Ilustração: Ângelo Silvestrini, a esposa Luíza e uma neta.
Nesta série FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS, vamos apresentar pequeno histórico de antigas famílias que se instalaram em ÁGUAS VIRTUOSAS DO LAMBARY no decorrer do século XIX, deixando aqui descendentes, edificações, empreendimentos, traços culturais — e histórias, muitas histórias...
Falaremos de algumas famílias mais antigas, que chegaram à vila de Águas Virtuosas na primeira metade do século XIX — elementos paulistas, fluminenses e mineiros que haviam povoado Campanha e municípios circunvizinhos. [1] Entre elas, as famílias: Alves, Assis, Bibiano, Carvalho, Chaves, Cunha, Dias, Espírito Santo, Fernandes, Ferreira, Gama, Lima, Magalhães, Mendes, Lobo, Machado, Nascimento, Ribeiro, Santos, Silva, Souza, Teixeira
Falaremos, também, de famílias de imigrantes que chegaram nas décadas finais do século XIX, como as italianas (entre elas: Biaso, Beloni, Bongiorni, Bianguli, Conti, Carlini, Gentil, Gesualdi, Gregatti, Metidieri, Raimundi, Rosatti, Sgarbi, Tucci, Viola), as libanesas (Bacha) e as portuguesas (entre elas: Cardoso, Machado, Geraldes, Moreira, Duarte, Gonçalves, Pereira, Pinto, Rodrigues, Tavares).
E não nos esqueceremos das famílias africanas, que a escravidão trouxe ao Brasil, e que deram ao país, ao Sul de Minas e a Águas Virtuosas a força de trabalho, a tradição religiosa, a musicalidade, o desempenho nos esportes tão característico desse povo.
Famílias essas algumas das quais fizeram parte da minha infância no bairro Vila Nova (onde nasci e vivi até os meus 8 anos) ou no futebol, entre elas, os Souza, os Silva, os Marciano, os Dantas.
Veja estes posts:
Entre elas, pessoas raras e encantadoras, como tia Ia, com seus 108 anos! — um ícone da raça, religiosidade e cultura negras em nossa cidade. (veja aqui)
(Fonte: Jornal Serra das Águas - Josy Astério)
Pois bem, começaremos a Série pela família SILVESTRINI, que ao lado de inúmeros imigrantes italianos chegaram a Águas Virtuosas de Lambari a partir dos anos 1860 e participaram da fundação e do desenvolvimento de nossa cidade (aqui).
Vamos lá.
Em 1896, chega ao Brasil o imigrante italiano DOMÊNICO SILVESTRINI e sua mulher EDWIGE POGGI SILVESTRINI. Com eles vieram 4 filhos:
A família se radicou em Lambari e inicialmente trabalhavam como oleiros.
O primeiro neto de DOMÊNICO nasce em Lambari em 1901 e recebe o nome de PEDRO, em homenagem ao bisavô materno PIETRO POGGI.
Por essa época, a família se muda para o bairro rural de Nova Baden, montando ali uma olaria e uma pequena venda em frente de sua casa, na qual vendiam mantimentos, carne de porco, pão italiano, etc.
Algum tempo depois, DOMÊNICO, já muito velho, delega os negócios para o primogênito ÂNGELO.
Família Silvestrini: Ao centro, sentado, ÂNGELO SILVESTRINI. Em pé: à esquerda, ONÉSIMO e PEDRO; à direita, DOMINGOS. As crianças: Carlos, Ângelo, Luíza e Maria Aparecida.
Com as uniões, a família foi crescendo:
Esses dois últimos eram filhos de JOAQUIM MANOEL DE MELLO, fundador do Hotel Mello (aqui)
Além do filho PEDRO, ÂNGELO e LUÍZA ainda tiveram três outros: MADALENA, DOMINGOS e ONÉSIMO, todos eles criados em NOVA BADEN, até 1911, quando a família voltou para a cidade.
Orestes Mello e Zulmira Mello
OS PRIMEIROS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA
Em Nova Baden, os Silvestrini fundam uma olaria e uma pequena venda.
Almanak Laemmert - Ano 1915 n. 71 (Reprodução)
Antijo tijolo fabricado em Nova Baden (NB) por DS (Domênico Silvestrini)
Mais à frente, as irmãs ZAÍRA e ÂNGELA se estabelecem com uma lavanderia e engomadoria, prestando serviços principalmente aos veranistas que frequentavam Lambari para tratamento de saúde, fazendo uso das águas minerais.
Engomavam com tamanha perfeição que suas freguesas costumavam mandar roupas do Rio e São Paulo para aqui lavadas e engomadas pelas duas irmãs.
Chegaram mesmo a abrir uma filial no Rio de Janeiro:
As Irmãs Silvestrini, de Águas Virtuosas, anunciam que se estabeleceram com serviços de lavanderia e engomadoria, no Rio de Janeiro, na Av. Mem de Sá (Lapa), em 1912
A FUNDAÇÃO DOS LATICÍNIOS SILVESTRINI
Por essa época, MÁRIO e ONÉSIMO fundam uma modesta fábrica de laticínios, na qual fabricavam pequena quantidade de queijos e manteiga.
À medida que a manteiga foi sendo aceita no mercado, em razão de sua qualidade e sabor, à sociedade de MÁRIO e ONÉSIMO incorporou-se ÂNGELO, e os três passaram a diversificar a produção de queijos.
As instalações dos Laticínios Silvestrini em Lambari situavam-se atrás do atual Posto Gregatti. Na foto, vê-se uma ponte sobre o Rio Mumbuca e ao fundo o Colégio Santa Terezinha (destruído por um incêndio em 1987 - aqui)
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Exposição Nacional de Leite e Derivados, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1925. No centro da foto, Pedro Silvestrini - (Reprodução: Revista Vida Doméstica, novembro de 1925)
Narra a tradição que o Catupiry® foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, em 1911, aqui em Águas Virtuosas.
A marca Catupiry© está entre as marcas antigas mais valorizadas do Brasil.
Conforme está no livro Marcas de valor no mercado brasileiro (Anna Accioly, Joaquim Marçal F. de Andrade, Lula Vieira e Rafael Cardoso. Editora Senac, RJ, 2000). Reprodução. Prateleira da memória. Veja 12, fev, 2001 (*)
Inscrição em antiga embalagem do Catupiry®
OS LATICÍNIOS SILVESTRE MUDAM-SE PARA SÃO LOURENÇO
Em 1928, à vista de problemas políticos locais, ausência de estímulos fiscais e dificuldades para o crescimento, os Silvestrini decidiram mudar a empresa para São Lourenço.
Incentivos dados pela prefeitura de São Lourenço, como isenção de impostos por 10 anos e cessão de terreno ao lado da estação ferroviária, o que facilitaria o transporte de leite e creme, que era feito por via férrea, foram decisivos para a tomada da decisão.
Ao fundo, à direita, as instalações dos Laticínios Silvestrini, em São Lourenço, em 1934
A partir de então, os LATICÍNIOS SILVESTRINI começam a crescer, graças ao árduo trabalho de ÂNGELO, de seu filho mais velho PEDRO e de MÁRIO.
MÁRIO SILVESTRINI, algum tempo depois, vende sua parte para o sobrinho PEDRO e parte para a cidade de SÃO PAULO, onde fundou um laticínio, e solidificou a marca CATUPIRY®.
De fato, em agosto de 1936, dá-se o registro da marca, sob o número 47449.
A industrialização do produto, que havia começado em São Lourenço, Minas Gerais, passou a ser feita em São Paulo somente em 1949, fato que impulsionou definitivamente os negócios.
Distribuição do Catupiry® em São Paulo - Anos 1940 - [Reprodução]
ÂNGELO e PEDRO continuaram em São Lourenço, trabalhando intensamente para o crescimento da empresa, já então como o nome de fantasia de MIRAMAR.
Dessa empresa, surgiu o requeijão CREMELINO©.
Reprodução. Correio da Manhã, 25, jun, 1947
Embalagem do Cremelino® [Reprodução]
ÍNDICE DA SÉRIE FAMÍLIAS PIONEIRAS DE AGUINHAS
Nota: Agradecemos a colaboração da sra. Luíza Silvestrini da Cruz, filha de Pedro Silvestrini e Zilda Almeida Silvestrini, pelas informações prestadas e cessão de fotos utilizadas neste post.
Ilustração: Montagem com as capas dos livros: Manuelzão e Miguelin, Menino do Engenho, Meu pé de laranja lima, Menino no espelho, Uma vida em segredo e Por onde andou meu coração, superposta com capas dos livros Guia prático de criação literária, Os segredos da ficção, Uma poética do romance, cujos autores são mencionados no post, tendo ao centro a capa de Menino-Serelepe, deste autor.
A vida de um menino é bem a vida de todos os meninos...
Foi Rodrigo Octavio, advogado, membro da Academia Brasileira de Letras e depois Ministro do STF, quem deu ao seu livro de memórias o título de Minhas memórias dos outros:
Pois bem, tomamos emprestado a Rodrigo Otávio o título acima, adaptando-o para esta Série:
MINHAS RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA DOS OUTROS |
Nela, conto sobre o meu interesse por literatura, os passos na aprendizagem de redação de textos ficcionais, os livros que li e a biblioteca que formei, o processo de escritura do meu livro de memórias, e também comento passagens de livros de memórias de infância e juventude de vários autores, que me ajudaram a compor o MENINO-SERELEPE - Um antigo menino levado contando vantagem, meu livro de estreia. (Veja aqui)
Dou início à Série explicando como tive de muito ler e escrever, antes de aprender (solitariamente, por ensaio e erro) a contar.
Isso atende a pedidos de amigos e leitores que querem conhecer minha modesta experiência como autor, mas sobretudo está endereçado aos meus/minhas netos e netas, numa tentativa de retribuir a inspiração que recebi de José Batista Guimarães, meu avô paterno, contador de histórias.
Vamos lá.
Rodrigo Octavio foi advogado de Américo Werneck no conhecido caso Minas x Werneck, atuando contra o Estado de Minas e seu grande advogado Rui Barbosa.
Confira aqui
No livro acima, ele dedica belas páginas a Rui Barbosa e fala também
dos motivos de algumas zangas de Rui contra ele.
LER E ESCREVER PARA APRENDER A CONTAR
O livro MENINO-SERELEPE está ligado a um antigo desejo de narrar os modos e os causos da parentalha. Nesse livro, adotei um narrador menino, que, ao seu jeito, vê e expõe as coisas, fazendo confidências e contando histórias da infância. Fui um modo de resgatar o mundo em que nasci e no qual fui criado. A maneira que encontrei para registrar e fixar os costumes, a cultura, a fé religiosa e o modo de falar das pessoas com quem convivi.
ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES. Entrevista
Como anotei no início do livro Menino-Serelepe, escrever sobre os causos e modos da parentalha foi um sonho que acalentara desde a juventude. E conquanto não tivesse feito anteriormente nenhum registro dos casos que narro no meu livro de memórias, de outros acontecidos familiares e das histórias de meus avós, os fatos e narrativas mais significativos sempre estiveram na minha tela mental.
Mas vejamos em rápidas pinceladas como tive de ler e escrever, antes de aprender a contar.
Foi assim:
Antes de tomar a iniciativa de escrever as memórias, eu tentava compor uns tais Continhos de Aguinhas, pequenos episódios da terra natal e recontar histórias e causos do meu avô, e de minhas avós e tios.
Para isso, eu havia (re)estudado gramática, relido romances e adquirido livros de contos e narrativas de sabor antigo.
O que são as HISTÓRIAS DE AGUINHAS?
...afinal de contas, essa história de Aguinhas,
escrever causos, falar da família, tudo isso
é invenção dele mesmo [do meu avô].
(Menino-Serelepe. A última do Pai Véio)
As Histórias de Aguinhas são uma série de textos sobre a memória familiar e de minha cidade natal — Águas Virtuosas de Lambari —, que venho escrevendo nos últimos anos, inspirados em meu avô paterno — José Batista Guimarães — a quem chamávamos de Pai Véio (pai mais velho).
Muitos textos iniciais dessa série constituem ideias e ensaios ainda inéditos, que talvez um dia eu publique, como Prosório do Pai Véio, Os Fifosenses e Pai Véio, um contador de histórias.
Aliás, um trechinho desses ensaios eu transformei num capítulo do livro Menino-Serelepe.
E um dos continhos, foi reescrito para compor capítulo do meu livro Os Curadores do Senhor.
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Para entender a origem das Histórias de Aguinhas, veja:
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Depois, comecei a rabiscar umas historinhas, os supostos contos que um dia tomariam forma, eu pensava, ao tempo que lia novos romances, contos e narrativas sobre memórias de infância/juventude.
Foi nesse contexto que fui mentando o Menino-Serelepe. Fiz, então, uma linha do tempo com os eventos que tinha em mente e passei a conversar com familiares sobre a ideia do livro e comentar os causos e modos de que me recordava. E fui anotando nomes de pessoas (e das coisas), impressões, detalhes e expressões que o tempo em mim esmaecera, mas cuja memória estava viva nas pessoas mais velhas de minha família.
Aí foi preciso aprender a contar, isto é, aprender a escrever narrativas ficcionais. E, autodidata na espécie, fui à cata de livros técnicos de composição literária, leitura indispensável para compor textos daquela natureza.
Para complementar este tópico, veja os itens abaixo.
Entrevista do autor de Menino-Serelepe
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Antônio Lobo Guimarães é pseudônimo literário adotado por Antônio Carlos Guimarães, na composição de suas Histórias de Aguinhas.
O que levou você a criar um pseudônimo?
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LIVROS INSPIRADORES — E OUTROS ENCORAJADORES
Meu Deus! Que é isto? Que emoção a minha/ Quando estas coisas tão singelas narro?)
B. LOPES. No poema Berço.
.......................................................................
Daí (...) o título, alongado no adjetivo justo, que lhe vai como uma luva, na qualificação destas histórias...
HERBERTO SALES. Os mais belos contos da eterna infância. Antologia de Temas da Infância. Prefácio. Ediouro, RJ
A ideia de escrever as memórias da infância esteve comigo desde a juventude, como disse acima e havia prometido a Celeste Emília, minha mulher, "aos dezoito anos, no primeiro dia de namoro, no banco da Fonte."
E muitos livros me ajudaram nessa tarefa, especialmente os que refiro a seguir.
Entre os livros inspiradores que li, e outros que reli, que me puseram a sonhar com a feitura do meu, estavam:
A partir dessas leituras, pontuei os principais eventos da minha história numa linha do tempo e anotei alguns lembretes para desenvolver a redação.
E aí cheguei a um ponto chave no processo de escritura: a voz narrativa. Esse é um impasse comum ao autodidata, que não tem ideia de sua dificuldade e importância, e eu fiquei muito inseguro, e não conseguia dar os passos seguintes.
Então, fuçei aqui e ali, e fiz uma grande descoberta: O Ateneu, de Raul Pompéia, e Matéria e forma narrativa d'O Ateneu, de José Lópes Heredia. Como complemento, li também Falange Gloriosa, de Godofredo Rangel.
Esses últimos livros me levaram a manuais de iniciação, criação e redação literária, como os seguintes, que li com certo método:
E, claro, li também o inexcedível Retrato do artista quando jovem, de Joyce.
"Ninguém deve escrever sem ter lido Madame Bovary" Eu havia lido em algum lugar um autor cubano (acho que foi Reinaldo Arenas) dizer da importância de Madame Bovary para sua formação literária. Então, comprei o livro, passei os olhos, saltando as páginas, mas o deixei de lado, pois, sem formação literária, o vi como um romance qualquer. Ledo engano! — diriam os antigos.
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Então, fui avançando na escritura do Menino-Serelepe, trabalhando o texto, inserindo pequenas particularidades, expressões, reescrevendo muito, até que montei uma boneca do livro, para ter uma amostra da obra pronta.
Foi aí que me embatuquei, novamente, com a tais vozes da narração!
O texto misturava vozes e estilos — ora narrava em primeira pessoa, ora descrevia em terceira, ora dialogava em meio à narrativa —, a marcação das conversas soava estranha, a redação parecia infantilizada, o português ressumava canhestro — mil defeitos saltavam aos olhos do autor-leitor inexperiente.
E nesse ponto, eu que não recebera nenhuma carta de Mário, fui salvo, não por suas magníficas orientações, mas pelos seus Contos Novos: a fala cotidiana, a singeleza da forma, a vivacidade de sua prosa — estava tudo ali, naquela aula prática de gramatiquinha da fala brasileira, o encorajamento de que precisava este autor implume e desajeitado.
Revi tudo que escrevera e com uma versão para (re)leitura/revisão pronta passei a minuta a parentes e amigos, para colher impressões, correções, sugestões. Mais revisões e ajustes, e o livro ficou pronto. Entreguei a última versão a um diagramador profissional e imprimi o livro à conta de autor.
Eis um resumo da aventura de solitariamente escrever e editar um livro de memórias.
ESBOÇO LITERÁRIO DE O MENINO-SERELEPE
Vocês, criados em cidade grande, não se espantem com esse jeito de nossa infância do interior.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. No conto A salvação da alma.
Abaixo, vão traços dos principais aspectos da construção literária, do tema, da prosa e dos destinatários de O MENINO-SERELEPE.
Confira:
Prefácio do livro MENINO-SERELEPE
O primeiro texto resume a intenção do autor com o seu livro de memórias. O segundo, refere alguns artifícios da criação literária.
Confira:
Também nos divertíamos muito, lembrando ditos, expressões e trovas populares, além de colecionar palavras em desuso na língua, catadas tanto aos clássicos como aos matutos do Sul de Minas Gerais.
Do livro inédito: Pai Véio, um contador de histórias, de Antônio Lobo Guimarães
Como fiz uso de inúmeros ditos, expressões e palavras antigas na redação de o Menino-Serelepe, resolvi incluir no livro um vocabulário, que somou quase quinhentas entradas.
Veja:
Confira aqui
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DESTE POST
- Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem. Antônio Lobo Guimarães. Edição do Autor, 2009
- Os meninos crescem. Domingos Pellegrini. Busca Vida, 1987
- Minhas memórias dos outros. Rodrigo Octavio. Civilização Brasileira/MEC, 1979
- Retrato do artista quando jovem. James Joyce. Ediouro, s/d
LIVROS QUE SERÃO COMENTADOS NESTA SÉRIE
Abaixo vai uma lista de livros que vamos comentar nesta Série.
São livros que li, alguns com mais vagar, outros apressadamente, mas todos eles me ajudaram/ajudam a escrever e me encorajaram/encorajam a publicar.
Muitos trazem títulos sugestivos, como:
Confira a seguir.
Além dos livros mencionados acima, há estes outros muito interessantes para os que pretendem escrever memórias e ficção:
LIVROS TÉCNICOS SOBRE O FAZER LITERÁRIO
Alguns livros conhecidos e acessíveis sobre o fazer literário:
FORMAÇÃO DA BIBLIOTECA DE UM LEITOR-AUTOR APRENDIZ
Esse tópico vou desenvolver em post futuro.
Nele vou contar a experiência na formação de minha biblioteca — que tem de tudo um pouco, mas tem uma quantidade razoável de contos, romances e livros técnicos: clássicos brasileiros e estrangeiros, coletâneas de contos, livros infantis, manuais de literatura, crônicas literárias, entrevistas de autores/escritores, dicionários, etc.
Há um capítulo do livro Menino-Serelepe que pretendo transformar num livro juvenil. Trata-se de A Guerra das Espingardinhas, que transcrevo mais abaixo, uma narrativa romanceada de uma divertida brincadeira de minha infância.
Adotei como narradora uma menina: MARIA BELA CAMARINHO, nome esse inspirado em minhas netas Maria Elisa e Isabela.
Eis alguns livros que estão me servindo de inspiração para recriação dessa história:
Veja o rascunho da capa e da apresentação do livro A Guerra das Espingardinhas - Uma aventura de antigamente:
Capa provisória. Com ilustração feita pelo brasileiro Henrique Alvim Corrêa (1876-1910) para o livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, edição de 1906
Neste livro, o autor faz uso de um recurso narrativo à la Gertrude Stein, falando de si mesmo e de suas brincadeiras de criança por meio de uma narradora-menina, arteira como Pélica, geniosa como Emília, mordaz como Morley, que conta as aventuras na primeira pessoa, de forma alegre, dinâmica, numa linguagem cheia de sentenças terminantes, ditos curiosos e frases e expressões costuradas por hifens, muitos deles correntes na língua e outros criados por ela mesmo. Texto extraído da orelha do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS Nota: O livro foi lançado em 2021 e encontra-se à venda na UICLAP
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Veja também
Pequenos trechos do livro A guerra das espingardinhas podem ser vistos nestes links:
A Guerra das Espingardinhas
Hoje em dia, as crianças não brincam mais de armas de brinquedo, e está mesmo interditada a fabricação, importação circulação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir.
Muitos pais e educadores, de outro lado, também têm orientado as crianças a não fazer uso de armas de brinquedo. Isso de fato constitui um avanço nos costumes e na formação das crianças, em face de um mundo violento e conturbado.
Mas no meu tempo de criança, nos anos 1960, a gente brincava. Mais do que isso: nós mesmos construíamos nossas "armas" e nos divertíamos a valer.
Confira a história abaixo, contada no livro Menino-Serelepe:
O livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem é uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE AGUINHAS.
Para saber mais sobre MENINO-SERELEPE e outros livros do autor, veja acima o tópico Livros à Venda.
Ilustração: Ducha. Pintura 40x50. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Nesta série Pinturas e Pintores de Aguinhas estamos lembrando alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.
Já vimos o post sobre o Farol do Lago (aqui), o Cassino de Lambari (aqui), as obras de artista José Raimundi (aqui), e hoje focalizaremos as obras do artista plástico cambuquirense: Jonas Lemes.
Vamos lá!
Jonas Lemes nasceu Joaquim Jonas Mendes Lemes, em Cambuquira, Minas Gerais, em 1964, residindo atualmente em São Lourenço, MG.
Reprodução. Fonte: site: www.al.sp.gov.br
Artista plástico autodidata, assinando Jonas Lemes, ele iniciou suas atividades em 1990, e já recebeu diversas premiações em salões de arte no Brasil.
Participou de diversas exposições, entre as quais: XIII Salão de Artes Plásticas, Taubaté, SP (1991, 1992); XI Salão de Artes Plásticas, Rio Claro, SP; Salão de Artes Plásticas, Matão, SP; X Salão de Artes Plásticas, Jaú, SP; VI Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1993); XXXIII Salão de Artes Plásticas de Araras, SP; XLII Salão de Artes, Piracicaba, SP; VII Salão de Artes Plásticas, Mogi-Mirim, SP (1994); Salão de Outono, Sorocaba, SP (1995); Viagem a América do Sul, Juiz de Fora, MG; XLIV Salão de Artes, Piracicaba, SP; Salão Vinhedense de Artes Plásticas, Vinhedo, SP (1996); Salão de Artes de Franca, SP (1997); SABBART, Ribeirão Preto, SP (2000, 2001).
Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.
Fonte: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=312436
Jonas Lemes pinta Águas Virtuosas de Lambari
O casamento perfeito das obras fundadoras de Águas Virtuosas de Lambari e das belezas naturais de nossa cidade com as técnicas de Jonas Lemes gera pinturas belíssimas, como estas:
Cassino de Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Na beira do lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Ducha. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Entardecer no lago. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Ipê em Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Bela Vista. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Farol do Lago. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira
Parque Novo. Jonas Lemes. Reprodução. Ímã de geladeira
Onde encontrar obras de Jonas Lemes
As obras de Jonas Lemes podem ser encontradas nestes endereços:
Escritório de Arte - Parque das Águas de São Lourenço
No Parque das Águas em São Lourençpo, há este escritório de arte de Jonas Lemes.
Confira:
Ilustração: Prefeitura Municipal de Lambari. Quadro de Solange Ribeiro. Reprodução.
Neste post, vamos falar sobre os governantes de Águas Virtuosas de Lambary, destacando os regimes jurídicos para escolha dos dirigentes, os prefeitos antigos mais relevantes e feitos significativos da história de nossa municipalidade.
Vamos lá.
Recorte da bandeira do município de Lambari, MG, idealizada pelo professor Raphael Pinotti, com a inscrição Hic sanitas — Aqui há cura (aqui)
Resumo da história administrativa do município
O município de Águas Virtuosas de Lambari, designado por Lambari, a partir de 1930 (Decreto nº 9.804, de 27 de dezembro de 1930), foi criado por meio da Lei Estadual nº 319, de 16 de setembro de 1901.
Veja também:
Regimes de escolha dos dirigentes municipais
Históricamente, a escolha dos dirigentes municipais de Lambari seguiu os seguintes regimes jurídicos:
De 1902 a 1908 - Agente Executivo designado pela Câmara Municipal
De 1909 a 1936- Nomeado pelo Governo do Estado
1930 a 1945 - Era Vargas
De 1937 a 1945 - Nomeado pelo Interventor Federal no Estado
Em 1947 - Eleição direta
Em 1950 - Eleição direta
Em 1954 - Eleição direta
De 1968 - 1985 - Município considerado como território de Segurança Nacional
[Os negritos não são dos textos originais.]
Em 1985 - Eleição direta
[O negrito não é do texto original.]
A partir de 1988 - Eleição direta
Galeria de Prefeitos de Lambari
Abaixo, galeria dos principais prefeitos de Águas Virtuosas de Lambari e algumas de suas realizações.
Informações/feitos |
Stockler é considerado o criador da estância hidromineral de Águas Virtuosas de Lambary, como centro de vilegiatura e de tratamento. Como Agente Executivo (1902-1908), coube a ele obter a aprovação de um plano de saneamento e embelezamento da vargem — extensa área de terreno pantanoso e alagadiço, situado em ponto central da povoação — e o alinhamento das principais vias de acesso ao Parque das Águas, obras essas concretizadas por Werneck, entre 1909-1911. Outras informações: aqui |
Em 26 de abril de 1911, inaugurou as obras acima, com a presença, entre outras autoridades, do PR, Hermes da Fonseca, e do Presidente de MG, Wenceslau Braz. Em 16 de maio de 1912, arrendou ao Governo de Minas Gerais, por 90 anos, a estância de Águas Virtuosas de Lambari. Em 27 de junho de 1913, em razão de divergências e desentendimentos com o Estado de Minas na execução do contrato acima, propôs na Justiça Federal (BH) ação rescisória desse contrato. Outras informações: aqui |
De caráter ilibado, conquistou a sociedade lambariense por sua postura e obras que realizou, entre elas: construção e instalação do fórum, cadeia municipal, ponte sobre o Rio Mumbuca (em frente Hotel Imperial) e cemitério municipal (1914). Incentivou a construção do Asilo e Hospital São Vicente de Paulo, tendo lançado a pedra fundamental e instalado a comissão de obras para esse fim (31-03-1914) Outras informações: aqui |
Em sua gestão deu-se a construção de novos prédios e hotéis no centro da cidade e um grande movimento de turistas em busca das famosas "sete fontes" de saúde, como então se propagandeava. Casado com Lúcia Veiga, em 1934, foi eleito vereador e aclamado Presidente da Câmara. Em 1935, foi nomeado prefeito municipal, ficando no cargo até dezembro de 1945. Eleito novamente prefeito em 1951, renunciou ao cargo em 1954, quando assumiu a Cátedra de Cronologia na Faculdade de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Outras informações: aqui |
Antes (de 8 de janeiro a abril de 1947), exercera o mesmo cargo, nomeado pelo Interventor Federal do Estado de Minas Gerais. Em sua gestão, bastante proveitosa, deu-se a criação do Ginásio Municipal, obras de urbanização (ruas e avenidas pavimentadas), a construção da Praça Duque de Caxias (Praça do Fórum), a instalação da Fonte Luminosa e da Biblioteca Municipal, e a organização dos serviços burocráticos da Prefeitura Municipal. Outras informações: aqui |
Em suas gestões, ocorreram importantes eventos em Lambari: o Congresso Eucarístico Diocesano, competições de motonáutica, a construção do Estádio Municipal e a vinda da Seleção Brasileira de Futebol (1966). |
Em sua gestão deu-se a instalação dos postes de cimento na iluminação pública da cidade. Outras informações: aqui |
Ativo e realizador, contam-se entre seus feitos o seguinte: organização interna da prefeitura e de seus arquivos e cadastros, elaboração dos códigos de postura e tributário, instalação do SAAE e da TELEMIG, reforma do jardim da Matriz N. S. Saúde, abertura de diversas ruas e escolas, construção de pontes e reformas da rede elétrica da cidade e da piscina municipal. Foi pioneiro, nos anos 1960, na instalação a Torre de TV em nosso município e idealizador e construtor das duchas do lago. Outras informações: aqui |
Entre suas realizações, temos: calçamentos de ruas (com bloquetes no centro da cidade e paralelepípedos no bairro Campinho), construção de ponte de madeira sobre o pontilhão, reformas de escolas rurais, ampliação e melhoria da rede de iluminação pública, credenciamento de médicos do IPSEMG para atendimento em Lambari, asfaltamento da rua de acesso ao Cemitério Municipal. A rodovia MG 456, que liga Lambari à Fernão Dias (via Heliodora), recebeu o seu nome. Outras informações: aqui |
No seu governo, ocorreu o infeliz incidente do incêndio do prédio da Prefeitura Municipal. |
Lista dos Prefeitos de Lambari
Eis as lista dos dirigentes municipais de Águas Virtuosas de Lambari, depois Lambari:
PREFEITOS DE LAMBARI Agente Executivo 1902 – Dr Eustáchio Garção Stockler (Agente executivo) Nomeados pelo Governo do Estado 1907 – Dr Américo Werneck ( 1º Prefeito - nomeado por Wenceslau Braz) 1911 – Raul Noronha de Sá 1913 – Dr. Antonio Pimentel Junior 1914 – Henrique Cabral 1918 – Francisco de Castro Filho (interino) 1919 – Dr. Raul Franco de Almeida 1920 – Affonso de Paiva Vilhena (interino) 1921 – João de Almeida Lisboa (em exercício) 1921 – Messias Silveira Machado (interino) 1923 – Joaquim Figueira da Costa Cruz 1924 – Júlio Bráulio (interino) 1924 – Bernardo José de Paulo Aroeira 1930 – Eurico Leopoldo de Bulhões Dutra 1931 – Ernesto de Mello (interino) 1932 – Luiz Lisboa 1935 – Dr. João Lisboa Júnior – até dezembro de 1945 1945 – Dr. Felix Geraldo de A. e Silva (interino) 1946 – Dr. João Lisboa Júnior 1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles (nomeado pelo interventor no Estado). 1947 – Dr Ural Prazeres, Joaquim Araújo Júnior ( abril a outubro de 1947). Prefeitos eleitos e acompanhados de Câmara Municipal 1947 – Dr. Helio Monteiro de Toledo Salles 1951 – Dr. João Lisboa Júnior 1954 - José Horton de Morais (em exercício) 1955 – José Capistrano 1959 - José dos Santos 1963 - José Capistrano 1967 – Prefeito Jairo Ferreira 1967 – Posteriormente Presidente da Câmara: Dr. José Vicente da L. de Vilhena Nomeados pelo Governo do Estado 1972 – Professor Walter Cordeiro 1973 – Dr. José Vicente L. de Vilhena 1973 – Dr. Cyro Rodrigues Coelho 1973 – José Carlos de Alcântara 1976 – Dr. José Vicente L. de Vilhena 1984 – Renato Nascimento (Assumiu o cargo de prefeito em 14 de maio de 1983) Eleição direta 1988 – Dr. Marcílio Marques Botti 1989 – Eugênio Carneiro Rodrigues 1993 – Sebastião Carlos dos Reis 1997 – Eugênio Carneiro Rodrigues 2001 – Nely Fernandes Arantes Bahia 2005 – Sebastião Carlos dos Reis 2009 – Marco Antônio de Resende 2013 - Sérgio Teixeira 2017 - Sérgio Teixeira |
Índice da Série Memórias Políticas de Aguinhas
Ilustração: Cassino de Lambari. Cromo. Anos 1911
Como dissemos, nesta série Pinturas e Pintores de Aguinhas vamos lembrar alguns pintores e pinturas de Águas Virtuosas de Lambari.
Já vimos os posts sobre
e hoje focalizaremos o Cassino de Lambari.
Vamos lá!
Pinturas do Cassino de Lambari
Obra majestosa de Américo Werneck, o Cassino de Lambari foi inaugurado em 1911, dentro de um plano de modernização e embelezamento da estância hidromineral de Águas Virtuosas de Lambari.
Veja estes posts:
Cassino de Lambari. Pintura na parede do Palace Hotel. Eurico Aguiar
Cassino de Lambari. Pintura na parede. Pesqueiro Ítalo Gregatti, Nova Baden, Lambari
Cassino de Lambari. Reprodução. Pintura (autor não identificado) [*]
Desenho de William Kauage Gorgulho (parede do restaurante do Shopping Águas Virtuosas)
Pintura Cassino. Lenço vendido como lembrança de Lambari. Reprodução. Facebook
Cassino de Lambari. Reprodução. Rosely Panunzio
Cassino de Lambari. Eurico Aguiar. Pintura em azulejo 15 x 15cm
Cassino de Lambari. Reprodução. Tela de Eurico Aguiar
Cassino de Lambari. Jonas Lemes. Reprodução. Fonte: artmajeur.com/jonaslemes
Cassino Lambari, MG. O. S. T. Maucha. 1996 Reprodução Internet. Fonte: Levy Leiloeiro (aqui)
Cassino de Lambari. Raimundo Botelho, 1991. Reprodução Internet. Fonte: Empório Brasil Leilões (AQUI)
Depois que este post foi ao ar, recebemos do visitante Antonio Coppe as duas pinturas abaixo, que acrescentamos a esta galeria.
Confira:
Cassino refletido no lago. Reprodução. Marcelo Becker.
Segundo nosso visitante Antonio Coppe, esta pintura encontra-se em um corredor do Castelo Novo Hotel, em Varginha, MG
Cassino visto das paineiras. Reprodução. Ava Favaro, 2004
Pintura no muro do campo do A.V.F.C. Autor [ilegível]