Ilustração: Logo do jornalizinho Sputnik, que circulou em Lambari nos anos 1950/60, com notas políticas e socias, notícias esportivas, propagandas, versos, piadas, mas sobretudo intrigas políticas.
SPUTNIK - ANTIGO JORNAL DE AGUINHAS
Com essa turma falava de tudo: futebol, política, religião e sempre estava informado dos acontecimentos da vida social, cultural e política de Aguinhas. E as rodinhas de conversas eram sempre mais quentes quando circulava um número do Sputnik — Um jornal do outro mundo — famoso pasquinzinho local editado pelo seu Toninho de Campos, com intrigas políticas, notas sociais e notícias esportivas. O jornalzinho soltava pérolas como esta:
A 70 cruzeiros a dúzia, a questão do ovo está clara: O povo que gema!
(Antônio Lobo Guimarães. Menino-Serelepe)
Nos anos 1950/60, circulou em muitos lugares - com certeza em Lambari e Paraguaçu, em Minas Gerais - um jornalzinho intitulado SPUTNIK, com notas políticas e socias, notícias esportivas, propagandas, versos, piadas, mas sobretudo intrigas políticas.
Do que circulava em Lambari, há alguns números no Museu Américo Werneck, que, ao que se sabe, foram editados por Antônio de Oliveira Campos, o seu Toninho do Hotel Rezende.
Comentários feito no Facebook, em 12/01/2024
O número 35, de 7 de agosto de 1960, noticiava, na linguagem típica da época:
Estará engalanado no dia de hoje o campo do ÁGUAS para receber a visita do FLAMENGO da vizinha cidade de Varginha.
O encontro vem despertando o mais vivo interesse entre os apreciadores do popular esporte bretão, visto tratar-se do Campeonato Sul Mineiro de Futebol e estarem se defrontando dois clubes invictos: o Águas F. Clube e o Flamento F. C. da Princesa do Sul de Minas.
O ÁGUAS F.C. conta com verdadeiros azes da pelota e espera que sua nova aquisição - o craque Vítor - reproduza o magnífico feito no encontro com o BOTAFOGO daquela cidade sul mineira, quando marcou o gol da vitória no último minuto de jogo, constituindo a "pedra na chuteira" dos Varginhenses, que classificaram o tento como sendo o gol mais cego do ano.
Nossos melhores augúrios para um brilhante triunfo do Clube local, já que o árbitro do encontro, Sr. José Roberto Monte, vem se revelando um juiz de primeira grandeza, apitando exatamente como manda o figurino.
O número seguinte (36, de 14 de agosto de 1960) trouxe uma nota sobre a fantástica vitória do Águas:
Ninguém esperava, muito menos nossa reportagem especializada que compareceu ao campo do ÁGUAS F.C., que o simpático, aguerrido e combativo clube da cidade conquistasse tão significativa vitória.
Os 5 x 1 do placar expressou muito bem o que foi o embate futebolístico realizado no domingo passado, levando-se em consideração que o adversário Flamengo F.C. de Varginha, até então invicto no campeonato sul-mineiro de futebol, apresentou-se com elementos de valor, principalmente na sua linha atacante, que, em constantes arremetidas, deu muito trabalho à defesa do "Águas" e susto aos torcedores locais.
De parabéns, pois, a diretoria e jogadores do Águas F.C., e avante até a vitória final, quando serão consagrados campeões sul-mineiros de futebol.
PRIMEIRO CAMPEONATO DO ÁGUAS VIRTUOSAS
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Ilustração: Escudo do Águas Virtuosas, baseado no escudo e nas cores do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro
Este post sobre o Águas Virtuosas Futebol Clube inicia a Série A.V. Futebol Clube, cujo índice vai ao pé desta página.
Lá está também o link da Série Futebol no Sul de Minas.
Pequena História do Águas Virtuosas Futebol Clube - A.V.F.C.
Nesta série ÁGUAS VIRTUOSAS FUTEBOL CLUBE pretende-se contar uma pequena história do clube que leva o nome primitivo da cidade: sua fundação, seus diretores, seus times, seus títulos, seus craques.
E assim também fotos, escalações e principais jogadores dos times amadores dos primeiros anos, do time profissional dos anos 1960 e dos times das décadas de 1970/80, nos quais atuaram atletas conhecidos do futebol brasileiro.
E publicaremos entrevistas e comentários sobre os grandes nomes do nosso futebol: Quinzinho, Crisóstomo, Pinelinho, Hélio, Alemão, Chá, Guinho, Zezé Gregatti, Betinho, Walmando, Pulga, Tinz, Tatá, Celinho, os irmãos Barletta, Xepinha, Tucci, Gabriel, Jorge André, Ricardinho, Márcio, Flavinho, Heitor, Joãozinho, entre outros.
E mostraremos também um pouco dos grandes adversários do AVFC: Flamengo de Varginha, Fabril de Labras, TAC de Três Pontas. E ainda: Conceição do Rio Verde, Itanhandu, São Lourenço, Caxambu, Cruzília, Minduri, Maria da Fé, Baependi, Itamonte, Carmo de Minas e tantos outros.
E faremos resenhas dos grandes jogos e amistosos do AVFC, das pré-temporadas dos times do América, do Vasco, do Botafogo, do Olaria e da Seleção Brasileira de 1966.
E aqui virão também referências e fotos de outros times da cidade, como o Vasquinho, o GRABI, o Veteranos do Águas, os times dos campeonatos internos: Santa Quitéria, Capelinha, Nova Baden, Vila Nova, Galo Branco e outros mais. E também assim jogos, amigos e lembranças dos times das cidades circunvizinhas de Cambuquira, Jesuânia, Heliodora e Olímpio Noronha.
E, claro, minhas próprias lembranças de jogador do Águas, do Vasquinho e do GRABI, desde o Juvenil, nos anos 1960, passando pelos times dos anos 1970 e o Veteranos dos anos 1980/90.
Guima, de Aguinhas, e também do glorioso AVFC
Abaixo, alguns momentos meus no futebol de Lambari, de 1970 a 1994.
Pela ordem:
A seguir, estão links para os posts desta série.
Confira.
SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO ÁGUAS VIRTUOSAS F.C.
Veja aqui notícias sobre o futebol do Sul de Minas: Esporte, de São Lourenço, Ubiratan, de Carmo de Minas, times de Caxambu, Varginha, Seleção Brasileira de 1954, etc.
(*) Se você, caro(a) visitante, tiver notícias, informações, casos e fotos dessa época, entre em contato conosco neste e-mail: historiasdeaguinhas@gmail.com
MAIS FUTEBOL NO SITE GUIMAGUINHAS
(**) V. também aqui no site GUIMAGUINHAS estes textos sobre futebol em Lambari:
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=4179693
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=4180824
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36370
http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=36379
https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5653796
https://guimaguinhas.prosaeverso.net/blog.php?idb=38113
https://guimaguinhas.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=4180824#user-gir
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Ilustração: Capa do livro Menino Poeta, de Henriqueta Lisboa
Este post sobre a Literatura de Aguinhas inicia a Série Literatura de Aguinhas, cujo índice vai ao pé desta página.
O menino poeta/não sei onde está.
Procuro daqui/procuro de lá./...
Mas onde andará/que ainda não o vi?/
Nas águas de Lambari,/nos reinos do Canadá?
(HENRIQUETA LISBOA. O Menino Poeta)
Nesta série LITERATURA DE AGUINHAS seguirão comentários sobre escritores e poetas nascidos e/ou ligados a Aguinhas.
Entre eles estarão os da família Lisboa: Henriqueta, Alaíde, José Carlos, Ana Elisa Gregori, Edmar Bacha.
Estarão também os da família Rodrigues: José Benedito, Luiz Oswaldo (LOR) e Ernesto.
E aqueles que escreveram sobre a cidade: José Nicolau Mileo, Armindo Martins, João Carrozzo, Paulo Roberto Viola.
Estarão também poetas e autores como: José Machado Sobrinho e Francisco Biaso.
E ainda os muitos que aqui moraram ou elegeram Aguinhas para passar suas estações de águas: Américo Werneck, Coelho Netto, Vital Brazil, Vargas Neto, Padre Antônio Lemos Barbosa, Ivan Lins, Gustavo Barroso, Basílio de Magalhães.
E assim também autores/obras que se referem à cidade de Aguinhas, tais como: Questão Minas X Werneck, de Rui Barbosa; Uma vilegiatura em Lambari, de C. Garden; O velho que acordou menino, de Rubem Alves; O caminho dos homens, de Fernando de Castro, cuja história se passa em Lambari, nos anos 1940/50; Memórias do quase ontem, de Octavio Meira.
E outros autores e livros, velhos e novos, que certamente irão surgir, quer do fundo da memória, quer das trilhas do futuro.
Guima, de Aguinhas
Série Literatura de Aguinhas
Um pouco mais sobre literatura
Veja também estes posts:
No livro MENINO-SERELEPE eu relembro meu avô Zé Batista, a quem chamávamos de Pai Véio (pai mais velho), que foi carreiro, falando sobre a carpintaria de um carro de boi.
Confira:
Margarida preparava o óleo de mamona para untar os chumaços e fazer o carro cantar.
Carro de bois - Quadro de Eurico Aguiar
Mas era na explicação da carpintaria de um carro de bois que o Pai Véio deitava ciência, porque nessa matéria ele tinha sido doutor.
— Num carro meu só entrava madeira escolhida: óleo vermelho (também chamado de cabreúva, bálsamo, pau óleo ou óleo pardo), jacarandá, pereira, sucupira, aroeira, timbó, pitanga. Todas cortadas na minguante, um ano secando na tora pra depois serrar.
Para cada peça do carro um tipo de madeira, tudo encavilhado ou malhetado, sem nenhuma peça de metal.
Pro cabeçalho, óleo vermelho ou jacarandá.
Pra chaveia, timbó, pau que não quebra; distorce, mas não racha.
Pra canga, pereira ou óleo vermelho.
Pro espigão, pereira.
Pra cheda, cajarana ou pereira.
Pro cocão, aroeira, pau vermelho ou pereira.
Pro eixo, óleo pardo ou sucupira.
Pra roda, jacarandá ou óleo vermelho.
Pros fueiros, pitanga.
Pros canzis, laranjeira ou goiabeira.
E o velho carreiro versava bonito, orgulhoso da sua lida, saudoso da sua arte.
(E somente belíssimos nomes na seleção dos melhores bois carreiros do Pai Véio: Castelo e Bonito na guia; Sete de ouros e Alegre, pé de guia; Coração e Bem-Feito no coice; Marinheiro e Almirante, pé de coice.)
Conheça mais sobre o carro de bois
Veja:
Anos 1906/08 - Carro de bois transportando água mineral do Parque das Águas de Lambari para a estação férrea
Um lembrança de antigos carreiros de Águas Virtuosas e um caso verídico sobre a perigosa descida de um carro de bois pela Sete Voltas, antigo caminho existente na Serra das Águas, nos anos 1930...
(*) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, uma ficção baseada em fatos reais da vida do autor, numa cidadezinha do interior de Minas Gerais, nos anos 1960.
O livro é de autoria de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a série MEMÓRIAS DE ÁGUINHAS. Veja acima o tópico Livros à Venda.
Original [do livro Menino-Serelepe] já pronto e eis que Pai Véio me aparece como num sonho, pois precisa muito conversar comigo, diz.
— Puxa, seo Zé Batista, faz um tempinho, hem! Trinta anos? Por aí, num é?
— Deus te abençoe, meu neto. Faz tempo pro cê, mas eu ando sempre que posso aí por perto dos familiares.
— Sei disso, Pai Véio. Mas o que o senhor quer mesmo?
— Enfim, cê vai cumprir a promessa, num é? O livrinho já ‘tá no ponto, tô vendo.
— É... trabalheira danada! Vou mandar imprimir e distribuir pra família, como imagino que o senhor quer que eu faça.
— Muito bem. E o resto?
— Ah, Pai Véio, os outros eu vou ficar devendo, pois pensei que me aposentaria cedo e não vou mais. O governo mudou as regras pra pior, acho que tão logo não me aposento. Não vou ter tempo, que este Menino-Serelepe já me ocupou e consumiu cada folguinha que tive nesses dois anos.
— Ara, larga de preguiça e continua a me escrever o resto que planejamos e que ocê prometeu escrever.
— Eu não prometi nada, o senhor é que me fez prometer e inventou até um plano. É diferente. Ora, o contador de histórias, de causos, sempre foi o senhor e não eu.
— Contar sabia, com a vida difícil não tive oportunidade de aprender a escrever. Isso eu só sabia pro gasto.
— Uai! E eu nem sei contar as histórias nem escrevê-las. Sou de outra nação de contador, lembra? Me mande analisar um balanço, escrever um parecer, calcular um custo, dar uma aula de contabilidade. Isso eu sei fazer. Isso tudo é técnico. Literatura é diferente.
— E quem diz que tamo fazendo literatura? Eu já não te orientei sobre isso? Não deixei lá no baú uns escritos? Cê deve ter entendido bem, pois botou no princípio do livro as regras que te passei.
— Tudo bem. São suas regras, mas não sei se nem aquilo eu fiz direito.
— Eu gostei, é o que importa. A famiagem vai gostar também, ocê vai ver. É a vida deles, impossível que não fiquem felizes. Quem ia se lembrar deles? Quem ia escrever sobre eles? Isso é a gente mesmo é que tem que fazer. Eu tenho visto os seus invisíveis por aqui: seu pai, seus tios, tias, as avós, todos atarefados, correndo atrás, corrigindo as faltas, preocupados com a parentada aí na Terra. Mas vão bem e tão sempre querendo saber a quantas anda o livrinho…
— É sempre bom saber que eles estão bem e que acompanham os nossos passos aqui embaixo.
— É isso mesmo. Bem, tá feito o primeiro livro, o resto cê me faz dispois. Mas tem uma coisinha que tá faltando.
— O que mais você ainda quer, meu velho?
— Falta uns comentário, uma apresentação, falta isso aí no livro.
— Que é isso, Pai Véio? Crítica? Pois se nem lançamos o livro? Aliás, nem vamos lançar, isso é pra circular no âmbito da família. Não foi isso que combinamos? Sendo assim, não vai haver crítica nenhuma e nem apresentação é preciso.
— É um capricho de avô, meu fio, que gostaria de ver o livro comentado.
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(*) Este texto consta do Pós-escrito ao livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães assina a série HISTÓRIAS DE AGUINHAS. V. acima o tópico Livros à Venda.