Ilustração: O ginásio e outras escolas de Lambari funcionaram neste prédio, ao lado do Parque das Águas, no local onde existe hoje o Colégio Estadual Maria Rita P. L. Santoro
Já contamos aqui no GUIMAGUINHAS histórias do Grupo João Bráulio por meio de diversos posts, quais sejam:
Já falamos também de algumas outras escolas como esta: o Instituto Santa Terezinha, conhecido por Coleginho:
E também destas duas outras:
E ainda contamos algumas histórias na Série Nos tempos de Ginásio:
Pois bem, hoje nosso tema é o Ginásio e outras antigas escolas de Águas Virtuosas de Lambary.
Vamos lá.
Como acontece com quase toda história de Águas Virtuosas de Lambary, são escassos também dados e informações sobre nossas escolas. Mas façamos um resumo do que pudemos encontrar.
BERNARDO SATURNINO DA VEIGA [1] informa que nos anos 1870 havia uma aula pública de ensino primário para meninos, e uma particular, e os seguintes professores:
Reprodução. Almanach Sul-Mineiro para 1874-1884 (bn.digital.gov.br)
JÚLIO BUENO [2] anota que a freguesia [de águas virtuosas] possui (...) uma casa de instrução, arruinada (p. 140) e os seguintes professores (p. 142/43):
Reprodução. Almanach do Municipio da Campanha : Calendario para 1900 (MG) (bn.digital.gov.br)
O ALMANAK LAMBERT n. 72, de 1916, registra o seguinte, quanto à instrução em Águas Virtuosas de Lambari:
Reprodução. ALMANAK LAMBERT n. 72, de 1916 (bn.digital.gov.br)
O Padre Sebastião Atella foi pároco de Águas Virtuosas de Lambary de 1930 a 1935, período em que fundou e dirigiu diversos colégios na cidade, entre eles o Instituto de Ensino, a Escola Normal Profissional e a Escola Technica de Artes e Ofícios de Lambari.
Padre Sebastião Atella, comandando procissão de N. S. da Saúde. Reprodução. Fonte: Revista Vida Doméstica, ago/1934 - (bn.digital.gov.br)
Na seguinte propaganda do Ginásio de Lambari, de 1931, o Pe. Atella figura como diretor dessa instituição:
Confira:
Reprodução: Revista O Cruzeiro - 17, out, 1931 (Fonte:bn.digital)
Formatura do Ginásio de Lambari, que ocupava o antigo prédio na Volta do Ó, no qual também funcionaram o Colégio Minas, o Colégio Santa Terezinha e a Prefeitura Municipal
CRIAÇÃO DO GINÁSIO DUQUE DE CAXIAS
A criação do Ginásio Municipal Duque de Caxias se deu por meio da Lei Municipal n. 8, de 25 de junho de 1948:
Reprodução
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HISTÓRICO DO GINÁSIO DUQUE DE CAXIAS
Sobre o Ginásio de Lambari, diz CARROZZO [3]:
Eis o histórico do Ginásio de Lambari, atualmente intitulada Escola Estadual Maria Rita Lisboa Pereira Santoro:
Fonte: E. E. Professora Maria Rita L. P. Santoro (eemariarita.blogspot.com)
O antigo Ginásio leva hoje o nome da professora Maria Rita L. P. Santoro
Professora Maria Rita L. P. Santoro
Alunos chegam de camionete no antigo João Bráulio. Início dos anos 1900
Antigo João Bráulio. Ginástica. Primeiras décadas dos anos 1900. Note-se que o prédio é o mesmo [*] onde viria a funcionar o Ginásio Duque de Caxias (atual Colégio Estadual Maria Rita P. L. Santoro)
Reprodução. GoogleMaps
Prédio do Ginásio de Lambari, anos 1970
Prédio do Ginásio de Lambari (atual Colégio Estadual Maria Rita P. L. Santoro), visto de frente. Reprodução. GoogleMaps
Reprodução. Cadernetas do Colégio Estadual de Lambari e da E. E. Maria Rita P. L. Santoro
Sr. Joaquim José Martins, seu Martins, inspetor de alunos
Reprodução. Fonte: Facebook
Formandos Ginásio Duque de Caxias. 1950. Na foto, segundo Ruth Bibiano: Atrás da esquerda pra direita: Professor Fernandes, José Luiz Fernandes, Prof. Adamastor, Da. Palmira, Aparecida Generoso, Maria Bibiano, Ruth Bibiano, Neném Viola, (Não identificado).
Fila da frente da direita para esquerda: Donald Chaib, Diva Ferreira (de S. Gonçalo), Alzira Garcia, Madaleninha Viola, Teresinha Tucci, Silvio Fleming, Gilberto Cruz (Tigunga)
Reprodução. Facebook/Madalena Viola
Formandos Ginásio Duque de Caxias. 1953. Formandos: Antônio Henrique da Cruz, Aurélio Virgínio da Silva, Cauby Gorgulho Nogueira, Celso José Bacha, Edson Ferreira (orador), João Roberto de Faria, José de Lorenzo Filho, Luiz Antônio Ferreira de Araújo, Magdalena Pompeu Viola, Maria Aparecida Tucci, Maria Aparecida Vilela, Maria de Jesus Melo Pereira, Maria Luíza Junqueira Machado, Maria Marta Passos Maia, Martha Maria Pompeu Viola, Nilza Maia da Silva, Pedro Honório Fernandes, Rosa Maria Martins
Reprodução. Jornal Águas Virtuosas, 27, nov, 1953.
Abaixo, alguns professores, diretores e formandos do ano de 1957
Professores: Armindo Martins (Ciências) - Prof. Ambrósio (Português) - Prof. Marcelo Gesualdi (Inglês) - Prof. Mariúta (Desenho) - Prof. Carlos Rodrigues (História) - Terezinha Machado Brigagão (Educação Física) - Prof. José Augusto (Latim) - Prof. Vadinho Bibiano (Matemática) - Prof. Antônio Fernandes (Ciências)
Prof. Adamastor (Diretor) - Antônio C. Bhering (Inspetor) - Cidinha Salles (Secretária)
Formandos: Entre os formados, estão: Branca Valério, Carlinhos Magalhães, Cleuza Brito, Darcy Martins, Dario Gama Duarte, Elza Gregatti, Henriquinho Garcia, Graça Carvalho, Joãozinho Biobiano, Sílvio Barros, Vinha Martins, Sandoval Ribeiro
Homenageada de honra: Prof. Elza Maria Ferreira Araújo
Formandos Colégio Duque de Caxias. 1961. Entre os formandos: Dora Krauss de Castro (oradora), Edith de Oliveira Santos, João Batista Krauss, Horácio Vilela Lemes, Lian Biaso Resende, Lúcia Helena Pereira, Maria Aparecida Vilhena dos Reis, Maria Heloísa Ferreira de Oliveira, Maria Tereza Viola de Carvalho, Rosa Maria Magalhães Viola, Roberto Martins e Sílvio Pereira
Reprodução. Correio da Manhã, 13, dez, 1961 (bn.digital.gov.br)
FORMANDOS DE 1969 - COLÉGIO ESTADUAL DE LAMBARI
Abaixo, convite de formatura dos Ginasianos de 1969 do Colégio Estadual de Lambari (antigo Ginásio de Lambari).
Entre eles, eu (Guima/Antônio Carlos Guimarães) e outros colegas que seguiram comigo no Curso de Comércio e/ou Faculdade, entre eles: Aluízio Machado de Souza, Bárbara Pinelli, João Batista dos Santos, José Elias Simes, Leda Biaso Bacha.
Às duas horas da madrugada do dia 9 de julho de 1972, o Padre José Ramos Leal convocou pelo alto-falante da matriz toda a população para ajudar a combater o fogo que irrompera no ginásio estadual.
Apesar do esforço da população, que carreou água mineral do Parque das Águas, de mão de mão, muita coisa foi destruída, como a biblioteca, o laboratório, a sala de música, várias salas de aula.
Confira a notícia do jornal O Globo:
Reprodução. Jornal O Globo, 10, jul, 1972 (bn.digital.gov.br)
Ilustração: Antigo postal Jardim das Fontes Maria e Paulina. Casa Vilhena, 1909. Reprodução. Fonte: Levy Leiloeiros
O livro Lambary e Cambuquira - Hydro-estações ao Sul do Estado de Minas Gerais - Brazil, de autoria do Dr. Pires de Almeida, editado em 1896, do qual falamos aqui, traz uma breve análise das Águas Virtuosas de Lambari.
Trata-se essa análise daquela feita em 1872 pela comissão composta pelos doutores Ezequiel Corrêa dos Santos, Agostinho José de Souza Lima e José Ribeiro da Costa, a qual examinou a água das três fontes existentes à época: gasosa, Maria e Paulina.
Confira:
BREVE ANÁLISE BREVE ANÁLISE DAS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY (1872)
Na obra citada acima, após fazer um breve histórico sobre águas minerais de outras partes do País, o autor volta-se para o objetivo do livro: as águas de Lambary e Cambuquira.
A água ferruginosa - Fonte Paulina
A água sulforosa - Fonte Maria
ÍNDICE DA SÉRIE AS ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARI
O índice da Série ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY vai a seguir:
Ilustração: João Lisboa Júnior. Prefeito de Lambari. Reprodução. Revista Nação Brasileira n. 265/1945 (bn.digital.gov.br)
Neste post, vamos falar de João Lisboa Júnior, o mais longevo prefeito de Lambari, que governou nossa cidade por quase quinze anos, primeiro como prefeito nomeado (1935-45), e depois como prefeito eleito (1951-54).
Confira a seguir um resumo de sua vida política.
João Lisboa Júnior, filho de João de Almeida Lisboa e Maria Rita Vilhena Lisboa, nasceu em Lambari em 24/12/1894, estudou em Itajubá e no Rio de Janeiro, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se doutorou, em 1917, defendendo a tese Da Dystocia Anular, com a qual foi aprovado com distinção.
No Rio de Janeiro, em 1917, foi interno de ginecologia e obstetrícia da Maternidade das Laranjeiras e interno do Hospital Central da Marinha e da 9a. Enfermaria do Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro. A partir de 1918, passou a clinicar em Lambari, no Hospital São Vicente de Paulo, e nesse mesmo ano é nomeado médico da Rede Sul Mineira.
Em 1924, consorciou-se com Lúcia Veiga, e o casal teve 5 filhos: João, Lúcia Maria, Maria Elpídia, Paulo Henrique e Hélio Cláudio.
João Lisboa Júnior e sua mulher Lúcia
Foi vereador e presidente da Câmara e inspetor Federal de Ensino Secundário junto ao Ginásio da Campanha.
Apresentou teses e escreveu livros sobre Crenologia, disciplina que conhecida profundamente, tornando-se um dos grandes responsáveis pelo uso medicinal das águas de Lambari e, mais tarde, viria a assumir a Cátedra de Crenologia da Faculdade de Medicina de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
Foi nomeado prefeito de Lambari em 1935, e ficou no cargo por quase 10 anos. Em 1951, retornou à prefeitura, desta feita por eleição direta.
Em 1954, renunciou ao cargo e se mudou para Belo Horizonte, onde lecionou na Faculdade de Minas Gerais e dirigiu o Serviço Médico-Social da Companhia Siderúrgica Mannesmann. [1] [3]
ALGUNS EVENTOS DA ADMINISTRAÇÃO DE JOÃO LISBOA (1935-1945)
Visita do Gel. Manoel Nascimento Vargas (1939)
Durante o primeiro governo de Getúlio Vargas, Lambari era bastante frequentada pela família Vargas.
Com efeito, estiveram aqui, além do próprio presidente, seu pai Manoel Vargas, seu irmão Viriato Vargas, sua filha Alzira Vargas e seu sobrinho Vargas Neto.
Em 1939, o Gel. Manoel Nascimento Vargas, pai de Getúlio Vargs, visitou Lambari, tendo sido recebido pelo prefeito João Lisboa Júnior.
Foto histórica, com diversas personalidades políticas dos anos 1940.
Ao fundo, de chapéu, o funcionário municipal Felício Bacha (casado com Maria de Jesus Lisboa , irmã de João Lisboa Júnior)
O churrasco oferecido ao Cel. Manoel Vargas ocorreu na Ilha dos Amores
Aspectos gerais da cidade em 1943
A Revista Nação Brasileira n. 227, de 1942, trouxe uma propaganda da administração João Lisboa dos anos 1930/40, com aspectos gerais da cidade e um resumo de sua história lendária.
Sobre a cidade, diz o texto da revista:
(Lambari) ... além de ser uma cidade de repouso, possui todos os atrativos para receber os turistas mais exigentes, como um rico cassino, hotéis luxuosos e passeios ideais.
......
(...) além do Cassino e bons hoteis e pensões familiares, possui bom comércio, bares, casas de chá, cinemas, teatros, ruas limpas e avenidas, praças e clubes dançantes.
Confira:
Comemoração do aniversário de 51 anos de João Lisboa
Comemoração do aniversário de 51 anos de João Lisboa Júnior, no Cassino Lambari, em 24 de dezembro de 1945.
Reprodução. Revista Nação Brasileira n. 257/1945 (bn.digital.gov.br)
Perfil de Lambari e de seu prefeito (1945)
Em 1945, aparece um perfil da cidade de Lambari e de seu prefeito João Lisboa Júnior na revista Nação Brasileira.
Entre outras coisas, diz o texto da revista que
a fecunda administração do dr. João Lisboa Filho vai norteando o seu destino com o mais louvável critério, pondo em dia as suas finanças, providenciando sobre o estado sanitário geral, a canalisação das águas pluviais, luz, calçamento, construções novas, aberturas de estradas, instrução pública, etc. (sic)
Reprodução. Revista Nação Brasileira n. 265/1945 (bn.digital.gov.br)
Evento político ocorrido no Cine Theatro Imperial:
Anos 1940. Evento no Cine Theatro Imperial. À frente, de terno branco, cercado por políticos, está João Lisboa Júnior. Na foto, entre outros, aparecem também Armindo Martins e Juvêncio Toledo.
Evento político na Câmara Municipal, nos anos 1950:
No alto, no centro da mesa, está João Lisboa Júnior. Na plateia, entre outros, estão Nascime Bacha e Roberto Bacha e esposas.
Entrevista à Folha de Minas (1952)
Em 30 de julho de 1952, João Lisboa Júnior, acompanhado do advogado dr. Wadih Bacha, dá entrevista à Folha de Minas.
Ao centro, Dr. Wadih Bacha e João Lisboa Júnior. Entrevista à Folha de Minas. 30, julho, 1952. Reprodução. Fonte: Arquivo Público Mineiro.
CAMPANHAS POLÍTICAS DE 1947 e 1950
Denúncias e acusações políticas - Campanha de 1947
Como ficou dito no post
a eleição direta para prefeito de Lambari, ocorrida em 1947, depois de décadas de nomeação pelos governantes estaduais [de Werneck (1909/11) — a João Lisboa (1935/46)], se deu num clima acirrado, com muitas denúncias e insinuações de cunho politico.
Foi assim que em artigos de jornais, em proclamas políticos, no alto-falante da praça, nos comícios, inúmeras acusações foram assacadas contra o prefeito João Lisboa Júnior.
O Sul-Mineiro. Varginha, 4, abril, 1946
Proclama. Diretório do P.R. de Lambari. 1, fevereiro, 1946
Defesa de João Lisboa por Basílio de Magalhães
(Deu-se)... tristemente... o atassalhamento da probidade imácula do brasileiro ilustre, por todos os títulos respeitável, que administrou esta sua terra natal durante dez anos. O dr. João Lisboa Júnior não é só um talento de escol, como principalmente um autêntico sacerdote da medicina, pois não recebe um centavo dos doentes pobres e jamais explorou os enfermos endinheirados.
BASÍLIO DE MAGALHÃES [2]
Como noticiamos aqui:
Basílio de Magalhães [2], conquanto fosse partidário da UDN (União Democrática Nacional), que compusera, como sigla minoritária, a União Lambariense (UDN - PRP - PR e PSD2/ala valadarista), vencedora das eleições municipais de 1947, fez firme defesa da administração João Lisboa e combateu, ponto por ponto, acusações feitas ao grande lambariense durante a campanha política.
Como dissemos, João Lisboa Júnior, após governar Lambari por dez anos como prefeito nomeado, retornou à Prefeitura, em 1951, pelo voto direto, após o mandato de Hélio Salles.
Abaixo, boletim de setembro de 1950 anunciando sua candidatura.
Boletim político. Candidatura de João Lisboa Júnior à prefeitura de Lambari. 1950
Eleição de João Lisboa Júnior - 1950
Eleito pelo voto direto no pleito de 3 de outubro de 1950, João Lisboa Júnior reassumiu a prefeitura em janeiro de 1951.
Veja abaixo convite para sua posse:
Convite. Posse de João Lisboa Júnior, eleito prefeito. Janeiro de 1951
REALIZAÇÕES DE JOÃO LISBOA JÚNIOR (1935-46)
Uma das críticas feitas contra a administração de João Lisboa foi a de que afastara industriais e investidores e pouco fizera para o progresso da cidade.
Contrapondo-se a isso, Basílio de Magalhães, no opúsculo em que defende a administração de João Lisboa Júnior (1935-45) [2], lista uma série de realizações ocorridas naquele período.
Confira:
Sobre a Família Lisboa, veja também:
O índice da Série Memórias políticas de Aguinhas
[1] CARROZZO, João. História cronológica de Lambari. Piracicaba, SP, Shekinah Editora, 1988, p. 232/33
[2] MAGALHÃES, Basílio de. Política de Lambari - A eleição de 23 de novembro e defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior. São Lourenço, MG. Gráfica Guarany, 2a. edição, 1948
[3] RODRIGUES, José Benedito. Retrato do velho médico. Belo Horizonte, Cutiara, 1993
Ilustração: A Bitaca do Veiaco, local onde se reúnem ex-jogadores, ex-técnicos, ex-árbitros, ex-torcedores e cornetas ainda em atividade, para (re)contar histórias, causos e lendas do glorioso futebol lambariense.
Como se sabe, é na Bitaca do Veiaco que se contam as melhores histórias de futebol. A língua afiada do Veiaco não esconde as glórias e muito menos as mazelas do futebol aqui praticado desde os anos 1920.
Falar da BITACA DO VEIACO é falar do GUINHO GREGATTI — um dos seus mais ilustres frequentadores, e que nos deixou há poucas semanas.
Siga com Deus, meu amigo!
Sobre o GUINHO, veja este post:
A história que vem a seguir foi ouvida dias atrás na BITACA DO VEIACO. Como o "grande estabelecimento" está à procura de novo endereço, esta história foi a última que se ouviu no primitivo cafofo.
Que não demore muito o Veiaco em se reestabelecer, pois a turma está dispersa, triste, zaranzando à procura de um lugarzinho para cavaquear e contar mentiras.
Mas vamos à história.
No pé-de-ferro, o ponta-esquerda acerta a canela do técnico
Contou o Veiaco que pelos idos de 1968-69, para formação do time profissional, o Águas Virtuosas contratou o Sr. Jaime, técnico de futebol vindo de Belo Horizonte. Logo que chegou, ele passou a comandar também o time juvenil, dando treinamento físico, tático e de fundamentos de futebol.
Pois bem — continuou o Veiaco —, um conhecido ponta-esquerda (que às vezes atuava de goleiro) fazia parte do juvenil do Águas e participava dos treinamentos dados pelo Sr. Jaime: chutes, toque de bola, dribles, cruzamentos, etc.
Tudo correu bem até o dia que o técnico resolveu treinar bola dividida...
Sr. Jaime vinha conduzindo a bola e pedia que os jovens atletas fossem ao seu encontro e tentassem ganhar a bola numa dividida com a parte interna do pé. De forma viril, mas lealmente. — Tem de chegar firme e confiante pra não se machucar! — ele dizia.
Era o pé-de-ferro, como se diz na gíria do futebol.
E começou o treinamento pelos laterais, passou pelos zagueiros, chegou aos meias... E ele gritava: — Vem garoto, vem com tudo!
E tudo correu bem até que chegou a vez dos ponteiros esquerdos, e o Sr. Jaime veio conduzindo a bola com a perna canhota, para favorecer a dividida.
O primeiro ponta esquerda passou no teste, mas aí chegou a vez do nosso personagem, e ele fez cara feia, veio gingando, cheio de marra, pisando meio fora do centro, e meteu a canhota — meio de sola, meio de lado — na orelha da bola — e a velha chuteira, com travas de sola e pregos, escorregou por cima do capotão e atingiu a canela do Sr. Jaime, lanhando um palmo da tíbia do pobre homem.
Sr. Jaime deu um grito, sentou no chão, levantou a meia — e o sangue jorrando. Então, ele saiu gemendo, xingando e gritando: — É na bola, seu burro! Pra acertar a bola — e não na minha canela, desgraça! Ai! Ai! Ai!
E encerrou o treinamento — e o nosso preclaro ponta-esquerda tomou chá de sumiço por umas três semanas...
Se é vero? Claro que é, pergunte ao Veiaco!
Feita de couro curtido, o chamado capotão tinha câmara de ar de borracha. Reprodução. Fonte: Esportes R7
Ilustração: Recorte capa do opúsculo Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Jr. Basílio de Magalhães. Tipografia Guarani, São Lourenço, MG, 2a. edição, 1948
O opúsculo Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior, de Basílio de Magalhães, a que se refere este post, estava entre os guardados de Antônio de Oliveira Campos, que o recebera das mãos do autor.
Tal precioso e histórico livrinho me foi presenteado por Ruth Campos, a quem agradeço.
Abaixo vai um resumo do seu conteúdo.
A lápis, em letra miúda, Basílio de Magalhães escreveu: Ao prezado amigo Antônio de Oliveira Campos. Lembrança de Basílio de Magalhães. Lambari, 31-III-948
Basílio de Magalhães. Reprodução. Perfil no IBGH
O opúsculo é uma reprodução (revista e anotada) de dois artigos, publicados em O Estado de São Paulo, de 24 e 28 de dezembro de 1947, nos quais Basílio de Magalhães, o
famoso historiador, filósofo, lexicógrafo, político, escritor, jornalista, professor, poliglota (que falava também o tupi-guarani) — que durante muitos anos fez estações de águas em Lambari, depois passou a residir entre nós, numa modesta casa na Rua São Paulo, no centro da cidade,
trata, como historiador ("historiador isento", diz ele) das eleições municipais lambarienses, ocorridas em 1947.
Diz Magalhães, em certo trecho, seu posicionamento em face das eleições daquele ano:
Foi um desrespeito à minha cultura, à minha ancianidade, ao meu comprovado amor por esta aprazível estância (da qual me desvaneço de ser tido em conta de filho adotivo), o tentame de envolver-me no mais indefensável dos prélios partidários de que tenho sido testemunha presencial.
Compelido a historiá-lo e criticá-lo, o mesmo objetivo é tirar do mesmo uma oportuna lição para o futuro. (...)
Capa de Política de Lambari - A eleição municipal de 23 de novembro e a defesa da administração decenal (1936-46) do prefeito dr. João Lisboa Júnior, de Basílio de Magalhães, 2a. edição, 1948
A eleição municipal de 23 de novembro de 1947 em Lambari
No primeiro artigo, Basílio de Magalhães narra acontecimentos políticos que antecederam à vitória do prefeito Hélio Salles sobre João Lisboa, no pleito de 1947, inclusive sua posição pessoal em face da política municipal lambariense daquele período, e comenta os resultados das eleições.
Hélio Salles
(Veja: Hélio Salles, o primeiro prefeito eleito pelo voto direto)
A administração decenal (1936-1946) do Dr. João Lisboa Júnior, como prefeito de Lambari
No segundo, faz uma defesa da administração do prefeito João Lisboa Júnior (prefeito nomeado nos anos de 1936-46), que, tendo perdido o pleito de 1947, se reelegeria, pelo voto direto, em 1951.
João Lisboa fora atacado duramente pelos opositores no pleito de 1947, e Basílio de Magalhães faz uma brilhante defesa de sua administração e combate injustas críticas feitas ao grande lambariense.
Note-se que o partido de Magalhães (UDN - União Democrática Nacional) compusera, como sigla minoritária, a União Lambariense (UDN - PRP - PR e PSD2 (ala valadarista).
João Lisboa Júnior
(Veja este post: Dr. João Lisboa Júnior, o prefeito que por mais tempo governou Lambari).