Ilustração: Chegada do asfalto a Lambari. 1966. Reprodução. Revista O Cruzeiro, n. 1, de 1966 (bn.digital.gov.br)
Comos vimos nas Partes n. 1, 2 e 3 desta Série Os caminhos e estradas para Águas Virtuosas de Lambary, o acesso à Vila de Águas Virtuosas se fez, ao longo do tempo, em caminhos rústicos e primitivos, no lombo de cavalos e carruagens, e só em 1884 chegou a ferrovia.
Depois, os caminhos viraram estradas de chão, como a de Contendas a Lambari, a estrada de Lambari a Nova Baden, as estradas que fizeram a ligação das Estâncias do Sul de Minas e a estrada Caxambu-Rio de Janeiro, tudo isso até os anos 1940.
Pois bem, nesta 4a. e última parte da Série, vamos ver a era do asfalto:
Vamos lá!
O SUL DE MINAS RECLAMA ESTRADAS ASFALTADAS (1954)
Em 1954, já o péssimo estado das estradas do Sul de Minas, então referida como Estrada das Águas, trazia prejuízo às estâncias do Sul de Minas. E políticos locais se movimentavam a busca do asfaltamento.
Confira:
Diário de Notícias, 11, mar, 1954
E O ASFALTO, QUANDO VIRÁ? (anos 1960)
Nos anos 1960, tem início a campanha para asfaltamento do trecho Lambari-Cambuquira-Caxambu, visto que essa última cidade e São Lourenço já haviam conseguido estradas asfaltadas.
Em 1961, fortes chuvas haviam praticamente isolado Lambari e Cambuquira, então servidas por estradas de terra.
Reprodução. Correio da Manhã. 20, fev, 1962
Em 1962, alguns máquinas começaram a trabalhar, mas foram paralisadas, trazendo grande preocupação às estâncias acima.
Confira notícias da época:
Correio da Manhã, 20, jul, 61 Correio da Manhã, 18, mai, 62 Correio da Manhã, 26, mai, 62
Em março de 1961, o Governo de Minas reafirma o compromisso de asfaltar a Rodovia Caxambu a Lambari.
Em agosto de 1961, o DER/MG publica edital para pavimentação do trecho Campanha-Cambuquira-Lambari (entrocamento da BR 32).
Confira:
11, mar, 1961
Edital publicado em agosto de 1961
Em 1962, as obras estavam em andamento.
Confira:
Reprodução. O Globo, 15, mar, 1962 (bn.digital.gov.br)
Em 1966, após longa e angustiante espera, o asfalto chegou a Lambari.
Confira:
Revista O Cruzeiro, n. 1, de 1966 (bn.digital.gov.br)
Revista O Cruzeiro, n. 1, de 1966 (bn.digital.gov.br)
ASFALTAMENTO TRECHO CARMO DE MINAS-JESUÂNIA-LAMBARI (1971)
Em 1971, o asfalto vai ligar Lambari a São Lourenço, em novo trajeto: Jesuânia-Carmo de Minas-São Lourenço.
Jornal do Comércio, 23, jan, 1971
RODOVIA RENATO NASCIMENTO - LAMBARI-HELIODORA-FERNÃO DIAS
A MG 456 liga Lambari à rodovia Fernão Dias em Careaçu (40 Km).
Pela Lei n. 9214/86, essa rodovia passou a ser denominada Rodovia Prefeito Renato Nascimento.
Trecho da Rodovia 456. Trevo Heliodora e Natércia Fonte: GoogleMaps
Ilustração: Capa da revista MOTOR AGE de junho de 1913. Reprodução. Fonte: babel.hathitrust.org
Comos vimos nas Partes n. 1 e 2 desta Série Os caminhos e estradas para Águas Virtuosas de Lambary, o acesso à Vila de Águas Virtuosas se fez, ao longo do tempo, por meio de picadas, trilhas, caminhos e as primeiras estradas abertas na mata virgem.
As viagens eram feitas a cavalo, carruagens ou liteiras. Só em 1884, chegou a ferrovia.
Nesta Parte n. 3, vamos examinar:
Vamos lá conferir!
O jornal A Actualidade, de Ouro Preto, edição de 5 de janeiro de 1880, publicou texto da Lei n. 2545, de 31/12/1879, que fixou a receita e despesa provincial para o exercício financeiro de 1880-1881.
Nela foi prevista verba para conserto da Estrada do Picu, mas sem prejuízo da parte compreendida entre Carmo (Silvestre Ferraz, depois Carmo de Minas) e Águas Virtuosas e Ramal do Caxambu.
O Picu fica na Serra da Mantiqueira, na região da divisa de Minas com Rio e São Paulo.
Reprodução. A Actualidade, de Ouro Preto, edição de 5 de janeiro de 1880
ESTRADA DE CONTENDAS A ÁGUAS VIRTUOSAS DE LAMBARY (1885)
Como vimos na Parte 2 desta série, desde 1884, havia uma estação ferroviária em Contendas (entre Caxambu e Conceição do Rio Verde), ramal da via férrea Minas-Rio.
Para chegar a Águas Virtuosas de Lambary, os "aquistas" desciam nessa estação de Contendas e faziam viagem até Lambari por meio de cavalos, liteiras, carruagens.
Pois bem, em 1885, este trecho da estrada Contendas x Lambari, com cerca de 6 léguas, estava em condições precárias, ocasionando prejuízos à Águas Virtuosas.
Em editorial, o Monitor Sul Mineiro, editado em Campanha (MG), reclamava ao Administrador da Província Manoel do Nascimento Machado Portella melhorias dessa estrada.
Confira abaixo este editorial, transcrito no jornal A Província de Minas, de Ouro Preto, no dia 17 de novembro de 1885:
A Província de Minas. Ouro Preto, 17, nov, 1885 (bn.digital.gov.br)
AS ESTRADAS DE ÁGUAS VIRTUOSAS NUM MAGAZINE AMERICANO (1913)
Em Junho de 1913, notícia publicada no magazine americano Revista MOTOR AGE — fundada em 1889 e editada até os dias de hoje — dava conta de que a empresa concessionária das águas de Lambari (Empresa de Águas Minerais Lambari-Cambuquira) estaria disposta a bancar parte dos custos de uma estrada rodoviária (o restante seria dividido entre os governos Federal, Estaduais e Municipais). Essa estrada permitiria o trânsito de automóveis.
Fotos. Reprodução. Família Egídio Mileo - Museu Américo Werneck
Reprodução. Foto de João Gomes D'Almeida
Por essa época (década de 1910) carros destes modelos é que circulavam por Águas Virtuosas
Veja que notícia curiosa:
Capa da Revista de 19, junho, 1913
A notícia, no canto direito inferior da página 40
Recorte da notícia
Tradução feita por Rafael e Leonardo Rafael e Leonardo Mileo Moreira Krauss Guimarães
Missão da empresa Motor Age. Fonte: Site da Motor Age
O site da revista
Edição da Revista ref. Abril de 2024
ESTUDOS PARA A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA CAXAMBU-CAMBUQUIRA-LAMBARI (1913)
Em 1913, já estavam concluídos estudos para a construção da estrada Caxambu-Cambuquira-Lambari.
Previa-se então a construção de 3 pontes: uma sobre o Rio Verde (trecho Contendas x Lambari-Cambuquira) e duas sobre o Rio Lambari.
Meses antes, os prefeitos de Cambuquira, Lambari e Caxambu, respectivamente, Thomé Dias Brandão, Antônio Pimentel Júnior e Camillos Soares, haviam estado no Palácio do Catete para pleitear junto ao Presidente da República a construção dessa estrada.
Confira:
Reprodução. A Tribuna. 8, out, 1913 (bn.digital.gov.br)
Reprodução. Jornal do Brasil, 7, mar, 1913 (bn.digital.gov.br)
ESTRADA PARA NOVA BADEN (1913)
Em dezembro de 1913, foi concluída a estrada de automóveis de Águas Virtuosas para Nova Baden.
Confira:
Reprodução. Jornal do Brasil, 7, dez, 1913
LIGAÇÃO DAS ESTÂNCIAS DO SUL DE MINAS (1928)
Em outubro de 1928, inaugurava-se estrada ligando as estâncias de Caxambu, Contendas, Águas Virtuosas e Cambuquira.
Na solenidade, com grande festa em Águas Virtuosas, estavam Wenceslau Braz (Ex-Presidente da República e de Minas Gerais) e Mello Vianna (então, Vice-Presidente da República), Ministros de Estado, congressistas da Capital Federal e convidados de várias cidades do Sul de Minas.
Apresentaram-se a Banda da Cavalaria do Exército (Três Corações) e a do Colégio Sion (Campanha). À noite, ocorreu um baile no Cassino, com a presença de duas jazz-bands.
Confira:
O Fluminense, 31, out, 1928 (bn.digital.gov.br)
19, out, 1928
ESTUDOS PARA A LIGAÇÃO RIO-SÃO PAULO AO SUL DE MINAS (1930)
Em 1930, jornais noticiavam que a Comissaõ de Estradas de Rodagem do Governo Federal estava concluindo estudos para a ligação Rio-São Paulo para o Sul de Minas.
Confira:
Reprodução. Fonte: Diário de Notícias, 27, set, 1930 (bn.digital.gov.br)
Da divisa de MG/SP/RJ para o Sul de Minas
De Caxambu a Lambari já havia uma estrada desde 1927
Ref. P. Isabel, quando esteve em Águas Virtuosas
Fonte: A Noite 4, ago, 1930 (bn.digital.gov.br)
INAUGURAÇÃO DA ESTRADA CAXAMBU-RIO DE JANEIRO (1939)
A inauguração, em 1939 da estrada ligando o Rio de Janeiro a Caxambu veio facilitar o acesso de turistas às estâncias hidrominerais do Sul de Minas, Lambari, dentre elas.
Confira:
Reprodução. Dário de Notícias, 15, abr, 1939 (bn.digital.gov.br)
Ilustração: Trem de ferro — a Maria Fumaça. Imagem gerada por IA/CoPilot/Microsoft
Como vimos na Parte 1 desta Série (aqui), a Região do Lambari — que abrangia boa parte do território Sul-mineiro — passou a ser assim designada a partir de 1737, com a expedição de Cipriano José da Rocha, ouvidor-geral da Comarca do Rio das Mortes na Capitania de Minas Gerais, em missão oficial de reconhecimento da região Sul de Minas.
Por essa época, Cipriano mandou construir uma estrada — na verdade uma picada — que ligava o Arraial de São Cipriano (nome primitivo de Campanha) à Região do Lambari, estrada essa que alcançaria, posteriormente, o Caminho Velho (Estrada Real que ligava as regiões produtoras de ouro a São Paulo e Rio de Janeiro).
Foi nas proximidades dessa estrada construída por Cipriano que se deu a descoberta das águas virtuosas nos anos 1780/90.
Mais à frente, em 1826, a Câmara de Campanha alterou a rota dessa estrada, fazendo que passasse perto do manancial das águas.
Pois bem, na Parte 2 desta Série sobre os Os caminhos e estradas para Águas Virtuosas de Lambary, vamos ver:
Vamos lá!
DAS PROVÍNCIAS DE SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO EM BUSCA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS
No transcorrer dos anos 1800, inúmeros visitantes oriundos das Províncias de São Paulo e Rio de Janeiro estiveram em Águas Virtuosas para fazer uso terapêutico das águas.
No tópico 8. VISITAS ILUSTRES A ÁGUAS VIRTUOSAS NO SÉCULO XIX , do e-book A FORMAÇÃO DA VILA DE ÁGUAS VIRTUOSAS (aqui), comentamos que, na década de 1850, 59 famílias com 208 pessoas, acompanhadas de 187 escravos vieram de distantes pontos do país.
Pessoas de prestígio na Corte vieram do Bananal (SP), de Barra Mansa (RJ), e também de Queluz, Areias, Silveiras (SP) e Resende, Vassouras, Valença e Piraí (RJ).
Vinham pela Estrada Real/Caminho Velho, depois pegavam a ligação Caminho Velho-Campanha e paravam na Vila de Águas Virtuosas.
Adentravam o território mineiro pela Garganta do Embaú, passagem utilizada pelos desbravadores paulistas séculos atrás.
Faziam a demorada viagem em carroças e no lombo de cavalos e mulas, com tropeiros e escravizados trazendo as tralhas da viagem.
Ilustração. Tropeiros e mulas pelos caminhos do sertão. Copilot/Microsoft
Confira no tópico 4 - O SERTÃO DO RIO VERDE - b - A Garganta do Embaú, no e-book HISTÓRIA PRIMITIVA DE ÁGUAS VIRTUOSAS DELAMBARI, disponível aqui)
Garganta do Embaú. Reprodução. Fonte: https://www.dicionariotupiguarani.com.br/dicionario/embau/
A PRINCESA ISABEL E SUA LITEIRA
Como é corrente, o surgimento e evolução das estâncias hidrominerais, no final do século XIX, contou com a simpatia e “apadrinhamento” da família imperial – e da elite ligada ao Império – pelas águas minerais e termais.
Com efeito, D. Pedro II e a Imperatriz Thereza Cristina visitaram Poços de Caldas em 1861, e a Princesa Isabel, e seu consorte o Conde D’Eu, estiveram em Águas Virtuosas de Lambary (atual Lambari) e Águas Virtuosas de Baependy (atual Caxambu), de agosto a novembro de 1868. (MILEO, 1970, p. 95; SILVA, 2012, págs. 29 e 30)
Chegada da Princesa Isabel a Águas Virtuosas, então pertencente a Campanha. Fonte: O Constitucional, Ouro Preto, MG, 3, out, 1868
Pois bem, a viagem da Corte, no Rio de Janeiro, até o Sul de Minas, se fez parte por trem (até Resende, RJ) e o restante pela Estrada Real (Caminho Velho) e o caminho que ligava a Estrada Real a Campanha/Águas Virtuosas.
Esse último trecho – de Resende até o Sul de Minas – foi feito por estradas íngremes numa liteira.
A Princesa e o Conde D'Eu se hospedaram em Campanha, mas vinham a cavalo beber as águas virtuosas e tomar banhos em Lambari.
Reprodução. Fonte: A história da Princesa Isabel: amor, liberdade e exílio, Regina Echeverria, 2014
Liteira para viagem ao interior. Pintura de Debret. Fonte: Pinterest
DE CONTENDAS A LAMBARY, A CAVALO OU DE CARRUAGEM
Desde 1884, havia uma estação ferroviária em Contendas (entre Caxambu e Conceição do Rio Verde), ramal da via férrea Minas-Rio.
Por aquela época, os aquistas (como eram chamados os que buscavam tratamento por meio das águas minerais) vinham de trem até Contendas, depois percorriam "pouco mais de 5 léguas" até Águas Virtuosas, por meio de cavalos, liteiras, troles, carruagens...
Propagandas de hotéis daquela época ofereciam tais serviços de condução até Águas Virtuosas.
Imagem: carruagem estacionada em frente de antigo hotel. Fonte: Copilot/Microsoft
Esta foto de turistas visitando a Estação de Nova Baden dá ideia do transporte de Contendas a Águas Virtuosas, a cavalo ou nas liteiras, meio de transporte comum à época. Fonte: Reprodução. Revista Fon Fon n. 18, de 1913
A primeira propaganda menciona Garção Stockler, então diretor da "empresa das águas", a excelência do clima e a melhor época para as "temporadas".
Confira a seguir:
Reprodução. Fonte: jornal O Constitucional, 19/07/1885
Reprodução. Fonte: A Província de SP, 10/04/1888
Reprodução. Fonte: O Estado de S. Paulo, 10/3/1893
A FERROVIA VAI LIGAR LAMBARY ÀS PRINCIPAIS CAPITAIS DO IMPÉRIO
A Estrada de Ferro Muzambinho chegou a Jesuânia em 1894.
Em 1o. de março, essa estação (chamada então Bias Fortes) foi inaugurada.
No dia 24 do mesmo mês a estrada de ferro chegava às Águas Virtuosas.
Desse modo, desde o final do Século XIX, nossa cidade estava ligada por via férrea às principais cidades do País: Rio de Janeiro (então Capital da República), Belo Horizonte (Capital do Estado) e São Paulo (principal cidade do País).
Nossa primeira estação foi a Parada Melo, a estação ferroviária de Águas Virtuosas foi inaugurada alguns anos depois.
Estação de Águas Virtuosas. Reprodução. Cromo da Casa Levy
Trem da Rede Mineira Viação, trecho Lambari-Cambuquira-São Gonçalo. Crédito: Foto de Caia Junqueira
Parada Mello, antes da construção do Hotel Imperial. Reprodução. Foto Loja Nogueira
Ilustração: Série paisagem. Benedito Calixto. Fonte: Wikimedia
Durante milhares de anos, as fontes das águas virtuosas minaram solitárias em meio à selva bruta.
A certo tempo, indígenas locais as conheceram...
Imagem: Copilot/Microsoft
Décadas à frente, as águas foram descobertas — e passariam a ser conhecidas por águas santas ou virtuosas!
O achado das águas foi um “acontecimento de vulto”, “uma célebre descoberta”, que chamou a “atenção popular”, trazendo benefício para a região. [1]
A partir daí, caminhos de acesso a elas vão sendo abertos...
Vamos conhecer esta história.
Abaixo, o 1a. parte.
[1] LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207
A região de Campanha do Rio Verde, descoberta pelos paulistas por volta de 1720, teve pouca divulgação até 1737, quando, em 2 de outubro, uma expedição militar sob o comando do ouvidor da Vila de São João Del Rei, Cipriano José da Rocha, veio com a incumbência de reconhecer a região, desbravar os sítios desconhecidos ao longo da bacia dos Rios Verde, Sapucaí e Palmela e tomar posse do território em nome do Rei. [2]
[2] FERREIRA DA SILVA, Edna Mara. Fronteiras ao Sul do Sertão das Minas:
Aspectos da formação da Vila da Campanha da Princesa.
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MAPA DE 1777 JÁ ASSINALA A REGIÃO DO LAMBARI
Em 1777, veio a lume o histórico Mappa da Capitania de Minas Geraes, de autoria de José Joaquim da Rocha, no qual aparecem já assinalados o Rio Lambari e a povoação de Lambari, que surgiu a margem da estrada aberta em 1737.
Esta povoação de Lambari começou a se formar a partir de 1747, muito antes da descoberta das águas virtuosas. Era composta de portugueses, baianos e paulistas, que se dedicavam ao cultivo de terras, mineração, comércio de animais, aluguel de pousos, etc. [3]
[3] LEFORT, José do Patrocínio. 8º. Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha. 1946
Mappa da Capitania de Minas Geraes. José Joaquim da Rocha. 1777. Reprodução. bn.digital.gov.br
[4] MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970. Pág. 12
[5] LEFORT, José do Patrocínio. 8º. Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha. 1946
[6] CARROZZO, João. História cronológica de Lambari. Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988
[7] MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970
MAPA EXTENSÃO CAMPANHA. Francisco Salles, 1800. Fonte: Cidade difusa. Cícero Ferraz Cruz, 2016
Aqui aparece o Rio Lambari, das nascentes até desembocar no Rio Verde
O CAMINHO DE CAMPANHA AO CAMINHO VELHO
Na expedição que comandou em 1737, o ouvidor Cipriano José da Rocha viera de São João Del Rey fazendo uso da Estrada Geral, que ligava a capital da província ao litoral fluminense, e era também conhecida por Caminho Velho.
E a estrada que Cipriano mandara abrir em 1737 fez a ligação entre esse Caminho Velho e o arraial de São Cipriano (nome primitivo de Campanha, MG), passando pela região do Lambari. [8]
[8] LEFORT, José do Patrocínio. 8º. Anuário Eclesiástico da Diocese da Campanha. 1946
Linha azul ► Provável caminho do ouvidor vindo de SJ Del Rey a Campanha
Linha vermelha ►Provável caminho ligando Campanha ao Caminho Velho (Estrada Real para São Paulo e Rio de Janeiro)
A DESCOBERTA DAS ÁGUAS VIRTUOSAS
Por volta dos anos 1780, transitando pela estrada de Campanha ao Caminho Velho, lenhadores, escravizados e tropeiros deram conta da existência das fontes de águas minerais e assim surgiu uma picada na densa mata.
Com o movimento de pessoas a busca das águas santas, logo se formaram trilhas e caminhos.
E assim 4 décadas se passaram...
Série paisagem. Benedito Calixto. Fonte: Wikimedia
A MUDANÇA DA ROTA PARA O RIO DE JANEIRO
Somente em 1826, após a divulgação da Memória sobre as águas escrita pelo médico M. da S. R. (Manoel da Silveira Rodrigues), que referiu os benefícios da água virtuosa, interna ou externamente, em certas afecções do sistema digestório e dermatoses, é que a Câmara da Vila de Campanha do Rio Verde passou a tomar providências quanto à formação do patrimônio público e medidas sanitárias para uso das águas. [9]
Uma das providências tomada pela Câmara de Campanha foi a alteração da rota da estrada para o Rio de Janeiro, fazendo-a passar próxima ao manancial das águas.
E, em 24 de janeiro de 1827, oficiou ao Visconde de Caeté (vice-presidente da Província Mineira) sugerindo diversas medidas administrativas, higiênicas e de urbanização, e fazendo um pedido para a construção de uma ermida no povoado. [10] [11]
[9] MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970
[10] CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha.
Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988, pág. 20
[11] LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207
RESUMO HISTÓRICO DA ÁGUAS VIRTUOSAS DE OUTRORA — ATUAL JESUÂNIA
Lambari (que já foi Águas Virtuosas da Campanha, Águas Virtuosas de Lambary) e Jesuânia (que já foi Lambari, Bom Jesus de Lambari, Bias Fortes, Lambarizinho) e suas históricas ligações:
Fonte: Dicionário Histórico Geográfico de Minas Gerais.Waldemar De Almeida Barbosa,1971
FERREIRA DA SILVA, Edna Mara. Fronteiras ao Sul do Sertão das Minas: Aspectos da formação da Vila da Campanha da Princesa.
CRUZ, Cícero Ferraz. Cidade difusa: a construção do território na Vila de Campanha e seu termo, Séculos XVIII-XIX. São Paulo, 2016
CARROZZO, João. História cronológica de Lambari. Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988
MILEO, José Nicolau. Subsídios para a história de Lambari. Guaratinguetá, SP : Graficávila, 1970
CARROZZO, João. História Cronológica de Lambari - Nascida Águas Virtuosas da Campanha.
Piracicaba, SP, Ed. Shekinah, 1988, pág. 20
LEFORT, Mons. José do Patrocínio. A Diocese da Campanha, 1993, págs. 206 e 207
Ilustração: Oscar Machado da Costa. (Lambari, MG - 8/7/1894 - Rio de Janeiro, RJ - 1/11/1963) - Reprodução. Institutodeengenharia.org.br
Neste post vamos resgatar a história de um lambariense — Oscar Machado da Costa — que se tornou ícone da engenharia brasileira.
Pelo que apuramos, não se sabia entre nós lambarienses da existência deste ilustre filho da nossa terra.
Vamos lá, conferir!
Devo este resgate ao meu caro João Nogueira Motta, conhecido por Motinha.
Ele é filho de Manoel Nogueira Motta (Padaria Motta), um dos maiores incentivadores do futebol de Lambari e um torcedor símbolo do time do Águas Virtuosas.
João Nogueira Motta possui graduação em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da UFMG em 1971, Especialização em Estruturas de Aço, de 1973 a 1975, na THD – Escola Técnica Superior de Darmstadt – Alemanha, como bolsista do DAAD, MBA em Gestão Estratégica – FGV, MBA em TI pela Escola de Ciência da Informação – ECI – UFMG.
Iniciou em 1970 como estagiário na USIMINAS, no Grupo de Promoção do Uso do Aço na Construção Civil que em 1971 foi a primeira equipe técnica da Usiminas Mecânica S/A – USIMEC, até 2012. Desde 2013 trabalha na RMG Engenharia Ltda. na área de Supervisão Técnica. Nesse período trabalhou como calculista/projetista de estruturas, gerente de projetos e Superintendente da Unidade de Pontes e Estruturas da USIMEC.
Daí seu interesse pelo Engenheiro Oscar Machado da Costa, considerado o maior especialista brasileiro na construção de pontes.
Motinha foi um dos grandes craques do futebol de Lambari. Em breve vamos publicar uma entrevista com ele, para que nos fale de suas passagens pelo Vasquinho e pelo Águas Virtuosas, no qual atuou como atleta profissional nos anos de 1968/69.
Motinha no time do Águas, anos 1960, e hoje posando com a camisa do AVFC, autografada por ele próprio e por outros ex-jogadores do clube |
Na redação deste texto, consultei especialmente o livro abaixo, uma síntese biográfica de Oscar Machado da Costa feita pelo engenheiro Carlos Celso Carnasciali, que trabalhou 10 anos com o biografado.
Admiráveis o carinho e o respeito pela memória de seu mestre Machado da Costa demonstrados por Carnasciali. E o mesmo se pode dizer do engenheiro Álvaro de Souza Lima, colega de faculdade e amigo de Oscar Machado, quando do discurso que proferiu no Instituto de Engenharia de São Paulo, ano em que, postumamente, foi conferido a Oscar Machado da Costa o título de Engenheiro do Ano de 1963. Esse discurso foi transcrito no livro de Carnasciali.
Outras fontes de consultas — sites, revistas, jornais — são mencionadas ao longo do texto e/ou no tópico Referências.
CARNASCIALI. Carlos Celso. Oscar Machado da Costa - Um expoente da engenharia brasileira.
Curitiba, Fundação Santos Lima, 2006
A FAMÍLIA MACHADO DA COSTA EM LAMBARI
Manoel José Machado da Costa, engenheiro civil especializado em pontes e ferrovias, foi contratado em 1892 pela Estrada de Ferro Muzambinho, como Engenheiro Chefe, para trabalhar em sua construção, na zona nordeste de Minas, próximo à fronteira com São Paulo.
O trecho médio dessa ferrovia iria alcançar as estâncias hidrominerais do Sul de Minas: Cambuquira, Caxambu, São Lourenço e a nossa Lambari.
A Estrada de Ferro Muzambinho chegou a Jesuânia em 1894. Em 1o. de março, essa estação (chamada então Bias Fortes) foi inaugurada. No dia 24 do mesmo mês a estrada de ferro chegava às Águas Virtuosas. A primeira estação foi a Parada Melo, a estação ferroviária de Águas Virtuosas foi inaugurada alguns anos depois. |
Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/
Fonte: http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1907-CIB/EF-Muzambinho.shtml
Por aquele tempo (início anos 1890), quando a família provavelmente residia na Vila de Lambari e seu pai se empenhava na construção do trecho Ramal da Campanha, foi que veio à luz o menino Oscar, filho do casal Manoel e Vicentina.
E em Lambari foi ele registrado como Oscar Machado da Costa, nascido a 8 de julho de 1894.
Naquele ano de 1894, já haviam sido concluídos os trechos da ferrovia até Lambari (o nosso "pontilhão", inclusive) e Cambuquira, além da ponte sobre o Rio Verde, restando apenas o trecho de 17 km até Campanha.
Em 1895, a família Machado da Costa mudou-se para Três Corações, em razão da transferência de Manoel José, que lá assumiu o cargo de Engenheiro Chefe de Linha e de Locomoção da ferrovia.
Oscar passou a infância em Três Corações, a qual deixaria depois para estudar no Rio de Janeiro e, em seguida, nos Estados Unidos. Quando se formou engenheiro, pela Universidade Cornell, tinha 22 anos incompletos. Por essa época, 1916, seus pais ainda residiam em Três Corações.
Ponte férrea sobre o Rio Mumbuca, concluída em 1894, provavelmente pelo engenheiro Manoel José Machado da Costa
Ponte férrea sobre o Rio Verde, concluída em 1894, provavelmente pelo engenheiro Manoel José Machado da Costa
Desde menino, Oscar Machado da Costa foi incentivado a seguir a carreira do pai na área de engenharia. Para tanto, Manoel José procurou encaminhar o jovem a bons colégios. Assim, Oscar fez seus estudos secundários no Colégio Militar do Rio de Janeiro e cursou a seguir a Escola de Engenharia da Universidade de Cornell, então considerada das melhores e mais exigentes dos Estados Unidos.
Nos EUA, conheceu Plínio de Lima, compatriota que se tornou amigo de uma vida e com o qual, anos depois, iria realizar duas expedições científicas pelo interior do Brasil.
Diplomou-se em engenharia civil em 1916, tendo-se dedicado principalmente ao estudo de pontes e fundações, concreto armado, estradas e obras hidráulicas.
Aplicado, estudioso e criativo, Oscar Machado foi pioneiro em diversas áreas de sua atividade profissional, como no uso intensivo do concreto armado em pontes e estruturas de grande porte e no campo das grandes pontes metálicas e de instrumentos e técnicas de montagem de pontes.
Fonte: Oscar Machado da Costa - Um expoente da engenharia brasileira.
Carlos Celso Carnasciali. Curitiba, Fundação Santos Lima, 2006
Fonte: Colatina e a E. F. Vitória a Minas (A PONTE FLORENTINO AVIDOS)
https://comunidadecolatinense.blogspot.com/2013/11/colatina-e-e-f-vitoria-minas-ponte.html
Vicentina Machado da Costa, mãe de Oscar Machado da Costa, faleceu em 1960. Reprodução. Diário do Paraná, 02/12/1960
A partir de sua formatura em 1916, ainda jovem, iniciou sua vida profissional na Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, na qual exerceu funções de Engenheiro Residente, Ajudante do Chefe de Construção e do Chefe de Linha. Encarregado da Seção de Pontes, foi um dos pioneiros do cálculo e projeto de pontes metálicas no Brasil.
Em 1919, foi para a E. F. Central do Brasil, onde chefiou a Seção Técnica de estudos e projetos de pontes e sua construção ou reforço. Nesse mesmo ano, casa-se com Amália Caminha.
Em 1921, foi trabalhar com seu pai Manoel José Machado da Costa, então Diretor de Diques e Oficinas do Lóide Brasileiro.
Após isso, durante quatro anos (1922/1926), ocupou funções comerciais na Sociedade Anônima Marvin, mas manteve-se atento à área técnica, publicando diversos artigos sobre engenharia civil.
A seguir, de finais de 1926 até 1930, ocupou o cargo de Engenheiro Chefe de um grande empresa de engenharia e importações da época: Soares de Sampaio & Cia. Ltda. Lá elaborou projetos de grandes pontes, entre elas a famosa ponte Florentino Avidos, sobre o Rio Doce, em Colatina, ES — uma ponte metálica de 800m, para cuja montagem idealizou um equipamento denominado dinossauro, do qual falamos em tópico abaixo.
Após a Revolução de 1930 a empresa acima foi dissolvida, e ele realizou expedições de exploração mineral pelo interior do Brasil (veja aqui:)
Quando retornou de suas expedições, por cinco anos esteve associado à firma E. Kemnitz & Cia., especializada em concreto armado, tendo projetado e construído pontes, silos, piers, muros de cais, barragens e estruturas de edifícios, além de publicar artigos e emitir pareceres técnicos.
Em 1936, assinou com a Ferrovia São Paulo-Rio (depois, Rede de Viação Paraná-Santa Catarina) um contrato para realizar reforço e substituição de pontes, serviços esses baseado nos Estudos para remodelação da E. F. Central do Brasil, que fizera em 1927 e 1928.
Por essa época, fundou sua própria empresa, a Machado da Costa S/A, sediada em Porto Amazonas, PR, com o que iniciou notável e brilhante fase em sua carreira.
O engenheiro construtor da ponte Florentino Avidos, Oscar Machado da Costa, faleceu no dia 1º de novembro de 1963, na cidade do Rio de janeiro, e sua morte foi anunciada pelo Jornal do Brasil:
Morreu aos 69 anos de idade na Casa de Saúde São Sebastião, onde se encontrava internado há alguns dias, o engenheiro Oscar Machado da Costa, considerado o maior especialista brasileiro na construção de pontes, e que ultimamente estava empenhado na projeção e execução de cinco viadutos, entre os quais se destaca o que será o mais alto da América Latina, com 132 metros corresponde a um edifício de mais de 40 andares.
Autor do livro "Vigas Armadas' e de várias monografias técnicas, o Dr. Oscar Machado da Costa, como fiscal do Brasil nas obras da ponte internacional Brasil-Argentina, entre Uruguaiana e Paso de Los Libres, descobriu que a parte brasileira estava sendo construída errada (não se encontraria com a da Argentina) e não só a consertou como ainda conseguiu a etapa do Brasil antes da Argentina.
Fonte. Reprodução. Diário do Paraná - 01/nov/1963
Após a Revolução de 1930, a economia do País declinou, o campo de negócios e obras sofreu grave abalo e a empresa Soares de Sampaio encerrou suas atividades.
Nesse contexto, sem vislumbrar imediato campo de trabalho, Oscar Machado decidiu realizar expedições científicas pelo interior de Goiás e Paraná, sonho há tempos acalentado.
A primeira expedição foi feita em 1935, pelo interior de Goiás, na companhia do amigo Plínio de Lima, que era geólogo do Instituto Geográfico e Geológico de São Paulo, para pesquisar ouro num trecho entre os rios Araguaia e Tocantins.
A segunda deu-se em 1947, quando exploraram o Sertão Paranaense, entre os rios Iguaçu e Ivaí, a busca de cobre.
Reprodução. Fonte: Carnasciali, 2006
Reproduçao. Tribuna do Comércio, Curitiba. 28, junho, 1938
Dentre seus inúmeros projetos e/ou obras que realizou, podemos mencionar:
Oscar Machado da Costa manteve bom relacionamento com governantes e órgãos de governo, civis e militares, em razão de suas atividades comerciais e profissionais.
Correio da Manhã - 13/07/1945 Correio da Manhã - 2/2/1952
Algumas consultorias técnicas prestadas por Machado da Costa:
Correio da Manhã - Edições de 29/5/1952 e 1/7/1953
A EMPRESA MACHADO DA COSTA S/A
Em 1936, a E. F. Central do Brasil foi assumida pela Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (R.V.P.S.C.) e a direção dessa empresa incluiu no programa de remodelação da ferrovia a ação de reforço e consolidação das pontes, inspirada pelo relatório Estudos para remodelação da E. F. Central do Brasil, produzido por Oscar Machado em 1927/28.
Desse modo, Oscar Machado foi contratado para atualizar aquele plano e realizar as obras de reforço de pontes, abrangendo as linhas desde Paranaguá até o interior do Paraná, inclusive os trechos que serviam Santa Catarina até o Porto de São Francisco. Com isso, na estrutura organizacional da empresa, foi criado o Serviço de Reforço de Pontes.
Para a realização desse formidável plano — tratava-se de cerca de 230 pontes —, Oscar Machado escolheu a vila de Porto Amazonas, situada à margem direita do Rio Iguaçu e distante cerca de 100 km de Curitiba, como o local das instalações do Serviço de Pontes da Viação Paraná-Santa Catarina.
Essa escolha da localização da empresa levou em consideração vários fatores:
Reprodução. Fonte: Carnasciali, 2006
Oscar Machado da Costa ao centro, ao lado de seus funcionários, na fábrica de Porto Amazonas. Reprodução. Fonte: Gazeta do Povo, PR, 03/05/24
Visita Ministro à empresa Machado da Costa - Correio da Manhã, 20/05/1940
Nos anos 1980, a empresa já se encontrava desativada. Reprodução. Diário do Paraná, 20/05/1981
Pontes e viadutos - Obras públicas - Fundações. Obras típicas realisadas parcial ou integralmente pela empresa Oscar Machado da Costa
Livro raro, à venda no site: www.abebooks.com
Ponte dos Arcos, Porto Amazonas, PR. Projetada e construída pela empresa Machado da Costa. Reprodução. Fonte: camposgeraisdoparana.com
Machado da Costa mantinha boas relações técnicas, comerciais e de amizade com autoridades militares.
Diversos projetos de pontes de campanha foram por ele estudados e doados ao Exército Nacional.
Essas relações o fizeram merecedor da Medalha da Ordem do Mérito Militar.
Reprodução. Fonte: Correio da Manhã, 12/03/1950 - bn.digital.gov.br
No texto acima há a seguinte referência a Oscar Machado: uma das maiores autoridades mundiais no assunto (serviço de pontes ferroviárias)
Visita de Juarez Távora, quando das obras na ponte ferroviária de Porto União, em 1954.
No texto acima, vê-se que a substituição das velhas vigas em treliça se deu sem que houvesse a interrupção do tráfego de trens.
Diário da Tarde, 06/05/1955
Merecem especial referência as seguintes obras e processos realizados por Machado da Costa e/ou por sua empresa:
Ponte Engenheiro Machado da Costa
Considerada uma obra de arte da engenharia ferroviária, a Ponte Preta é única no mundo. Sua arquitetura foi especialmente desenvolvida, já que naquela época não existia o conceito de protensão (tensões prévias no concreto).
A Ponte Preta foi desativada nos anos 70, devido à inauguração da nova estação rodoferroviária, e tombada como patrimônio histórico estadual em 1976.
https://blogdomaizeh.wordpress.com/2012/01/24/ponte-preta/
Ponte Internacional Brasil-Argentina
LIVROS, MONOGRAFIAS E ARTIGOS PUBLICADOS
Estudioso, Oscar Machado da Costa publicou livros, monografias, pareceres e artigos da sua área de atuação profissional.
Em jornais e revistas técnicas publicou mais de 25 artigos.
Escreveu, por exemplo, parecer sobre a antiga estrutura metálica do Viaduto do Chá (SP).
Proferiu a palestra A evolução da teoria das construções, no Instituto de Engenharia do Paraná, com profunda e extensa análise histórica e apreciação crítica de várias teorias então vigentes. (Essa palestra foi transcrita por Carnasciali, 2006, págs. 82 a 102).
E traduziu, também, junto com sua filha Amália, artigo sobre a Grande Ponte de Mackinak, de autoria do engenheiro D. B. Steinman.
Eis alguns de seus estudos:
Livros e monografias de Oscar Machado da Costa. Fonte: Carnasciali, 2006
Livros e estudos publicados por Oscar Machado da Costa
Conferência na Universidade do Paraná. Dário da Tarde, 1950, edição 17018
Citação de Oscar Machado da Costa. In Introdução à História Ferroviária do Brasil, Benévolo, 1953
Em 1926, quando da construção ponte sobre o Rio Doce, em Colatina, ES, foi que Oscar Machado idealizou um equipamento a que chamou de dinossauro — pelo seu aspecto robusto e desempenho pesado —, com o qual conseguiu montar 22 vãos metálicos completos, de 26 m cada um, em 32 dias de trabalho, recorde na América Latina, então.
Em 29/06/1928, o pr. Florentino Avidos inaugurou a ponte sobre o rio Doce em Colatina. Reprodução. diariodigitalcapixaba.com.br
Dinossauro. Reprodução. Fonte: Carnasciali, 2006
Reprodução. Fonte: Colatina e a E. F. Vitória a Minas (A PONTE FLORENTINO AVIDOS)
https://comunidadecolatinense.blogspot.com/2013/11/colatina-e-e-f-vitoria-minas-ponte.html
INAUGURAÇÃO DA PONTE SOBRE O RIO VERDE (1959)
Em 5 de maio de 1959, foi inaugurada ponte ferroviária sobre o Rio Verde, em Três Corações. Essa ponte, veio substituir a primitiva, construída em 1894 pelo engenheiro Manoel José Machado da Costa, pai de Oscar Machado.
Para essa solenidade, Dermeval José Pimenta, Diretor-Geral da Rede Mineira de Viação, convidou Oscar Machado da Costa.
Oscar Machado discursou lembrando a passagem da família pelo Sul de Minas e o papel de seu pai na construção daqueles trechos de ferrovia.
Há um simbolismo histórico e familiar nesta cerimônia: O filho inaugura em 1959 nova ponte que foi construída por ele, para substituir a ponte anterior, que fora feita pelo pai, em 1894!
Confira:
Oscar Machado da Costa discursando em 1959, durante a solenidade de inauguração da ponte sobre o Rio Verde.
Abaixo, Dermeval José Pimenta, Diretor-Geral da Rede Mineira de Viação. Reprodução. Fonte: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/
Antiga ponte sobre o Rio Verde, em Três Corações. Reprodução. Vasco de Castro Lima, 1884-1934
1.959. Inauguração da Ponte sobre o Rio Verde, ao lado da antiga ponte construída em 1894.
Reprodução. Fonte: http://www.siaapm.cultura.mg.gov.br/
ENGENHEIRO DO ANO - INSTITUTO DE ENGENHARIA (1963)
O Instituto de Engenharia é uma sociedade civil sem fins lucrativos com mais de 100 anos de tradição, credibilidade e comprometimento com o desenvolvimento do Brasil.
Reúne profissionais, engenheiros e não-engenheiros, que atuam no mercado da Engenharia, firmando-se como a principal organização que representa o setor com isenção.
Criado em 1963 pelo Conselho Deliberativo, o prêmio de Engenheiro do Ano foi promovido para estimular e valorizar a profissão, além de contribuir com a Engenharia. O profissional escolhido deve ser uma pessoa que viveu para a Engenharia, seja na técnica, ensino ou administração.
O primeiro homenageado foi Oscar Machado da Costa.
Prêmio Engenheiro Oscar Machado da Costa
Em 1977, a ABCEM - Associação Brasileira dos Construtores de Estruturas Metálicas (https://www.abcem.org.br/) instituiu um prêmio para diversas categorias das construções metálicas:
A categoria OBRAS ESPECIAIS leva o nome do Engenheiro OSCAR MACHADO DA COSTA.
Esse prêmio é conferido para a construção total da obra: projeto de arquitetura se houver, projeto executivo estrutural, fabricação, montagem da estrutura e execução das obras de concreto.
Essas etapas podem ser executadas por empresas distintas, com seus respectivos profissionais.
Reprodução. Fonte: paulaoantiguidades.com.br
No primeiro ano — 1977 — o prêmio Engenheiro OSCAR MACHADO DA COSTA foi conferido à Usiminas Mecânica S/A pelo projeto, fabricação, montagem da estrutura metálica e execução das obras em concreto da Ponte dos Macuxis com 1.200m de extensão sobre o Rio Branco, acesso rodoviário à capital Boa Vista no Território Federal de Roraima, hoje Estado de Roraima.
Trata- se uma ponte mista (aço + concreto), cujo cálculo e projeto foram feitos pelo Engenheiro João Nogueira Motta, quando funcionário da Usiminas Mecânica S. A.
Confira esta lista:
Fonte: Carnasciali, 2006
Oscar Machado da Costa recebeu os títulos de cidadão honorário de Curitiba e de Porto Amazonas, cidade que sediava sua empresa. Recebeu também Medalha de Bronze da R.V.P.S.C.
A Lei Municipal n. 110/63 de Porto Amazonas decretou feriado o dia 1º de novembro, em homenagem a ele (data do seu falecimento).
A Estação Ferroviária de Porto Amazonas leva o seu nome.
Cidadão honorário de Curitib
Agraciado com a Medalha de Bronze, da RVPSC. Reprodução. Diário do Paraná, 28/05/1961
Estação Machado da Costa. Porto Amazonas. Reprodução.
Fonte: estacoesferroviarias.com.br/pr-variantes/machadodacosta.htm/Daniel Trevisan
CARNASCIALI. Carlos Celso. Oscar Machado da Costa - Um expoente da engenharia brasileira. Curitiba, Fundação Santos Lima, 2006
E-BOOK- UM ENGENHEIRO QUE AMAVA FERROVIAS