Ilustração: Casal de namorados, caminhando e comendo pão italiano com manteiga - Imagem: Copilot/Microsoft
Como venho dizendo aqui no site GUIMAGÜINHAS, nos últimos dois anos (2023/2024), eu e Celeste moramos em Brasília, por conta do seu tratamento oncológico.
E isso nos aproximou ainda mais e tivemos tempo de (re)ver fotos e fazer anotações sobre nosso relacionamento de mais de 50 anos: namoro, casamento, família, vida profissional, aposentadoria...
Pois bem, o caso a seguir faz parte dessas lembranças!
Confira!
Muitas vezes, a gente saía do escritório 5 horas da tarde, passava pelo Laticínios Belloni (era ali perto do campo do Águas), comprava 50 gramas de manteiga, depois apanhava um pão italiano na Padaria do Juca (era ali onde fica hoje o Banco do Brasil) e ia em direção ao Ideal Hotel/Campinho/Estação Ferroviária.
Ao fundo, à direita, vê-se o morro que levava à Estação Ferroviária
Logo que passávamos a ponte sobre o Mumbuca (depois do Parque Hotel), subíamos o morro lentamente, partindo as cascas do pão, passando na manteiga e comendo, olhando um para o outro, enamorados...
Hoje não há Belloni, nem Padaria do Juca, nem Ideal Hotel, nem Estação —meu bem-querer se foi — mas meu coração se alegra com essa lembrança...
A Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER está disponível aqui: https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/blog/index.php
Ilustração: Um casal de adolescentes, sob um ipê florido. (Imagem de Copilot/Microsof) - [A expressão Bem-querer é tomada aqui como nome próprio, daí a grafia diferente da indicada pelo VOLP]
No número 7 da Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, falei da parceria que mantive com minha mulher Celeste Krauss, por mais de 50 anos, fosse na vida, na profissão e nos livros. (aqui)
Ah, contei também alguns segredinhos que colhi em sua caixa de guardados...
Neste número 8 da Série, comentarei sobre leituras e livros, e como Celeste me ajudava na revisão dos livros que escrevi (*).
Falarei de um capítulo de livro, intitulado Flores para minha flor predileta, que não veio a lume...
Vamos lá!
(*) Ela gostava de lembrar, vaidosa, que ainda muito jovem recebera da tia Maria Rita lições de português, de literatura e de etiqueta...
O LIVRO A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS
O meu livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, como contei no post A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS (1) Os bastidores do livro e os cenários da história, tem como fundo as "guerras de espingardinhas de milho" com que se divertiam as crianças da minha época.
Aqui: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=57716 |
A narrativa da história é feita pela menina Maria Bela (nome inspirado em minhas netas: Maria Elisa e Isabela) — personagem e heroína da história.
E no livro, muitas passagens do flerte entre os personagens Maria Bela e Serelepe foram inspiradas em fatos de minha época de namoro com Celeste Krauss — a quem também dediquei o livro.
É o caso, por exemplo, dos "presentes" que o personagem Serelepe ofereceu a Maria Bela e a outras meninas do grupo.
Confiram a seguir.
Capa do livro. [À venda aqui: https://loja.uiclap.com/titulo/ua13587]
No Capítulo 11 do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, intitulado O Menino-Serelepe, descreve-se a personalidade do Serelepe e os mimos com que presenteava as meninas da Turma da Tiradentes.
Todos os presentes ali descritos, eu os dei em algum tempo à minha Celeste...
De fato, no início dos anos 1970, quando ia buscá-la em casa, subia por um caminho próximo da velha estação do trem, no qual havia um rústico gramado, enormes pés de mamona e centenas de maravilhas esparramadas à margem.
Ali colhi, muitas vezes, as joaninhas e as maravilhas que viravam presentes...
Ah, por essa época, eu já não furtava jabuticabas no seu Lili — e sim as buscava na horta do tio Messias Lobo, na Vila Nova.
Trecho do Cap. 11 - Menino-Serelepe do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS
UM TRECHO "CENSURADO" DO LIVRO
Todos os livros que escrevi, a primeira leitura dos rascunhos foi feita por Celeste.
Dava opiniões, lembrava histórias e palavras esquecidas, sugeria mudanças, cortes e acréscimos, essas coisas.
Pois bem, quando rascunhava o livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, escrevi um capítulo (Flores para minha flor predileta) que acabou "censurado"...
— Ah, esse título!... é uma expressão muita batida... E todo esse capítulo tá meloso demais... — ela disse.
— Além disso, está frouxa a narrativa sobre a matinha-cuidar da árvore-esperar florir... E a poesia está longa...
— Mas, bem, é Castro Alves! Recitei tantas poesias dele pra você...
— Sim, muito antes de Bethânia, você recitava trechos de Navio Negreiros para mim: — Era um sonho dantesco... o tombadilho...
— Mas, olha, só o lance de colher as flores e jogá-las soa verdadeiro — até porque você fez isso comigo uma vez, naquela pescaria, isso eu nunca esqueci...
— Mas, Celeste, a passagem pede um contexto espacial, num tom romântico, para culminar no apanhar-e-jogar as flores! — respondi.
— Pode ser, mas não gostei. Acho melhor cortar este trecho! — ela disse — e encerramos a questão.
E assim foi — acatei sua opinião e o capítulo não entrou no livro.
Pois bem, no ano passado, estávamos em Brasília, e lá os ipês floriram duas vezes: antes de agosto e depois de agosto, em razão das mudanças climáticas.
Ipês branco e rosa, Sudoeste/Brasília/DF - Setembro de 2024
E durante um passeio nas proximidades da nossa quadra, apreciando os ipês (re)floridos, recordei que ela "censurara" a passagem das flores amarelas de ipê que eu queria incluir no livro...
— E fiz muito bem! — ela disse com convicção.
— Mas Maria Bela e Serelepe são só personagens — e não pessoas reais — eu disse. — A Maria Bela não existiu, foi só uma criação literária — acrescentei.
— Além do mais, não fui eu que narrei a passagem, e sim a Maria Bela... — tentei justificar.
— Sei!... — ela respondeu, com uma cara meio fechada, pois nunca gostou dessa história de Serelepe com Maria Bela...
E por aí acabou a conversa.
Hoje, depois que Deus a levou, eu gostaria tanto de poder me sentar novamente com ela sob um ipê florido...
Ilustração: Um casal de adolescentes, sob um ipê florido. (Imagem de Copilot/Microsof)
FLORES PARA MINHA FLOR PREDILETA
E agora acho também que posso divulgar o tal trecho censurado — e lembrar-me, com imensa saudade, do bobinho romântico que fui durante nosso namoro:
contava-lhe histórias do tempo do onça, declamava versos de moda caipira e poemas de amor, cantava imitando a voz e os trejeitos do Joselito, soprava-lhe no ouvido trechos de músicas românticas, narrava passagens evangélicas e histórias do Cristianismo nascente, escrevia bilhetinhos de amor com letra talhada...
Pois bem, vamos ao texto, que foi inspirado em muitos lances do nosso namoro.
Aliás, o muxoxo mencionado no texto abaixo, de fato ocorreu no pátio do ginásio, em meados de 1972, algumas semanas antes de iniciarmos o namoro. Acho que foi aí que a fisguei!
(*) Recordo que a narradora é a personagem Maria Bela, que rememora o caso, e fala, por fim, de sua vida pessoal.
Ilustração: Celeste e Guima, caminhando em Brasília, perto do Bosque do Sudoeste, 2024 - [A expressão Bem-querer é tomada aqui como nome próprio, daí a grafia diferente da indicada pelo VOLP]
Celeste Emília Salles Krauss, depois Celeste Emília Krauss Guimarães — que assinou seus livros como Celeste Krauss — foi, por 52 anos, minha companheira de vida, de profissão e de livros.
Com ela escrevi em parceria a Série CASA GORDA - RECANTO DOS NETOS (aqui), que estou divulgando à medida que reviso os textos.
Aliás, o número 1 dessa Série está disponível aqui:
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Colaborei com Celeste também na edição do seu livro O galo e a coruja cupinzeira — que romanceia um caso ocorrido com nossos netos gêmeos: Leonardo e Rafael.
Veja: aqui
Nos últimos dois anos (2023/2024), eu e Celeste moramos em Brasília, por conta do seu tratamento oncológico.
Isso nos aproximou ainda mais, à vista da rotina semanal de médicos, fisioterapeutas, hospitais, clínicas, laboratórios de exame, farmácias — fase em que me esforcei para ser marido, motorista, cuidador — e sobretudo companheiro presente dia e noite.
Nesse contexto, preenchemos horas vagas revendo fotos, relembrando e anotando diversos casos e passagens de nossas vidas — desde antes do início do nosso namoro (1972) até os últimos dias passados em Brasília.
Sabe?...
Trecho de um capítulo inédito do livro A GUERRA DAS ESPINGARDINHAS, inspirado no nosso início de namoro, o qual foi narrado pela heroína da história: — a menina MARIA BELA (veja aqui: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=57716#QUEM) |
Foi assim que surgiu a Série CASA GORDA - RECANTO DOS NETOS, referida acima.
Pois bem, agora que meu bem-querer se foi (faleceu no dia 3/2/2025), pretendo contar — numa série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER — episódios da nossa vida pessoal e familiar, que juntos vimos recordando nos últimos tempos.
Dentre as nossas lembranças, por exemplo, estão:
Então é isto: uma amostra do que vou compartilhar aqui na Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER.
Um modo de aliviar a saudade e deixar memórias para nossos filhos, netos, parentes, amigos...
Anteriormente a este post nº. 7 da Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, publiquei 6 posts com notas e recordações sobre o passamento de minha mulher.
Confira:
Série Saudades ► RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (1) - 49 anos de casados! — Falando do nosso aniversário de casamento ► RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (2) - Que o mestre Jesus te conduza, Celeste! — Anúncio do falecimento de Celeste ►RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (3) - A família de Celeste Emília agradece — Agradecimento às centenas de pessoas que se manifestaram nas redes sociais sobre o passamento de Celeste ► RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (4) - E então eu me vejo sozinho como estou agora... — Expressando a imensa solidão em que me encontrei após a partida de minha mulher ► RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (5) - Os casamentos são feitos no céu? — Convites para as Missas de Sétimo Dia de Celeste, realizadas em Lambari e Belo Horizonte ► RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER (6) - Celeste, eu não disse que ia me casar com você? — Recordações sobre o nosso primeiro encontro, no banco da Fonte Luminosa, dia em que prometi que ia me casar com ela e escrever um livro sobre a parentalha. |
Retomemos a Série RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER com esta narrativa:
A CAIXA DE GUARDADOS DE CELESTE EMÍLIA
Trecho de um bilhete romântico que dei à Celeste em 9/2/73, no início do nosso namoro, que mais de 50 anos depois soou profético...
De volta a Lambari, um mês depois do passamento de Celeste, começo a reorganizar nossa casa, que ficou praticamente fechada nos últimos 2 anos. Entre seus guardados, uma caixinha de cartas e bilhetes que lhe escrevi, anos e anos atrás...
E isso me fez lembrar, com imensa saudade, do bobinho romântico que fui durante nosso namoro: — contava-lhe histórias do tempo do onça, declamava versos de moda caipira e poemas de amor, cantava imitando a voz e os trejeitos do Joselito, soprava-lhe no ouvido trechos de músicas românticas, narrava passagens evangélicas e histórias do Cristianismo nascente, escrevia bilhetinhos de amor com letra talhada...
Com uma caprichada letra de escriturário-contador, escrevi em papel especial bilhetes românticos, como os que vão abaixo, com trechos de poemas de Gibran Khalil Gibran.
A data: fevereiro e maio de 1973, meses após o início do namoro.
A sigla: S.P.C.E. — ao pé do bilhete — queria dizer: Simplesmente porque Celeste existe...
De fato: — ela foi musa inspiradora, mão auxiliadora, porto seguro, para tudo aquilo que realizamos na vida!
E na caderneta escolar de Celeste, de 1974 (ela cursava o 3º. Ano Colegial), encontrei o meu nome escrito em letra caprichada...
Coisa de adolescente sonhadora e enamorada...
Começamos a namorar em dezembro, mês de Natal.
E por aquela época (1972), na TV Globo, havia uma propaganda do Banco Nacional, em que um coral de crianças cantava a música Quero ver você não chorar.
E a cançãozinha se tornou a música-tema do nosso namoro, a qual eu cantava, olhando ternamente em seus olhos, no banco da Fonte Luminosa — onde tudo começou...
Eu cheguei a dar-lhe um bilhete com a letra da música, que ela guardou até o fim...
Comercial do Banco Nacional - https://www.youtube.com/watch?v=I0JzRS0f9Zs
Como começou a história da nossa família - https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=66642#com
RECANTO DOS NETOS (16) - A CASA GORDA (1) Recanto dos netos - https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=66248
O galo e a coruja cupinzeira - Celeste Krauss - https://guimaguinhas.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=5216353
Ilustração: Crianças comendo panquecas. Imagem gerada por IA/Copilot/Microsoft
Aqui no SITE GUIMAGÜINHAS, numa série de posts intitulada A CASA GORDA - Recanto dos netos, contamos histórias e acontecidos da FAMÍLIA GUIMARÃES, como a construção da nossa casa nos anos 1980, a origem do nome Casa Gorda — apelido dado pelos netos à nossa residência em Lambari —, lances da vida em família, brincadeiras e travessuras dos netos, etc.
Como moramos fora de Lambari por mais de 30 anos, a Casa Gorda se transformou na casa de férias da família — na qual frequentemente reunimos filhos, noras e netos.
Nesse compasso, a Casa Gorda ficou sendo, na prática, a casa dos netos — na qual tem muita comida, guloseimas, brincadeiras, histórias, carinho — e muita, muita diversão!
Com o passar do tempo, os netos foram chegando, crescendo e passando férias na Casa Gorda — e nela deixando suas histórias/memórias: vida em família, atividades, brincadeiras, passeios, aventuras...
Pois bem, hoje estamos aqui — Celeste e Guima — recordando, tomando notas, selecionando fotos e escrevendo sobre os anos maravilhosos que passamos ao lado de filhos, noras e netos.
E assim nasceram estas HISTÓRIAS DA CASA GORDA - O RECANTO DOS NETOS, que vão escritas numa linguagem simples, leve, brincalhona — como somos nós os Guimarães: brincalhões, leves e simples...
Agora vem o número 2 da Série: A comilança!
Vamos lá!
Criança come de hora em hora, dizia minha vó. E na Casa Gorda a vó Celeste segue esse ditado à risca.
Querem ver?
Vamos em frente!
A ordem de levantar das crianças é invertida: bebês madrugam, miúdos saem da cama às nove horas e galalaus lá pelo meio-dia!
Assim, quem tem criança que mama levanta às 6 da manhã e faz a mamadeira, ou mingau, ou a tigela de frutas.
A galerinha bate um pratão logo pela manhazinha
Bem cedinho, o vô Guimão já tá de pé, coando o café da galera.
Nesse compasso, a mesa do café da manhã está sempre posta das 7 da manhã até meio dia.
E lá vem café da manhã com pão, bolo, cavalinho, pão de queijo, bolachas, chocolate, suco de laranja, ovos mexidos e panquecas lambuzadas de geleia ou pasta de avelã — uma especialidade da vó Celesta.
Cavalinho — uma bolacha da Padaria Motta (Lambari, MG)
E lá vem frutas, no meio da manhã: banana amassada com aveia, maçã picadinha no potinho, mexerica servida aos gomos...
E no tempo de abacates — vó Celeste vai ao pé de manga que dá abacates — e os prepara amassadinhos com açúcar...
Na Casa Gorda tudo é grande: olha o tamanho dos abacates! Mais de 20 cm! |
Pé de manga que dá abacates? Entendi bem?
Veja esta história aqui:
E mais comidaria no almoço. Casa grande, muita gente, isso aqui parece hotel, vó Celeste reclama, e faz montoeira de comida.
As noras, claro, ajudam muito. Os filhos também, que vó os ensinou a cozinhar.
Especialidades? Sim, mas principalmente comida que rende: galinhada, arroz de carreteiro, macarronada.
Ah, sem temperos prontos! Muito alho e cebola — e cebolinha, salsinha dos canteiros da vovó!
É tanta gente pra comer, que vó Celeste organiza a fila... E até cachorro entra! Olha a folga da Cindy!
Pra plantar sua hortinha, Celeste fez uns canteiros no gramado e usou vasos e floreiras antigos — e caixas de massa que pedreiros abandonaram após as obras do muro.
E a horta tem quase de um tudo: chás, ervas aromáticas, verduras, legumes, remédios caseiros...
De fato, lá vamos encontrar: salsinha, cebolinha, hortelã, alecrim, erva cidreira, capim limão, coentro francês, manjericão, louro, repolho, alface, chicória, espinafre, tomate, alfavaca, alfazema, arruda, espada de São Jorge.
Nos canteiros, há pés de limão, laranja, mexerica, manga, abacate, gengibre, pimenta dedo-de-moça, pimenta cumari, pimentão.
Eita!— este não pode ficar de fora: o famoso pastel da vó Tal — uma tradição da família, que vó Celeste herdou da mãe.
Vó Tal (Teresa Salles Krauss) preparando seu pastel famoso.
O segredo? A Tal não conta nem para as filhas... Mas eu sei que a massa leva uma dose de boa cachaça!
Linha de produção de pastéis na família Guimarães
Até o Guga já sabe fazer pastel
Como disse, as noras também dão seu contributo nos salgados: panqueca, bife à milanesa. Macarrão 2 molhos, feijão mexicano. Canjiquinha, bolo de carne moída...
E nos doces: pudim dos anjos, bolo de cenoura, biscoitinho de queijo, rosquinha de coco, curau de milho, canjica...
E lá vem a esperada sobremesa — hum! diz a criançada com água na boca — pudim de leite moça, doce do Gonelli, canudinho, Romeu e Julieta, chocolate, o inigualável arroz doce que a trisavó Emília ensinou!
As noras doceiras capricham na doçaria: pudim dos anjos, pavê de chocolate, sorvete de queijo com goiabada, torta de limão.
Canudinhos com doce de leite: — Tem coisa mió, Rafaleo?
Ou Rafaleo e Leorafa? Pois é, Bebela era pequena e tinha dificuldade em distinguir os primos gêmeos: Leo e Rafa. Aí, resolveu do seu jeito: chamava-os por Rafaleo e Leorafa — e o artifício pegou e toda família os chama assim.
Pois bem, com isso, Paulinho passou a chamar a Rafaela — que tratamos por Rafa — por Rafalela!
Mas — argh! doce de língua não, vó! — dizem alguns quando a vó abre a lata de doce de goiaba em calda!
Imagem: Fonte YouTube
No café da tarde tem bolo de cenoura, pão de queijo, pão na chapa.
E na janta — jantarada — que vovó não é ferro! Sobras do almoço, sopas, caldos, cachorro-quente, misto-quente...
Mas tem sempre um malandrinho pedindo kikão, batatas fritas, frango frito, pizza — e a vó Celesta, que não diz não pra neto, pega o imã de geladeira e dá a ordem: — Guimão, liga e pede!
E pra rematar o dia: um filme, um livro, jogos de salão e pipoca!
Bem, de vez em quando, vó Celesta surpreende com um lanchinho fora de lugar:
Leo, Rafa, Maria Elisa e Bruna, lanchando no salão
Olha o lanche da manhã preparado pela vó Celeste
Lanche para a família na varanda externa
E o vô Guimão, não faz nada! — Ele não cozinha, mas faz café e lava toda a louça da manhã, dia, tarde, noite...
Ah, ia me esquecendo da Rafa fofoqueira:
— Vó Celesta briga com ele porque tem mania de provar a comida, antes dela pôr na mesa!
Tem certos dias e datas especiais em que o cardápio é um pouco mais sofisticado.
E Celeste, noras e filhos fazem algumas especialidades — pratos que já compõem um particular patrimônio da família, e que não podem faltar quando nos reunimos.
Vamos lá.
Filhos, noras e a Mônica na cozinhação
Desde cedo, as netas são estimuladas a cozinhar — para manter a tradição da família
Bacalhau é com Vivi — esposa do Carlo Emílio.
Se você tem dúvidas, confere:
Arroz de carreteiro e canjiquinha
Arroz de carreteiro e canjiquinha são especialidades do Carlão.
Aqui é com o José Batista — o mais paciente dos nossos cozinheiros.
Noite mexicana — com direito a nachos, chilli, tacos, guacamole, roupa a caráter — quem puxa a fila, faz o cardápio e prepara parte da comidaria é a Flávia. E ajuda a fazer também os aperitivos.
Ah, e aprontam uma jarra de suave marguerita!
Foto estilizada: toda a família preparada para uma noite mexicana!
Eita, neste dia teve convidados: tios e primos aos montes!
Bem, o pão com gorgonzola trazido à mesa da família pela Carol é pedida certa para as noites frias de Lambari.
Alan, seu marido, comparece com uns tintos regulares e um bom estrogonofe.
Certas noites lambarienses pedem lareira e vinho
O Guiminha — que se gaba de entendido — diz que os vinhos melhores é ele quem compra: boa qualidade e preços razoáveis!
Há divergências, no entanto!
Ele também gosta de dar pitaco na cozinha — "especialista" que é em frutos do mar!
Guiminha preparando o seu talharim com camarão e tomates pelados
A fazedora das panquecas — queijo, carne, presunto-queijo — é a Paula, esposa do José.
E como esse prato é muitíssimo apreciado também pelas crianças, a produção se faz no atacado!
A mestra das panquecas em ação
Celeste quando quer caprichar...
Como dissemos, Celeste faz comida que rende.
Mas, a pedido, cozinha certas especialidades: carne de sol com manteiga de garrafa, frango caipira à caçadora, charque com abóbora e couve, arroz com macarrãozinho frito, macarrão pizza, bife acebolado, feijoada, costela com batata, galinhada, ossobuco...
Celeste cozinhando frango caipira no fogão de lenha Charque com abóbora e couve
Com a intensa vida na cozinha e as crianças no entorno, logo elas aprendem a se virar também.
Cecília aprendendo a fazer massa
Desde pequena, Maria prepara o próprio sanduíche
Bebela preparando a forma de bolo
Paulinho já se vira nos ovos mexidos
Leo se vira com seu sanduíche
Rafa, grande fã de sushi, aqui foi flagrado fritando camarões
Confira os posts já publicados:
Confira os áudios vinculados aos posts:
Ilustração: O banco que mandei fazer pra Celeste, similar ao então existente na Praça da Fonte Luminosa, para recordar o dia do nosso primeiro encontro e a promessa que fiz a ela.
Nesta série intitulada RECORDAÇÕES DO MEU BEM-QUERER, eu estou registrando episódios da nossa — minha e de Celeste — vida pessoal/familiar, que vivemos/recordamos nos últimos tempos.
Eu conhecia CELESTE de vista, mas passei a conviver com ela quando juntos trabalhávamos no escritório KRAUSS & LORENZO, pertencente aos seus tios FABIANO KRAUSS e JOSÉ DE LORENZO (este casado com CORDÉLIA KRAUSS, irmã de Fabiano).
Por pouco mais de um ano trabalhamos lado a lado, de novembro de 1971 a 9 de dezembro de 1972, quando, nesse dia 9/12/1972 a convidei para um encontro — e neste encontro — eu disse a ela com absoluta certeza: — CELESTE, VOU ME CASAR COM VOCÊ!
Anos depois, já casados, lhe dei de presente um banco similar ao então existente na Praça da Fonte, onde este primeiro encontro se deu.
E desde o primeiro encontro, em 1972, nunca nos separamos, a não ser agora no dia 3 de fevereiro de 2025...
Pequena sucessão de fotos na linha do tempo...
Celeste e Guima, aos 15/16 anos, antes de namorarmos
Passeio em Poços de Caldas, 1973, levados por Cordélia e José de Lorenzo, que viriam a ser nossos padrinhos de casamento
Celeste e Guima, aniversário de Margareth Nascimento, 1974
Celeste e Guima, 31 de janeiro de 1976 - Promessa cumprida!
Como já disse, fiz duas promessas a Celeste, no banco da Fonte Luminosa, dia 9 de dezembro de 1972, no nosso primeiro dia de namoro:
— que ia me casar com ela; e
— que ia escrever um livro sobre a parentalha.
Como sabem, cumpri as promessas. A primeira, em 1976, quando nos casamos.
A segunda, em 2009, quando lancei o livro Menino-Serelepe. [aqui]
Dedicatória do livro Menino-Serelepe, cumprindo promessa que fiz a Celeste de escrever um livro sobre causos e modos da parentalha
No dia 1º. de janeiro de 2025, fomos toda a família passear no Parque de São Lourenço.
E lá tiramos a foto abaixo, que foi a nossa última juntos.
Dia 4 de janeiro, retornamos a Brasília.
Dia 12 de janeiro, ela foi internada.
Dia 3 de fevereiro de 2025, ela faleceu...
Comecinho de 2025, Parque de São Lourenço, nossa última fotos juntos