigo não, vovô! Eu sou amiga do Lobo Mau!
— Amiga?! perguntei intrigado.
— Sim. Eu disse pra ele: — Cê num vai mais comer a vó Celeste, nem vó Mara, nem vô Guimão, nem vô Paulão, nem minha irmã, viu?
— É..., filha...??? — eu disse. — E o que o Lobo Mau respondeu? — perguntei.
— Tá bããaoooo!!!... Ela disse num tom elevado, bravo e conformado...
De volta a casa, contei a história pro restante da família e tornei a perguntar à Rafaela o que o Lobo Mau dissera, esperando que ela confirmasse a história:
— E o que o Lobo Mau respondeu, Rafa?
E ela tornou do mesmo modo, mas com as seguintes palavras:
— Pôooxaaa!!!...
Pobre Lobo Mau, já não te respeitam mais!
Olhem só a cara do lobo: — Pobre Lobo Mau, já não te respeitam mais! [*]
[*] Reprodução. Fonte: Biblioteca Mario de Andrade expõe obras
infantis raras. Revista Exame.28/05/2019. Disponível aqui
Dizem que o Lobo Mau que anda por aí, bonzinho, contando
histórias para criançada, é o tal Lobo amansado pela Rafa...
Estas e outras histórias estão no segundo livro que Celeste Krauss está escrevendo sobre os netos.
Como se recorda, ela já escreveu
que pode ser baixado gratuitamente neste link:
https://rl.art.br/arquivos/4273942.pdf?1402659908
Confira os posts já publicados:
Confira os áudios vinculados aos posts: