Ilustração: Capa (recorte) livro Lambari, cidade das Águas Virtuosas, de Armindo Martins, 1949
No texto que abre a Série Literatura de Aguinhas (aqui), dissemos que íamos postar "comentários sobre escritores e poetas nascidos e/ou ligados a Aguinhas", entre eles, os que
escreveram sobre a cidade: José Nicolau Mileo, Armindo Martins, João Carrozzo, Paulo Roberto Viola.
Pois bem, já falamos sobre José Nicolau Mileo (aqui) e Paulo Roberto Viola (aqui), e focalizaremos hoje o memorialista Armindo Lourenço Martins.
Vamos lá.
Livros sobre Águas Virtuosas de Lambary, escritos pelos memorialistas acima
Veja também:
Memórias de Aguinhas (1) - Bibliografia sobre Aguinhas e Índice da Série
Armindo Lourenço Martins - Dados biográficos
Armindo Martins (1957)
Armindo Lourenço Martins, conhecido por Armindo Martins, nasceu em Três Rios, RJ (09-07-1900) e chegou em Lambari, MG, em março de 1925, tendo aqui vivido até 1974. Faleceu em Poços de Caldas, MG (31-12-1974), quando visitava familiares.
Casado com Elvira Cunha Martins, teve com ela 4 filhos: João Lourenço Martins, José Lourenço Martins, Olívia Maria Martins Pinto e Rosa Maria Martins Krauss. Sua filha Rosa ainda é viva e reside em Poços de Caldas. Em Lambari, moram alguns de seus netos.
Filhos de Armindo e Elvira Martins: Vinha (Olívia Maria Martins Pinto). Rely (João Lourenço Martins). Rosinha (Rosa Maria Martins Krauss). Burúti (José Lourenço Martins)
Farmacêutico de profissão, Martins foi também escritor, professor, representante comercial e um dos fundadores do primeiro clube de montanhismo do Brasil (Centro Excursionista Brasileiro - CEB - RJ).
Reprodução: Fonte: Lambari - Cidade das Águas Virtuosas. Armindo Martins, 1971.
O livro sobre a cidade de Lambari
A Lambari, cidade que viu nascer meus filhos e netos, onde cheguei em março de 1925, e que me deixa viver entre amigos, esperando poder assim continuar, esta pequena homenagem de um forasteiro agradecido.
ARMINDO MARTINS. Dedicatória. Lambari - Cidade das Águas Virtuosas, 1949
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Armindo Martins é o autor de Lambari - Cidade das Águas Virtuosas, com dados históricos sobre a origem da cidade e a descoberta das águas minerais e suas aplicações, além de informações turísticas e administrativas do município. O livro teve duas edições; a primeira, em 1949, com 133 páginas; a segunda (reduzida e modificada), em 1971, com 60 páginas. Nessa obra, Armindo Martins recriou A lenda das Águas Virtuosas, cuja versão original é atribuída a Américo Werneck. Confira aqui: |
Reprodução: Fonte: Lambari - Cidade das Águas Virtuosas. Armindo Martins, 1971
Capas da 1a. edição (1949) e 2a. edição (1971) de Lambari - Cidade das Águas Virtuosas, de Armindo Martins
Reprodução: Fonte: Lambari - Cidade das Águas Virtuosas. Armindo Martins, 1971
Reprodução: Revista brasileira de farmácia, Volumes 31-32 - 1950 (GoogleBooks)
Centro Excursionista Brasileiro (CEB)
Armindo Lourenço Martins foi também um dos fundadores do Centro Excursionista Brasileiro (CEB), o primeiro clube de montanhismo do Brasil, que completará 100 anos em novembro de 2019.
Reprodução: https://www.ceb.org.br/site/sobre/historia-do-ceb/
Reprodução: Correio da Manhã, 11/nov/1960 e 2/nov/1963 (bn.digital.gov.br)
Reprodução: O Cruzeiro - 28, nov, 1931 (bn.digital.com.br)
Reprodução: O Malho - n. 158/1926 (bn.digital.com.br)
Medalha de 50 anos de sócio do CEB
Em 1° de novembro de 1969, completaram-se 50 anos de fundação do CEB - Centro Excurcionista Brasileiro, e Armindo Martins, como sócio fundador, recebeu esta medalha comemorativa:
Reprodução. Acervo de Rosa Maria Martins Krauss
Armindo Martins na cerimônia de entrega da medalha de 50 anos de fundação do CEB. Reprodução. Acervo de Rosa Maria Martins Krauss
Cerimônia de 50 anos do CEB. Ao centro, Armindo Martins; do seu lado direito, está Leocádia da Silva Martins, sua irmã.
Reprodução. Acervo de Rosa Maria Martins Krauss
Do acervo de Rosa Maria Martins Krauss:
Armindo Martins, aos 24 anos
Armindo Martins, aos 32 anos, formatura (Farmácia, Alfenas, MG)
Armindo Martins e a esposa Elvira
Dona Elvira e filhos: José (Burúti), João (Rely), Vinha (Olívia) e Rosinha (Rosa Maria)
Armindo Martins, familiares e amigos. À direita da foto, seu filho João (Rely) [mais a esposa (Zelina) e filhos (Roberto Luiz e Paulo César)]. A senhora com lenço, ao lado de Armindo, é Carolina Pamplona da Corte Real, conhecida como Vovó Pequena, avó de Zelina.
Como farmacêutico, em Lambari, Armindo Martins foi responsável técnico de pequenos laboratórios e das Farmácias Nossa Senhora da Saúde e Santo Antônio.
Reprodução: Lavoura e Comércio - 22, dez, 1943
Estimulante do apetite e purgativo fabricados por Armindo Martins, em Lambari, MG
Farmácias pelas quais Armindo Martins foi responsável técnico
Reprodução. Rótulo de medicamento. Farmácia Santo Antônio - Lambari, MG
Amigo de meu pai (Dé da Farmácia) e meu tio (João Guimarães), que trabalhavam na Farmácia Santo Antônio, seu Armindo estava sempre examinando a preparação de medicamentos e conversando com funcionários e clientes da farmácia.
Por essa época, o autor deste site trabalhava como caixa da Farmácia Santo Antônio, e muitas vezes o via subir a escadinha de madeira, que dava acesso ao escritório, para fazer a "escrituração" dos medicamentos controlados.
Anos 1960: Guima, autor do GUIMAGUINHAS, nos seus tempos de caixa, na Farmácia Santo Antônio
A Farmácia Santo Antônio ao tempo de Armindo Martins
Veja as seguintes crônicas sobre a Farmácia Santo Antônio, que narram histórias do tempo em que Armindo Martins era o responsável técnico do estabelecimento.
Confira:
Marialva Bacha e uma cliente na Farmácia Santo Antônio - Lambari, MG, ao tempo de Armindo Martins. Reprodução. Fonte: Nadeje Bacha
ilustração: Recorte. Crônica de Cozi. Semanário O Crack - São Lourenço - 26 de julho de 1953
(...) contra o Fluminense de Varginha, ... Roberto Nascimento, em jogada pessoal, depois de driblar toda a defesa, marcou um tento espetacular, saindo-se vitorioso o Águas por 5 X 2.
Crônica de Cozi. Semanário O Crack - 26/7/1953
A carência de registros históricos (atas, jornais, fotos) e as memórias que se foram com as gerações que passaram tornam difícil o conhecimento dos primeiros craques do nosso glorioso Águas Virtuosas (décadas de 1920 a 1940).
Ainda assim, há o seguinte material disponível aqui no GUIMAGUINHAS:
Hoje vamos vamos resgatar um pouco mais dessa história.
Em frente!
Antigas escalações do Águas Virtuosas
De 1927 (ano da fundação) até 1932, a seguinte geração de grandes jogadores pontificou no Águas Virtuosas:
A geração seguinte nos trouxe:
Veja-se esta crônica:
Em em janeiro de 1927
Amistoso em Parada de Santa Catarina (nome antigo de Olímpio Noronha), entre o Águas Virtuosas Football Club e o Commercial Football Club, ocorrida por ocasião da inaguração do campo de futebol dessa última agremiação.
Em sua formação, o Águas Virtuosas tinha, entre outros: José Pinto, Amazonas, Eduardo e Brasil.
O Águas Virtuosas venceu pelo placar de 7 x 1, tentos marcados por: Amazonas (1), José Pinto (1), Eduardo e Brasil (5).
Fonte: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=49009#amistoso%20catarina
Em fevereiro de 1927
A Associação Lambaryense, de Bias Fortes (atual Jesuânia, que à época era conhecida também por Lambarisinho e pertencia ao município de Águas Virtuosas do Lambari (veja aqui), disputou amistoso em Parada de Santa Catharina (atual Olímpio Noronha), contra o Commercial Foot ball Club.
Em sua formação, o Águas Virtuosas tinha, entre outros: Tatu, José Alcântara, Lúcio Carneiro e Olavo.
O amistoso resultou em 5 x 1 para o Commercial, com gols de Tatú (2), José Alcântara (1), Lúcio Carneiro (1) e Olavo (1). Para a Associação Lambaryense marcou Zico.
Fonte: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=49009#amistoso%20lambaryense
Escalação do Águas Virtuosas. Abril de 1927
Amistoso contra um combinado da empresa Western Telegraph, do Rio de Janeiro, em abril de 1927. O time AVFC foi composto por jogadores da terra, com a participação dos atletas Marcos, de Campanha (MG) e Mineiro e Gattini, de Três Corações (MG).
Escalação completa: Synval, Ditão e Marcos (Campanha); Carmello, Tatu e Mineiro (Três Corações); Paiva, Eduardo Gattini (Três Corações), Pinto e Affonso.
Fonte: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=45254#1920
Águas do anos 1930. Por essa época, destacavam-se o goleiro Pelota, e os craques: Mané Matos, Azarias e Nico Rosatti. [1]
Águas de 1944. Por essa época, destacavam-se Joãozinho Fernandes e Quinzinho Modesto, entre outros craques.
Entre outros: em pé: João Fernandes, Crisóstomo, Val, Maurício Souza, Nenen Nascimento e Betinho Santoro
Jogadores do Águas Virtuosas em 1941, durante a disputa da Taça Guaraína
[1] Esta foto foi encaminhada ao GUIMAGUINHAS pelo sr. Sebastião Pinto, e tem, no verso, os seguintes dizeres: Para o sr. Guimarães. Time do Águas Virtuosas de 1930. Lembrança de Antonio Rossatt (sic).
[2] Cozi, autor da crônica acima (Bate papo) talvez seja Geninho Cozzi Bacci, radialista esportivo da Rádio São Lourenço, à época.
JORNAL O CRACK e a RÁDIO SÃO LOURENÇO - LDSL/1951-53
Ilustração: Título/capa do jornal O CRACK, de São Lourenço, MG, circulou no início dos anos 1950
No início dos anos 1950, a Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL) organizou memoráveis campeonatos regionais, dos quais participaram equipes de São Lourenço, Caxambu, Lambari, Soledade, Silvestre Ferraz (atual Carmo de Minas), Itamonte, Passa Quatro, Virgínia, Baependi.
Por essa época, o jornal O Crack e a Rádio São Lourenço faziam completa cobertura dos eventos.
Com base em edições do jornal O Crack que possuímos (anos 1951/53), vamos resgatar um pouco dessa história.
Vamos lá.
Dirigido por Synezio Fagundes, sendo secretário Luiz F. Rocha Fragoso, e com José di Lorenzo e José Bacha Filho como diretores e redatores, o semanário O Crack era, por aqueles inícios dos anos 1950, "a única folha esportiva do Sul de Minas".
Reprodução. Jornal O Crack, 29, ago, 1951
Os mesmos José di Lorenzo e José Bacha Filho apresentavam pela Rádio São Lourenço, às segundas e sextas-feiras, às 19 horas, o programa Rádio Esporte U-3.
Os campeões da LDSL de 1951 a 1953
Com base nas informações que obtivemos, no início dos anos 1950, conquistaram os campeonatos da Liga Desportiva de São Lourenço (LDSL) os seguintes:
Campeonato da Liga Desportiva Caxambuense - 1949
Esporte Clube São Lourenço - Campeão da Liga Caxambuense de 1949.
Confira o vídeo abaixo. Fonte: Youtube
Na foto, entre outros: Perrela, Lauro, Jair, Rui, Casca, Pinellinho, Quezar, Eneas, Pinelle e Araújo.
Veja no Youtube filme sobre essa conquista do Esporte - aqui
O Ubiratan de Silvestre Ferraz (Carmo de Minas, a partir de 1953) sagrou-se campeão da LDSL de 1951, ficando em segundo lugar o time do Esporte Clube São Lourenço.
Abaixo, instantes fotográficos dos times:
Ubiratan. Silvestre Ferraz. Campeão de 1951.
Na foto: Julino, Bacelar, João do Brás, Didi, Renato, José Fernando, Jota. Agachados: Pinelinho, Luís Carmelino, Pinelão, Jairo e Passo Quatro.
Reprodução. http://folhanova.com.br/
Esporte. São Lourenço. Vice-campeão de 1951.
Na foto: Jahi, Velho, Lita, Rui, João, Paulino. Agachados: Afonso, Hélio, Henrique, Enéas e Araújo
O Campeonato da LDSL de 1953 foi decidido numa melhor de três partidas entre o Águas Virtuosas Futebol Clube e o Esporte Clube São Lourenço.
Sobre essa disputa, vencida pelo Esporte, veja-se os posts seguintes, publicados aqui no GUIMAGUINHAS em 2017:
O Esporte Clube São Lourenço no GUIMAGUINHAS
O Esporte Clube São Lourenço e o Águas Virtuosas Futebol Clube são tradicionais rivais do futebol Sul Mineiro, com uma longa história de jogos, vitórias, derrotas e conquistas de campeonatos.
Nos anos 1970, o autor deste site GUIMAGUINHAS, como atleta do G.R. ABI e do Águas Virtuosas, jogou muitas vezes contra o Esporte de São Lourenço. E assim também nos anos 1980, no time de Veteranos.
1975: Gol do Águas, contra o Esporte de São Lourenço. Pela ordem: Jorginho, Gabriel (de costas) e Guima, comemorando.
[Sobre Jorginho (Coca-cola), já falecido, veja este post: aqui]
Nos links abaixo, há diversos posts do site GUIMAGUINHAS que ajudam a resgatar pedaços dessa história.
Confira.
Camisa do Esporte Clube São Lourenço (Casa Barros)
Camisa do Águas Virtuosas, com as estrelas das conquistas de campeonatos da LDSL
Reprodução de uma revista sobre a Copa de 1958, mostrando a Taça Jules Rimet
Ilustração: Recorte foto time do Águas Virtuosas dos anos 1950 (Pinellinho, Val, Alair, Nenê e Quinzinho)
Desde os anos 1930, o Águas Virtuosas Futebol Clube se destacou como um dos grandes times de futebol amador do Sul de Minas, como já contamos aqui no GUIMAGUINHAS.
Retrospectivamente, podemos visualizar os grandes times do Águas Virtuosas por gerações, deste modo:
E certamente os maiores times da história do Águas Virtuosas — e os atletas mais destacados —se formaram nos anos 1940/50.
Veja um pouco dessa história, a seguir.
Os grandes craques dos anos 1940/1950
Muitos são os craques desse período, e entre eles podemos citar:
Veja algumas histórias sobre os seguintes craques dessa geração:
Os grandes times do Águas Virtuosas dos anos 1940/1950
Águas Virtuosas dos anos 1950. Na foto, entre outros, em pé: Dr. Ferreira, Cunha, Rely, Crisóstomo, Gidão, João André, Lilico, Vaca e Manoel Correia . Agachados: Professor Raimundo, Quinzinho, Nenê Nascimento, Laerte, Hélio Fernandes, Pinellinho e Chico de Castro.
Em pé, entre outros: Crisóstomo, Hélio, Vavá, Zé do Diabo, Gidão. Agachados: Pinellinho, Val, Nenê e Quinzinho
Em pé, entre outros: Hélio Fernandes, Crisóstomo, João André. Agachados: João Rely, Pinelinho.
Propaganda dos jogos dos anos 1940/1950
Bombásticos e pomposos, os cartazes de propaganda anunciavam os jogos e os destaques das partidas.
Jogo Águas Virtuosas X E. C. Itanhandu - 18/set/1955
O cartaz destacava a "esquadra rubra" como uma das expressões máximas do futebol sul-mineiro e citava os craques Crisóstomo, Laerte, Alemão, Vaca, Zé do Diabo, Rely, entre outros. |
Jogo Águas Virtuosas X T.A.C. de Três Pontas - Anos 1950
Diz a propaganda: Salientam-se no "onze Lambariense", Vaca, arrojado e seguro guardião; Alemão e Joãozinho (João André, o Zé do Diabo) exímios defensorses que, juntamente com o notável centro médio Crisóstomo formam uma perfeita linha de médios. Na ofensiva, deve-se destacar os nomes de Hélio Fernandes, infiltrador, ponta de lança de grandes méritos e os irmãos Pinelli, estes, já defenderam as cores do UBIRATAN e SELECIONADO MINEIRO DE AMADORES. |
A mais poderosa e respeitada equipe do Sul de Minas
Jogo Águas Virtuosas X C. E. Passense - 18 de julho de 1954
[O Águas Virtuosas conta] em seu plantel grandes craques que constituem a mais poderosa e respeitada equipe de futebol do Sul de Minas, que conta em seu cartel nada menos de 25 jogos invictos (...) |
Ilustração: O trem chegando. Painel na Parada Mello, em Lambari, MG. Trabalho do artista José Mateus de Oliveira
E o cenário das brincadeiras e das artes se expandiu. Pra resumir e pra contar só o diferente, se brincava de trolinho de cabo de vassoura que a gente fabricava pra descer, a jato, o morro da Paradinha Melo. Os trolinhos eram dois cabos de vassouras postos em paralelo, com a parte de baixo untada de sebo de vaca, travados pelo assento e pelo apoio de pé, feitos de madeira.
(Do livro MENINO-SERELEPE)
Não há quem nascido e criado em Águas Virtuosas de Lambari nas cinco primeiras décadas dos anos 1900 que não tenha uma história para contar sobre a Paradinha Mello...
De fato, inaugurada em 1894 e ampliada em 1908, o Apeadeiro Mello (nome primitivo) passou à memória de nossa cidade como Parada Mello, ou carinhosamente como Paradinha Mello, deixando atrás de si um rastro de histórias...
Reprodução: O Paiz, 27, ago, 1908 (bn.digital.gov.br)
Neste post vamos recordar algumas delas e também o andamento das obras de restauração por que vem passando aquele memorável pedacinho de Águas Virtuosas de Lambari.
Vamos lá.
A Paradinha Mello aqui no site Guimaguinhas
Sobre a Paradinha Mello, veja estes posts:
Um texto romanceado sobre a chegada de um turista na Parada Mello, para se hospedar no Hotel Imperial
Assim se chamava inicialmente a nossa Paradinha Mello
Post sobre a reforma da Parada Mello
Série de posts sobre o trem de Águas Virtuosas de Lambary
Depois escalávamos o barranco que dava pros lados da casa do Copide, cruzávamos a cerca-viva de cana-da-índia, saltávamos no leito da linha do trem, percorríamos um trecho até a Parada Mello e por ela reentrávamos no Hotel Imperial, que ali havia um acesso para os passageiros que chegavam de trem. Mas por esse tempo, já trem não havia mais.
(Do livro MENINO-SERELEPE)
O texto acima refere-se a uma das "muitas aventuras do Menino-Serelepe" na Parada Mello, e como eu muitas crianças passaram por ali a busca de diversão...
E adultos também contam histórias, como esta:
"Nem precisei fechar os olhos para ver as janelas, levantadas por causa das fagulhas, com as letras RMV, naquele branco fosco, embutidas no vidro. Até senti o gosto — mais açucarado, impossível — do Guaraná Radar, fabricado em Passa-Quatro, logo ali depois de Cruzeiro. De 1939 até 1963, passamos as férias em Lambari. Os primeiros 14 anos descendo na Parada estação de Lambari mesmo. O vagão dormia lá, a gente chegava com tempo para se acomodar, a bagagem. Aí chegava a Maria Fumaça puxando os vagões de São Melo, junto do Hotel Imperial. Na volta o embarque era pela Gonçalo do Sapucaí e Cambuquira. Tinha aquele vai-vem, o engate do nosso vagão e a descida até Cruzeiro" (João Luiz de Albuquerque, 06/2006).
Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil - Parada Melo - aqui
A mais antiga foto da Paradinha Mello
É de 1914, a foto abaixo, que retrata turistas descendo na Paradinha Mello, para se hospedarem no Hotel Mello, que pode ser visto ao fundo, à esquerda.
Reprodução: Revista Fon Fon n. 17, de 1914 (bn.digital.gov.br)
Fotos das obras de revitalização
Estão em fase de acabamento os belos e memoráveis painéis do artista José Mateus de Oliveira.
E suas pinturas também contam histórias: viajantes que chegam, o maleiro que recolhe as bagagens, o homem que lê jornal, o trem cheio de crianças...
O artista diante de sua obra: José Mateus de Oliveira posa para o autor deste post
Dona Tal mata saudades do trem de Aguinhas
Muitas histórias pra contar sobre o trem de Águas Virtuosas e de suas estações (a principal e a Parada Mello), tem também Teresa Salles Krauss, conhecida por Dona Tal.
De fato, Dona Tal é a remanescente mais velha do casal Joaquim Salles e Emília Bispo Salles, ele o último agente da estação de trem de Lambari.
Joaquim Salles e netas (Celeste Emília e Maria Dorotéia), nos anos 1960.
Desde o nascimento, Teresa sempre viveu numa estação ou num vagão de trem, tendo acompanhado os pais por Ribeirão Vermelho (perto de Lavras), São Gonçalo do Sapucaí e Freitas (município de Soledade de Minas). Nessa última, as condições eram precárias e a família residia num velho vagão estacionado no pátio da estação, próximo do Rio Verde.
Em Lambari, morava na casa ao lado da estação e ali também passou seus primeiros anos de casada.
Aos fundos e à esquerda da foto, ficava a residência de Joaquim Salles, agente da estação
Sentada, Dona Emília e Celeste, a primeira neta e filha mais velha de Dona Tal
Uma das diversões dos filhos do agente da estação, Dona Tal, inclusive, era apanhar o trem na estação principal e descer, 300 m depois, na Paradinha Mello... ou vice-versa....
Abaixo, Dona Tal, hoje já passada dos 80 anos, matando saudades de românticos tempos antigos...
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.